MENU

BUSCA

Pesquisa indica eficácia de plantas da Amazônia para tratar picadas de serpentes venenosas

O projeto é desenvolvido na Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa)

Redação Integrada

Uma pesquisa desenvolvida na Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) investiga a eficácia do uso de plantas amazônicas no tratamento de picadas de serpente. O projeto envolve diversos pesquisadores que, a partir de um levantamento etnobotânico feito nas comunidades de Cucurunã, São Pedro e Alter do Chão, em Santarém, no Oeste do Pará, elencaram as espécies vegetais mais utilizadas pela população para tratar os efeitos de picadas de serpentes peçonhentas.

O artigo divulgado na revista Toxicon avaliou o potencial antiofídico da Philodendron megalophyllum, popularmente conhecida como Cipó de Tracuá, no tratamento de picadas de jararaca (Bothrops atrox), espécie de serpente responsável por mais de 95% dos acidentes na área do município de Santarém.

O envenenamento por este tipo de cobra causa reações locais como edema, dor, hemorragia, necrose e mionecrose (um tipo grave de gangrena, com necrose do músculo). Dependendo da gravidade, o acidente pode levar também a reações sistêmicas, principalmente problemas de coagulação sanguínea e hemorragia mais severa. Os moradores das comunidades na região de Santarém costumam tomar o chá feito com pedaços do caule do Cipó de Tracuá macerado logo após as picadas.

Os testes realizados in vitro e in vivo, com camundongos, nos laboratórios da Ufopa, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) mostraram que ingerir o chá, forma tradicionalmente adotada pela população local, não é eficaz para reduzir a hemorragia produzida pela picada do animal. No entanto, a ingestão do chá ajudou a bloquear a atividade de bactérias que passam da cavidade oral da serpente para o organismo da pessoa ferida e também se mostrou um bom antioxidante, podendo, após estudos adicionais, ser utilizado no tratamento complementar nas ações locais e infecções secundárias ocasionadas freqüentemente pelos acidentes com serpentes do gênero Bothrops sp.

No Brasil, a maioria dos acidentes com serpentes peçonhentas notificados ao Ministério da Saúde ocorre na região Norte, sendo o Pará o estado com maior número de casos. Dentre os municípios paraenses, Santarém tem o maior número de notificações, com uma média de 300 acidentes por ano.

O tratamento preconizado pelo Ministério da Saúde é a aplicação de soro antiofídico. Mas esse tipo de acidente ocorre com maior frequência na zona rural e o deslocamento até a área urbana para nem sempre é fácil ou rápido. “Muitas vezes os pacientes demoram até conseguir receber o tratamento específico. Isso pode levar ao aumento do número de complicações nos casos”, explica a pesquisadora, Valéria Mourão de Moura. É aí que entram as plantas medicinais, de fácil e rápida obtenção. “As plantas são usadas como coadjuvantes à soroterapia ou como medicamento alternativo aplicado na falta de recursos soroterápicos”, destaca.

 

Pará