Rapper de Castanhal é destaque na cena musical brasileira
O castanhalense é um dos mais novos artistas do Pará a fazer parte da gravadora Warner Music Brasil e em parceria com o selo paraense Psica Gang
Um jovem sonhador, pé no chão e com muita vontade de vencer na carreira artística que escolheu: a música. Assim é o Weverton Júlio Araújo de Souza, de 20 anos, mais conhecido na cena musical paraense como Kratos. O castanhalense é um dos mais novos artistas do Pará a fazer parte da gravadora Warner Music Brasil, em parceria com o selo paraense Psica Gang.
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O rap é o estilo de música que define o artista que foi na contramão de todas as influências sonoras, principalmente da região nordeste paraense como o forró, arrocha, tecnobrega e outras na mesma vibe. “Eu nunca tive essas influências porque desde criança escuto rap, rock, funk, porém o forró e outras músicas nunca me influenciaram, mesmo sendo o que mais se escuta em Castanhal. Mas essa cena musical acaba limitando os shows e apresentações. O mercado mesmo fica mais voltado para Belém onde consigo ter uma agenda de shows porque lá tem tecnobrega, mas também tem rap, funk e todos os estilos”, disse Kratos.
O artista começou a carreira em 2018 nas batalhas de MCs que aconteciam todas as terças à noite na praça do Cristo Redentor. Na época, Kratos estava com 16 anos e era muito tímido. “Eu ia de bicicleta do Milagre (bairro onde mora) para lá e foi assim que eu perdi a minha timidez. Nessa época eu tinha pensado em usar o nome Young Black (jovem negro), mas não pegou. Foi então que pensei em Kratos, que é um personagem de um jogo e significa ‘deus da guerra’”, contou o artista.
Quatro anos depois o jovem tímido deu lugar a um artista que atualmente reúne mais de 30 músicas lançadas, um EP com cinco faixas que foi lançado em 2021, o “Tinha Que Ser Preto”, e que já acumula milhares de visualizações nas plataformas digitais, como o Spotify, e no canal do Youtube do artista. Um dos trabalhos mais novos é o clipe da música “Sem apego”.
A versatilidade e o apreço por batidas pesadas são características do rapper. “Em todas as minhas músicas, eu tento deixar uma mensagem de superação e de prosperidade. E quero ao mesmo tempo mostrar para o público minha versatilidade como artista e poder falar de amor também, mas nunca deixando de lado minha essência e do meu papel como artista preto, nortista e morador da periferia, que é o bairro do Milagre”, contou Kratos.
Jogador de futebol, rapper e professor de educação física
“Antes de tudo eu queria ser jogador de futebol. Fui com o time J9 de Santa Izabel para Minas Gerais e não deu certo. Tentei três vezes e desisti. Nessa época eu já estava fazendo o convênio (terceiro ano) e percebia que todos os colegas já sabiam o que queriam fazer e eu comecei a pensar o que era que eu queria”, contou Kratos.
Foi então que escolheu o curso de educação física. “Eu já gostava de musculação e seria também uma oportunidade de adaptar o curso ao futebol porque eu poderia ser um treinador, mas eu fiz o Enem e não passei”, contou o jovem artista.
Mas Kratos não desistiu. Começou a trabalhar na padaria da tia, onde sua mãe também trabalha, para ajudar a família a pagar a sua faculdade. “Entrei com o meu irmão na faculdade e ajudamos a minha mãe a pagar os estudos. Mas educação física é meu plano B porque sempre é bom o cara ter uma formação. Meu plano principal mesmo é a música”, disse.
Para a família, Julinho
“O Julinho foi sempre cheio de arte desde pequeno. Ele quebrava as coisas”, contou Luz Araújo de Souza, mãe do artista.
A dona Luz é uma das maiores apoiadoras e incentivadoras do filho, a quem ela chama carinhosamente de Julinho. Os olhos de mãe brilham quando ela fala da admiração e orgulho que tem do filho. Julinho é o filho do meio. O mais velho é Welington Júnior, de 27 anos e a caçula é Manoela Cristina, de 11 anos.
“Eu sempre trabalhei muito. Já trabalhei em casa de família e desde que o meu mais velho nasceu que eu estou no ramo da padaria. E as pessoas sempre falavam para eu ter cuidado com eles porque eu passava muito tempo fora de casa e eles ficavam sozinhos e podiam ‘não prestar’, mas graças a Deus eles nunca me deram trabalho ou desviaram do caminho”, disse a mãe do Julinho.
O diálogo sempre foi a base do relacionamento entre mãe e filhos. Dona Luz conta que sempre está atenta às necessidades dos filhos e não permite que eles esmoreçam. “Eu sou aquela mãe que cobra. Quando chego em casa à noite pergunto o que está acontecendo com eles, se estiver algum amigo em casa pergunto quem é. A gente ora, conversa e até briga. Quando estão de baixo astral eu digo para não deixar entrar a depressão e estou sempre incentivando”, contou.
A parceria entre o selo Psica Gang e Warner Music Brasil
O grupo de artistas da Psica Gang passou a integrar o elenco da Warner Music Brasil. Na prática, a multinacional vai distribuir os lançamentos dos artistas nortistas nas plataformas de música como Spotify e Deezer. Com a influência de uma gravadora de nível nacional e internacional, os artistas possuem mais probabilidades de surgir em playlists dos aplicativos.