Risco de trombose é maior em grávidas
Anvisa - Vacina da AstraZeneca não será mais aplicada em grávidas
Recentemente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendou que a Covishield, a vacina da AstraZeneca/Fiocruz contra a Covid-19, não seja mais aplicada em gestantes. A decisão ocorreu depois da morte por acidente vascular cerebral de uma grávida que recebeu a dose. A morte é investigada e ainda não foi confirmada se a causa do óbito está relacionada ao imunizante.
No entanto, pode ter relação com a vacina, uma vez que já foi associada à formação de coágulos sanguíneos em mulheres em idade fértil na Europa. Especialistas afirmam que esses quadros de trombose são muito raros e dependem do país em questão. Ocorre um caso a cada 250 mil ou 500 mil vacinados.
Logo após recomendação da Anvisa, do Ministério da Saúde, no último dia 11, a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) confirmou, no Pará, a suspensão imediata do uso da vacina AstraZeneca/Fiocruz para grávidas e puérperas. A orientação permanece enquanto a Sespa aguarda orientação do MS.
Por mês, cerca de 3.500 pacientes são atendidos na Maternidade da Fundação Santa Casa de Misericórdia, em Belém, capital paraense, onde são registrados pelo menos dois ou três casos de gestantes com trombose.
A médica obstetra Marília Gabriela da Luz, responsável pela gerência de Obstetrícia da explica que a trombose na gravidez surge quando se forma um coágulo de sangue que obstrui uma veia ou artéria, impedindo que o sangue passe através deste local. “As grávidas possuem maior risco de desenvolver uma trombose que a população geral”, destaca a médica.
A trombose é uma doença grave, que pode causar embolia pulmonar na mãe caso o coágulo se desloque até os pulmões, gerando sintomas como falta de ar, tosse com sangue ou dor no peito. O tipo de trombose mais comum na gravidez é a Trombose Venosa Profunda (TVP), que ocorre nas pernas.
As causas ocorrem não somente pelas mudanças hormonais da gravidez, mas também devido à compressão do útero na região pélvica, que dificulta a circulação de sangue nas pernas.
Cuidados
A professora, esteticista e massoterapeuta Erineia Lima, 34 anos, está com 29 semanas e 5 dias de grávida do filho, um menino, o Lázaro Mateus. Ela conta que devido ter ocorrido na família dela quadro de hemofilia nos homens, sentiu preocupação em ser portadora da doença e adquirir trombose durante a gravidez.
“Porém, após exame específico e consulta com hematologista, foi confirmado que ela não possuía deficiência no fator. Foi um alívio, porque sei que a trombose é um risco para as grávidas”, afirma a futura mamãe.
Covid-19 é fator de risco para grávidas
Ainda segundo a obstetra Marília Gabriela da Luz, as grávidas com covid-19 têm um risco maior de evoluir a óbito que a população geral. Por isso, ela frisa a importância da vacinação contra o novo coronavírus (Síndrome Respiratória Aguda Grave - Sars-Cov-2).
“A vacina AstraZeneca/Fiocruz foi contraindicada em grávidas e puérperas devido estar associada a casos de trombose e pela gravidez já ser um fator de risco à trombose. E a covid-19 na gestação vem sendo associada a maior risco de prematuridade também. Então, a vacinação contra a covid-19 é muito importante em grávidas e puérperas devido serem do grupo de risco”, enfatiza a médica.
Ainda assim, em Belém, na última quarta-feira (12), quando ocorreu a convocação para a vacinação à primeira dose das grávidas e puérperas, até 45 dias após o parto (1ª chamada), a partir de 18 anos de idade, independente de comorbidade, apenas 2.056 delas compareceram.
Naquele dia, a expectativa da Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), era vacinar 10 mil mulheres grávidas e puérperas na cidade com imunizantes da Pfizer, produzida pela farmacêutica norte-americana Pfizer, em parceria com a empresa alemã BioNTech. Agora, elas devem aguardar a segunda chamada pela Sesma. A previsão é que ela aconteça nas próximas duas semanas. Tudo vai depender da chegada de mais vacinas.
Como evitar a trombose na gravidez
A obstetra Marília Gabriela da Luz explica que a trombose pode ser evitada, principalmente, com atividade física regular. “E para alguns casos com uso de medicamentos (reservado apenas aos casos de alto risco de trombose como pacientes como trombofilia e antecedente pessoal de trombose)”, esclarece Marília da Luz.
“A orientação da minha médica foi especificamente realizar uma alimentação saudável, de acordo com o mês de gestação, fazer caminhadas leves, realizar os exames de hemograma de forma regular. E, como o sistema circulatório fica bastante sobrecarregado durante a gestação, faço drenagem linfática (com autorização médica claro). Isso também me auxilia bastante a reduzir as chances de trombose”, afirma Erineia Lima, que já se vacinou, em Belém, com a primeira dose da Pfizer contra a covid-19 e diz estar feliz e sentindo-se super bem com a gravidez.
Alguns cuidados para evitar a trombose na gravidez são:
- Utilizar meias de compressão desde o início da gestação, para facilitar a circulação sanguínea;
- Fazer exercício físico leve regular, como caminhadas ou natação, para melhorar a circulação do sangue;
- Evitar ficar mais de 8 horas deitadas ou mais de 1 hora sentada;
- Não cruzar as pernas, pois dificulta a circulação de sangue nas pernas;
- Ter uma alimentação saudável, pobre em gordura e rica em fibras e água;
- Evitar fumar ou conviver com pessoas que fumam, porque a fumaça do cigarro pode aumentar o risco de trombose.
Fonte: Portal Tua Saúde.