MENU

BUSCA

Peixes-bois: desde o início de 2025, seis filhotes da espécie foram resgatados de avião no Pará

O peixe-boi é a espécie de mamífero aquático mais ameaçada de extinção desde 1989

*Ayla Ferreira

Desde o início de 2025, no Pará, cerca de seis filhotes de peixe-boi já foram resgatados de avião, no Oeste do estado, e transportados para Belém, onde recebem tratamento especializado, com exames exames clínicos, alimentação controlada e adaptação ao ambiente natural para garantir a saúde dos animais antes da reintrodução na natureza. 


Na última terça-feira (1º), uma filhote de peixe-boi-da-amazônia (Trichechus inunguis), foi encontrada por ribeirinhos no município de Juruti, no Baixo Amazonas, e transportada até Belém por autoridades responsáveis em uma aeronave. A modalidade de transporte permite que os animais tenham mais chances de sobreviver durante o deslocamento. 

Nos últimos dias, outros dois filhotes também foram resgatados em situações semelhantes. A primeira, batizada de Maria, foi encontrada sozinha na Comunidade Castanhal, no Lago Sapucuá, no município de Oriximiná, no dia oito de março, sem a mãe. A segunda filhote, Coral, foi encontrada por pescadores em Óbidos.

“Além do papel que fazemos na Segurança Pública, isso reafirma o compromisso da unidade na preservação do meio ambiente e biodiversidade do Pará. O transporte de filhotes de peixe-boi em aeronaves é essencial para garantir o menor tempo de deslocamento e a sobrevivência deles”, afirmou o diretor do Grupamento Aéreo de Segurança Pública (Graesp), coronel Armando Gonçalves. 

O Graesp é vinculado à Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) e atua na logística de deslocamento entre a capital e as demais cidades do Pará, em razão da extensão territorial. Foi responsável pelo transporte aéreo dos animais.

Espécie vulnerável

Segundo a presidente do Instituto Bicho D’Água, Renata Emin, o aumento das ocorrências no Oeste do estado pode ter relação com o maior índice de caça. “Ao que tudo indica, são filhotes órfãos devido às suas mães terem sido caçadas. Não temos como afirmar isso, mas os peixes-bois não tem predadores naturais. E conhecendo o histórico de caça na região, essa é sempre a nossa hipótese”, diz. 

Com mais de 2 metros de comprimento e cerca de 450 kg quilos durante a vida adulta, o peixe-boi é o maior mamífero de água doce do Brasil. No país é onde ocorrem duas das quatro espécies do mamífero pertencente à ordem Sirenia, sendo eles o peixe-boi-marinho e o peixe-boi-da-amazônia. A espécie é listada como “vulnerável à extinção” pela União Internacional para Conservação da Natureza e é a espécie de mamífero aquático mais ameaçada de extinção, definida como “em perigo crítico” pelo MMA desde o ano de 1989.

Veja mais

Gato-mourisco, ameaçado de extinção, é visto ‘passeando’ no sudoeste do Pará
Em rara aparição, o felino foi flagrado por câmeras de monitoramento em uma área de preservação na cidade de Vitória do Xingu

Colômbia envia seu último chimpanzé em cativeiro para santuário no Brasil
Animal parte em busca de companhia após perder parceiros e histórico de maus tratos

'Animal mais feio do mundo' é eleito peixe do ano na Nova Zelândia
Peixe-relógio ficou em segundo lugar

De acordo com o Plano de Ação Nacional para Conservação dos Sirênios, do ICMBio, desde a época da colonização do Brasil, as espécies sofrem com a pressão da caça, um dos fatores de risco para a extinção. Além disso, a espécie também é ameaçada pela captura incidental em redes de emalhe, e sofre com a degradação da zona costeira e o aumento de atividades antrópicas, como turismo e pesca. 

Cuidados

A filhote resgatada em Juruti foi batizada de ‘Fernanda’, em homenagem às atrizes Fernanda Torres e Fernanda Montenegro, filha e mãe, respectivamente. Para o resgate do animal, ribeirinhos acionaram a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), que prestou os primeiros cuidados e auxiliou na transferência do animal, cujo destino final o Centro de Reabilitação de Fauna Aquática do Instituto Bicho D’Água, em parceria com a Universidade Federal do Pará (UFPA), campus Castanhal. 

A operação de transporte também contou com o apoio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). A equipe de resgate é composta por um médico veterinário e um assistente, e se desloca por via aérea na aeronave do GRAESP. “Eles resgatam o filhote e fazemos o voo de retorno. Chegando em Belém, uma viatura do IBAMA leva a equipe e o filhote até Castanhal, onde ele é inserido no Programa de Conservação de Peixe-Boi”, explica Renata.

No local, o filhote é estabilizado e passa por avaliações clínicas e exames de rotina, para instaurar um protocolo para os primeiros cuidados. Depois da estabilização, o animal segue no programa de reabilitação, onde é acompanhado periodicamente para avaliação de saúde e de desenvolvimento.

“Após dois anos iniciamos o desmame e o processo para que ele seja encaminhado para a última fase da reabilitação, que é a aclimatação para soltura. Depois disso, apresentando boa saúde e desenvolvimento adequado, ele é então um candidato à soltura” finaliza a presidente.

Recomendações

Ao avistar animais silvestres em risco, o IBAMA e o Instituto Bicho D’água ressaltam que é fundamental acionar as autoridades ambientais para garantir um atendimento adequado e seguro. 

Instituto Bicho D’Água - (91) 98226- 5005.

*Ayla Ferreira, estagiária de Jornalismo, sob supervisão de Fabiana Batista, coordenadora do Núcleo de Atualidade de oliberal.com

Pará