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Pretinhos do Mangue: em Curuçá, foliões se preparam para o Carnaval

Antes do desfile, estão vão para o porto Pretinhos do Mangue para pegar a fantasia - a lama retirada do mangue

Dilson Pimentel

Foliões começaram a se preparar, na tarde deste domingo (19), para, logo mais, participar do Carnaval em Curuçá, no nordeste do Pará e distante aproximadamente 140 km de Belém.

Antes do desfile, os foliões vão para o porto Pretinhos do Mangue e, ao som de muito carimbó, pegam sua fantasia ecológica - a lama retirada do mangue, que eles passam pelo corpo. Como dizem os brincantes: é o abadá mais barato que existe, pois é retirado direto da natureza. Não causa danos ao meio ambiente e nem à saúde das pessoas.

É uma forma de chamar a atenção para a importância de se preservar o meio ambiente.

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O “Pretinho do Mangue” vai levar para o corredor da folia o “Carro da Ostra”, uma homenagem ao Cultivo de Ostras, muito forte no município, na Vila de Lauro Sodré. O carro sempre traz uma musa que sai de dentro de uma ostra  de dois metros, valorizando a beleza da mulher curuçaense.

Há também o tradicional Carro Abre-Alas, com um caranguejo medindo quatro 4 metros de comprimento e um 1  metro de altura, realizando movimentos em todo seu conjunto em no entorno, com garças e guarás, que simbolizam o cenário do mangue O caranguejo é o mascote do bloco. 

.Além do Carro da Barraca do Avoado, que apresenta a culinária local (peixe assado, caranguejo, turu, camarão e, como novidade, a ostra).

Servidor público participa do bloco há mais de 20 anos

Paulo Fernando Rocha, 65, é servidor público, mora em Belém e participa do Carnaval há mais de 20 anos. Estava acompanhado da filha, Glenda Rocha. Ambos com lama em todo o corpo. Menos nos olhos.

Paulo também levava caranguejos como parte da fantasia. Ele disse que já sabe onde pegar a melhor lama no mangue. Destacou que, além de ser diversão garantida, o Carnaval de Curuçá sempre chama a atenção para questões sociais e ambientais.
A autônoma Sueny Renata completou 38 anos de idade no sábado. "Vim participar desse Carnaval maravilhoso", disse. Sueny participa do desfile há mais de 20 anos. Por causa da pandemia, havia dois anos que não ia para o Carnaval de Curuçá. "A lama é boa. Não incomoda", afirmou. Ela estava com lama no corpo todo. "Se não tiver tudo pintado não tem graça", afirmou.

O motorista Marivaldo Lima, 46 anos, participou do desfile pela segunda vez. “Mas é a primeira vez que me sujo", disse. Também morando em Belém, estava com o filho Arthur, de 10 anos, que participou pela primeira vez e quer voltar novamente. Marivaldo disse que a lama não o incomodou. 

O “Pretinhos do Mangue” surgiu de uma brincadeira em 1989, numa terça-feira  de Carnaval, quando os amigos Everaldo Campos e Sebastião resolveram ir ao mangue pegar  alguns caranguejos para tira-gosto. Eles observaram a escassez do crustáceo e resolveram  protestar, desfilando, no corredor da folia, lambuzados por inteiro de tijuco, que é a lama existente nos manguezais. 

Mas foi sob a coordenação de Edmilson Campos, o “Cafá”, em 2000, que o bloco passou a chamar  a atenção da mídia por sua originalidade e por apresentar, em seus desfiles, um forte apelo ecológico,  valorizando a cultura oriunda dos manguezais.

Em 2010, o bloco foi declarado Patrimônio Cultural  do Estado do Pará e Patrimônio Cultural do Município de Curuçá. E, desde então, tem impulsionado o carnaval da cidade, elevando-o ao patamar de 3º melhor do Estado do Pará. 

 

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