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Soure mostra otimismo com desenvolvimento de acesso ao município

Em entrevista exclusiva concedida à reportagem de O LIBERAL, o prefeito Guto Gouvêa comentou sobre a estrutura de acesso à localidade e a implantação de um aeroporto local, prevista para até junho deste ano

Fabyo Cruz

Chegar a Soure, no Arquipélago do Marajó, no Pará, pode custar tempo e ser uma viagem cansativa para alguns turistas, entretanto, a duração do deslocamento, por exemplo, da capital Belém para o município marajoara já reduziu muito em relação há 10 anos. O turismo é a principal economia da localidade, por conta disso, facilitar a entrada de visitantes na urbe é umas das principais demandas da população. Em entrevista exclusiva concedida à reportagem de O LIBERAL, o prefeito Guto Gouvêa comentou sobre a estrutura de acesso à localidade e a implantação de um aeroporto local, prevista para até junho deste ano.

Soure é uma das cidades mais atrativas do território do paraense quando o assunto é turismo. Suas praias paradisíacas, a presença marcante de búfalos e seu rico artesanato encantam visitantes Brasil afora. O trajeto para o município é feito por transportes hidroviários. As lanchas que operam na localidade reduziram o tempo de percurso das balsas e embarcações tradicionais, fazendo que seja mais rápida a chegada até o seu destino, podendo ser realizado em duas horas.

O novo Terminal Hidroviário de Soure, inaugurado no dia 11 de janeiro deste ano, era uma das demandas da população que foi atendida e tem muito o que favorecer a entrada de visitantes à cidade. Na ocasião, o governador Helder Barbalho disse que a estrutura “ impulsiona o turismo e fortalece a economia do município, já que essa região tem os rios como suas ruas”. E destacou que na região há “muitos pescadores e pescadoras que dependem de um terminal para chegar ou sair, ou escoar a produção”.

Aeroporto de Soure

Apesar dos avanços conquistados nos últimos anos, para muitos habitantes de Soure, a criação de um aeroporto na cidade ainda é fundamental. A obra é uma das principais bandeiras levantadas pela associação Pró-Marajó. Naldinho Barros, presidente da entidade, afirma que uma linha aérea Guiana Francesa-Marajó facilitará não só o acesso da região ultramarina da França a Soure, como também fomentar a economia do município.

“Essa etapa do hidroviário está concluída, as nossas atenções da associação Pró-Marajó se voltam para a construção do aeroporto, porque nós acreditamos que não só a porta do hidroviário deve ser aberta, como também do aéreo, para que nós possamos estar fazendo esse intercâmbio do Marajó com o Brasil, e até mesmo com o exterior. Sabemos que a Guiana Francesa fica aqui ao nosso lado, e querem nos visitar. Uma linha Guiana Francesa-Marajó, traria não só turista, como também mercadoria para fomentar o mercado, para gerar emprego e gerar renda. É isso que nós queremos para a nossa cidade”, disse Naldinho Barros.

Soure já possui um aeródromo, com cerca de 34 metros de largura e 1.100 metros de comprimento, dimensões aproximadas à pista do Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, que mais recebe aeronaves no Brasil. No entanto, o campo de aviação ainda precisa ser certificado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). À reportagem, o prefeito Guto Gouvêa disse que a autenticação do aeroporto local deve ocorrer até junho deste ano, fazendo com que o local possa operar voos comerciais. Uma das metas da gestão é fazer com que o município torne-se cidade-apoio à COP 30, que ocorrerá em 2025, na capital paraense. Para isso, a cidade necessita do certificado da Anac.

“Nós queremos conquistar uma linha direta de avião para nossa capital. E um dos nossos objetivos para o ano que vem é o sonho de também ser uma cidade de apoio a COP 30, uma vez que nós temos uma capital [Belém] onde, talvez, não suporte a quantidade de pessoas que vêm visitá-la. E a nossa capital vai precisar de cidades de apoio, como Salinas, que está muito mais distante do que Soure da nossa capital. Já temos uma infraestrutura de aeroporto muito boa, então, nós queremos trazer esse turista também para que Soure seja uma das cidades de apoio”, afirmou Guto Gouvêa.

Responsável pela administração do aeroporto, a prefeitura contratou uma empresa especializada para calcular os ajustes necessários à certificação da Anac, conforme informou Gouvêa. “Nós temos uma excelente infraestrutura de aeroporto e estamos passando pelo processo de legalização. O aeroporto passou para o estado e voltou para o município, e precisa passar por uma obra de contenção, a principal é um muro ao entorno dele. Já estamos nessa tratativa e acreditamos que até junho deste ano o aeroporto já esteja certificado pela Anac”, prevê o prefeito de Soure.

Ponte entre Salvaterra e Soure

Outra necessidade comentada pela população de Soure à reportagem é a construção de uma ponte que liga a cidade a outro município marajoara: Salvaterra. A apreciação também é defendida pela associação Pró-Marajó. Para Naldinho Barros, a estrutura sobre o rio Paracauari será importante para o turismo por interligar Soure aos demais municípios da região do Arari, fazendo com que o fluxo de visitantes seja facilitado, gerando emprego e renda para as cidades envolvidas nessa integração. 

“Uma vez a ponte instalada aqui, integrando essas cidades, vai ficar muito mais fácil você desenvolver um produto para vender para o turista que chega na nossa cidade, por exemplo, poderemos ter pacotes de turismo Soure-Salvaterra. E, com essa balsa, cria um certo isolamento por conta dos custos, pois você tem que ter o carro, a passagem da balsa, então fica um pouco mais dificultoso. Mas com a ponte não, o turismo vai mais longe”, afirmou o presidente da Pró-Marajó.

De acordo com o prefeito Guto Gouvêa, ainda não há tratativas da prefeitura com os governos estadual e federal para a criação da estrutura sobre o rio Paracauari.  “Uma ponte ali deve custar aproximadamente o custo da Alça Viária por ser um rio fundo e largo. A parte mais estreita deve pegar uns 40 ou cinquenta metros. Paracauari, na língua Tupi, significa ‘rio profundo’ por ser muito fundo (...) Aqui seria o início de uma mega obra, que ligaria Belém a Macapá, daí já teria estrada para Guiana, e seria o nosso grande sonho, um sonho que acho que ainda vou ver em vida, que é ligar Belém por estrada até o Caribe”, comentou.

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