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Pará registra quase 2,5 mil denúncias de violência de gênero pelo ligue 180 em 2024

Ao todo, no ano passado, foram mais de 750 mil atendimentos realizados por todos esses canais, de acordo com o Ministério da Mulher

O Liberal

O Pará registrou 2.478 denúncias por meio da Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180 com relatos de casos de violência de gênero, como apontam dados do Ministério da Mulher. O canal recebe ligações, mensagens de WhatsApp e e-mails. Ao todo, no ano passado, foram mais de 750 mil atendimentos realizados por todos esses canais, em todo o Brasil. E ainda, foi registrado um total de 691.444 ligações recebidas pelo canal em 2024, número 21,6% maior do que o registrado no ano anterior.

Em 2024, a maioria das denúncias pelo canal do Governo Federal foi feita pela própria vítima, cerca de 83,6 mil. Na sequência, um terceiro, que pode ser um vizinho, um amigo ou um parente, tomou a iniciativa em 48.316 casos. Até mesmo o agressor ligou para comunicar um episódio de violência. Foram 156 registros feitos por eles mesmos, à Central, no ano passado.

Confiança

Para a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, o aumento significativo no número de atendimentos realizados pelo canal reflete a maior confiança da população brasileira, em especial das mulheres. Segundo ela, o Ligue 180 vem recebendo uma série de melhorias desde o ano de 2023. 

“Temos investido na capacitação das profissionais que realizam o atendimento e o acolhimento das mulheres, tanto para a informação sobre direitos e serviços da rede, como para o correto tratamento e encaminhamento das denúncias aos órgãos competentes, aumentando a confiança no canal. Além disso, temos intensificado as campanhas para ampliar a divulgação da Central, inclusive o atendimento no WhatsApp”, explica a ministra.

Segundo os dados divulgados pelo Ministério das Mulheres, na lista de violações relatadas ao Ligue 180, a maioria se refere, justamente, à violência psicológica (101.007), seguida pela física (78.651); patrimonial (19.095); sexual (10.203), violência moral (9.180) e cárcere privado (3.027). Importante reforçar que, de acordo com a metodologia utilizada pela Central, uma denúncia pode conter mais de um tipo de violação de direitos das mulheres.

A maioria delas acontece há mais de um ano (32.591) e 18.798 indicam que iniciaram há um mês. O relatório do Ligue 180 ainda apontou que 46,4% das denúncias mostram que as vítimas eram agredidas diariamente, o que evidencia a persistência do fenômeno da violência contra as mulheres. Isso quer dizer que, quase na metade dos casos, não se trata de um episódio isolado.

Perfil da vítima

Segundo as profissionais do Ligue 180, é um sofrimento que atinge mulheres de todas as cores e classes sociais. A maioria das denunciantes de 2024 se declararam negras (52,8%), em um total de mais de 69 mil casos. As brancas somam 48.747 denúncias, seguidas pelas amarelas (779) e pelas indígenas (620). Uma realidade que tem como cenário, em mais de 53 mil casos, um espaço que deveria ser sinônimo de conforto e de proteção: a residência da vítima. Na casa onde vivem juntos a vítima e o suspeito ocorreram, no ano passado, 43.097 das denúncias e no endereço do suspeito, mais de 7 mil.

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Na Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180, do Ministério das Mulheres, as cerca de 280 atendentes – todas mulheres – que se revezam 24 horas, todos os dias da semana, para manter o serviço ininterrupto, são orientadas a acolher todos os depoimentos. O endereço é mantido em sigilo para garantir a integridade de toda a equipe que lida com situações que envolvem risco e violência.

“As profissionais recebem uma capacitação contínua. Todas as atendentes recebem capacitação semanalmente, com diversas temáticas, desde legislação, tipos de violência, rede de apoio, rede de atendimento, serviço especializado e condução de ligação: quais são as melhores técnicas de atendimento para o tipo de pessoa que está te ligando? Elas também recebem apoio psicológico”, explica Juliana Costa, coordenadora de back office.

Atendimento

As atendentes da Central são preparadas para seguir um roteiro com todas as informações do que configura uma violência, quais as determinações jurídicas de amparos a essas vítimas, e, ao final, apresentam a proposta de registrar uma denúncia. Mas a decisão final é única e exclusivamente desejo da vítima. Todas as informações são anônimas, inclusive a de terceiros. Após isso, os órgãos competentes dos estados, como secretarias de Segurança Pública, da Mulher, Delegacia da Mulher e Ministério Público são notificados para darem encaminhamento ao caso.

E ainda, oferecerem os serviços de acolhimento do Estado, disponíveis para essas mulheres. Muitas das vítimas desistem só de ouvirem a palavra “denúncia”. “Essa mulher, muitas vezes, só quer conversar, só quer falar sobre o que está acontecendo. Ela só quer saber para onde pode ir e quando tudo isso vai acabar. Às vezes, ela se assusta quando escuta a palavra denúncia, e aí é preciso encorajá-la”, acrescenta Juliana. A decisão final cabe somente a quem sofre os maus-tratos. 

Pará