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Projeto capacita pessoas em situação de vulnerabilidade para o mercado de trabalho em Santarém

Em Santarém, oeste do Pará, essa crise foi vivenciada em vários setores econômicos, no entanto, em meio às dificuldades, duas pessoas viram a oportunidade de ajudar quem necessitava

Ândria Almeida

Em meio às restrições sociais causadas no início da pandemia, muitas pessoas passaram por uma crise financeira. Em Santarém, oeste do Pará, essa crise foi vivenciada em vários setores econômicos, no entanto, em meio às dificuldades, duas pessoas viram a oportunidade de ajudar quem necessitava, ao iniciar um projeto com foco no empreendedorismo social. A ONG eco ambiental intitulada “Arte sem Fronteiras” foi criada em 2020 para beneficiar pessoas em situação de vulnerabilidade social.

A instituição sem fins lucrativos deu tão certo que já capacitou mais de 100 pessoas, para direcioná-las ao mercado de trabalho. Além disso, muitas famílias receberam cestas básicas desde que o projeto começou.

Odoilson Dias, conhecido como Maratá, é um dos idealizadores da ONG, ele é artista plástico circense e sentiu na pele a crise provocada pelo fechamento do setor cultural no início da pandemia.

“Como eu trabalho na área da arte e cultura, foi o primeiro espaço que fechou. Então foi bem complicado na época, quando tudo estava fechado. Nessa época conheci minha parceira chamada Chile, e a ideia do projeto nasceu”, contou.

Em meio às necessidades enfrentadas por Odoilson e a empatia por pessoas que estavam na mesma situação, o “Arte sem Fronteiras” teve o pontapé inicial. Na ocasião, ele e a amiga Shirley Paixão, idealizadores do projeto, produziam pinturas em telas para vender com o propósito de arrecadar dinheiro para doar cestas básicas para quem estava passando por dificuldades.

Sem recursos para fazer mais pelo próximo, mas com mesmo sentimento de solidariedade, eles fizeram também distribuição de mais de 1500 mudas de árvores frutíferas e nativas para uma área de ocupação bastante extensa da cidade, conhecido como bairro do Juá.

No ano de 2021, com ajuda de parceiros, o projeto passou a ofertar cursos profissionalizantes e inclusão social no mercado de trabalho para jovens, adolescentes, mulheres e adultos.

“A gente viu que na pandemia foi uma necessidade, onde a gente poderia achar uma forma de ajudar as pessoas. No início não tínhamos recursos para fazer mais do que distribuir cestas básicas e mudas de plantas, mas já estávamos felizes em poder contribuir com quem precisava. Em 2021 passamos a oferecer os cursos na área do gesso acartonado, forro de gesso e o gesso 3 D, foi quando a gente juntou um número de pessoas para trabalhar”, contou Maratá.

Os cursos de atividades com gessos renderam bons frutos e o projeto alugou um espaço onde montou uma pequena fábrica de produção, que possibilitou a venda dos produtos produzidos pelos associados. O espaço ganhou o nome de “Unidas Gesso 3D”, administrada pelo projeto social. No momento, a fábrica está em processo de reformulação e deve mudar de local por conta do aluguel que acabou ficando pesado, relataram os líderes da ONG.

Empoderamento feminino

Um dos objetivos do projeto é trabalhar o empoderamento feminino, haja vista que grande parte dos participantes que foram capacitados para trabalhar com gesso, é de mulheres, em sua maioria, mães solteiras que agarraram a oportunidade para ter uma profissão.

Segundo Maratá, a participação desse público se dá porque uma grande parcela das mulheres precisa assumir a responsabilidade de ser mãe e pai.

A organização social trabalha ainda com questões ambientais. “Hoje, essas profissionais capacitadas estão no mercado de trabalho, desenvolvendo sua própria atividade e sobrevivendo com isso”, destacou Maratá.

O recrutamento de pessoas não envolve custos, o trabalho é todo executado por voluntários.

Parceria para capacitação na área de turismo

No mês de novembro, o projeto recebeu uma nova perspectiva de capacitação para os participantes, através de uma parceria com a Secretaria de Turismo do município.

“A gente pretende associar o turismo dentro do nosso projeto, para desenvolver uma outra atividade que envolve a questão ambiental. Na capacitação serão abordados temas para tornar a visita guiada dos turistas uma experiência interessante”, enfatizou o coordenador.

Essa modalidade de curso teve um custo para os participantes, diferente de todos os cursos ofertados pela Ong, até o momento.

O projeto acontece sob a liderança de 11 pessoas, que doam seu tempo para ajudar o próximo e transformar vidas por meio do empreendedorismo social.

Sonho realizado

Uma das pessoas que mudou de vida com o “Arte sem Fronteiras” foi a Shirley Paixão que sempre sonhou em ser artista plástica, mas a vida levou a jovem a trilhar outros caminhos. Mãe de quatro filhos, ela passou de dona de casa e auxiliar de serviços gerais a artista plástica e profissional em produção de gessos, após iniciar o projeto junto do amigo.

Shirley conta que desenvolveu o encanto pela pintura ainda na infância, mas não teve condições financeiras de investir no ramo.

“Mas nunca perdi a esperança de conseguir. Em 2020 conheci o Maratá, ficamos amigos e sonhamos juntos com o projeto. Foi o início de tudo, da vontade de dar algo pelas pessoas e possibilitar a realização de sonhos. Nunca imaginei que eu aprenderia a pintar telas assim, de maneira tão casual. O Maratá compartilhou todo o conhecimento dele e realizou meu sonho”, finalizou.

Os trabalhos da Ong podem ser acompanhados através do perfil no Instagram @santarena_asf. Interessados em colaborar ou obter mais informações, falar como o coordenador do ASF pelo telefone (93) 99127-9561 - Odoilson.

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