Praça da Matriz é ícone e ponto de encontro da cidade de Castanhal há mais de 40 anos
União de duas outras praças, o lugar conta um pouco da história de Castanhal, que chega aos 91 anos
Você sabia que a praça da Matriz de São José é a união de duas praças?
Ela é composta pelas antigas praça da Bandeira, construída na frente do Colégio Estadual Cônego Luiz Leitão, na década de 60, com o largo da matriz. Em 2006, após uma reforma as praças passaram a ser apenas uma. A praça é um dos pontos turísticos mais queridos e visitados de Castanhal, que no dia 28 de janeiro completa 91 anos de fundação.
A praça da Matriz de São José, fica localizada no centro do município e está sempre movimentada a qualquer hora do dia. É o ponto de encontro dos estudantes do Cônego que ficam no local conversando após a aula, pessoas cortando o caminho para chegar mais rápido na rua de traz ou simplesmente pessoas que escolhem um banco da praça para sentar e admirar o corre corre da vida.
O escritor e presidente da Academia Castanhalense de Letras, Hugo Luiz de Souza, lembra com muita saudade dos tempos de menino quando brincava na praça, na época do arraial de São José, que acontece no mês de março. “Eu frequentava a praça quando menino e brincava de bater figurinhas. Tenho fotos dessa época também que mostram uns balanços que eram montados durante o arraial e só não sei se eles brinquedos no formato de barquinhas eram do meu pai e do meu tio que vendiam esses brinquedos. Tenho um carinho muito especial por esta praça”, contou o escritor.
As memórias de Hugo Luiz de Souza estão em seu livro “Castanhal e suas raízes - Outras histórias”. A obra também conta um pouco da história da praça da Matriz de São José com relatos de outros escritores e moradores antigos do município. “Entre as muitas histórias esquecidas no tempo, acontecidas nas praças da bandeira e no largo do São José, tem o relato do Sr. Manoel Brito. Ele nos conta que no final da década de 60 existiu um senhor apelidado de Tutinha e que era o balãozeiro da praça. Era uma pessoa calada e muito admirada pelas crianças por causas de seus balões coloridos. Quem frequentou o lugar na década de 60 o conheceu”, relatou.
A praça da Matriz de São José sempre vai ser um lugar especial para a dona Valda Porpino, de 60 anos. A ex-aluna do tradicional colégio Cônego Leitão conheceu seu falecido esposo, Francisco Porpino, em um dos bancos da praça. “Eu tinha saído do colégio e sentei no banco para esperar a minha tia ir me buscar e vi aquele lindo rapaz caminhando pela praça e vindo em minha direção. Ele se sentou ao meu lado e perguntou meu nome. E nessa hora minha tia chegou. No outro dia no mesmo horário ele estava lá e começamos a trocar olhares até uma semana depois já estávamos namorando e cinco anos depois nos casamos na igreja de São José. Então sem dívidas nenhuma a praça da Matriz é o meu lugar preferido em Castanhal”, relatou.
Sobre o padroeiro de Castanhal
A devoção a São José chegou a Castanhal com os imigrantes nordestinos que vieram para o município por volta do ano de 1900, para trabalhar na construção da ferrovia Belém – Bragança. A partir desta influência o carinho e devoção por São José só cresceu entre os castanhalenses.
No dia 29 de junho de 1904, sob a orientação do Cônego Leitão (um sacerdote cearense), iniciou-se a construção da primeira igreja de Castanhal, que seria dedicada ao santo. E em 19 de março de 1911 foi criada a paróquia de São José e por isso nesta data os católicos de castanhal fazem homenagem ao padroeiro do município.
De acordo com o escritor Hugo Souza, a construção da igreja e do grupo escolar no mesmo local foi ideia do sacerdote que brigou por suas ideias e levou até o governador Paes de Carvalho. “O Cônego Luiz Leitão foi um sacerdote que chegou aqui antes de 1900. Veio do Ceará para o Pará e ficou primeiro em Belém, mas quando veio para Castanhal revolucionou com suas ideias. Ele brigou com políticos do município e foi embora. Ele teve uma discussão com o coronel Leal porque tinha a intenção de construir a escola e a igreja juntas e o coronel que mandava em tudo não concordava. Então ele foi embora de Castanhal, que na época era ainda uma vila e voltou por volta de 1902, mas não desistiu e levou a sua ideia ao governador Paes de Carvalho, que acatou o pedido. Então por causa da teimosia do Cônego Leitão, que depois se envolveu na política, é que temos essas duas belíssimas construções”, contou.