Pesquisadores desenvolvem técnica de plantio de mudas para restauração florestal
Cerca de 45 mil mudas foram manejadas durante a execução do estudo e replantadas. Até o momento, 80 hectares – o equivalente a 112 campos de futebol - já foram restaurados
Um projeto de pesquisa realizado pela Universidade Federal do Pará (UFPA), em parceria com a Norte Energia, desenvolveu técnicas para aperfeiçoar a coletas de sementes, a produção de mudas e a realização dos plantios de diversas espécies, para ajudar na restauração de áreas da região amazônica. A contribuição envolve mudas de camucamuzeiro, que é do fruto camu-camu, que inicia a floração entre 2 a 3 anos após o plantio.
A proposta do projeto é realizar restaurações ecológicas de áreas de floresta, envolvendo produção sustentável e recursos alternativos para o enriquecimento nutricional da fauna, além do cultivo comercial, que é direcionado às comunidades da região. O trabalho aliou o conhecimento dos ribeirinhos em sua execução e aconteceu em 12 regiões ao longo da Volta Grande do Xingu, no Pará.
Até o momento, 80 hectares - o que equivale a 112 campos de futebol - foram restaurados com os plantios. Cerca de 45 mil mudas, de aproximadamente 35 espécies nativas da região amazônica foram manejadas durante a execução do estudo e replantadas. Parte das mudas foi doada para a UFPA e também encaminhadas às comunidades locais envolvidas no projeto. A Secretaria de Meio Ambiente de Vitória do Xingu também recebeu mudas para ações de plantio na região.
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“Com o envolvimento de pessoas das comunidades, foi possível mapear árvores adultas utilizadas como matrizes, desenvolver uma rede de coletores de sementes, e produzir mudas que foram utilizadas para estudar diferentes métodos de restauração. Além disso, a interação dos pesquisadores com as comunidades garantiu cenário de diálogos sobe a importância de áreas de floresta para a alimentação dos animais, bem como a possibilidade de atividade econômica sustentável”, avalia Roberto Silva, Gerente de Meios Físico e Biótico da Norte Energia.
O projeto ocorreu há 30 meses e foram coletadas uma tonelada de sementes, de diversas espécies, pela região que ocorria a execução do programa. Ao todo, 16 pesquisadores fazem parte da iniciativa de pesquisa e desenvolvimento (P&D). Um morador da comunidade Kaituká, Marloson Lima, atuou como auxiliar técnico ao longo do estudo. “Meu entendimento era o de um ribeirinho. Hoje, eu consigo enxergar de forma diferente com o aprendizado que recebi. Estamos entrando em um ciclo de preservação, porque o mundo está pedindo e a gente tem que se habituar a isso para deixarmos um legado para nossos filhos e netos”, resumiu.
“Em qualquer parte do mundo a pesquisa é um norteador de conhecimento, mas também de tecnologia. Quando unimos projetos de ciência e tecnologia e podemos contribuir para a capacitação de moradores da comunidade local, além de resultados técnicos, também conseguimos gerar o que a comunidade precisa a curto prazo. O projeto permitiu formar capital humano e atender as necessidades das comunidades”, concluiu o professor Emil José Hernandez, doutor e coordenador do curso de Biologia da UFPA.