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Pará registra mais de 5 mil internações por doenças do aparelho circulatório em 2024

Dados fornecidos pela Sespa-PA chamam atenção no Mês de Conscientização sobre Doenças Cardiovasculares

O Liberal

​Entre janeiro e julho deste ano, o Pará registrou 5.745 internações relacionadas a doenças do aparelho circulatório, de acordo com dados da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). Destas, a insuficiência cardíaca foi a principal causa, com 3.041 internações. Quando comparado ao ano de 2023, em que foram contabilizadas 9.960 internações por doenças cardiovasculares, o número mostra uma redução de aproximadamente 42%. No entanto, em 2023, três mil dessas internações foram causadas por infarto agudo do miocárdio. Até agosto de 2024, o estado já registrou 255 mortes decorrentes dessas enfermidades, contra 383 óbitos no ano anterior.

Esses números chamam atenção no Mês de Conscientização sobre Doenças Cardiovasculares, que ocorre em setembro, conforme determina a Lei 14.747 de 2023. A legislação prevê uma campanha informativa dividida por semanas, alertando sobre doenças como cardiopatia isquêmica, cardiopatia congênita, doenças da aorta e das válvulas cardíacas. O objetivo é conscientizar a população sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce dessas condições. Além disso, a lei estabelece que locais públicos devem ser iluminados de vermelho durante o mês para reforçar a mensagem de cuidado com o coração.

A recente morte do consultor de etiqueta e apresentador de TV Fábio Luciano Moura Arruda, de 54 anos, trouxe ainda mais atenção ao tema. Fábio foi encontrado morto em sua casa, no Jardim Paulista, Zona Oeste de São Paulo, no sábado, 7 de setembro. Na semana anterior, ele havia compartilhado em suas redes sociais que exames de rotina detectaram a obstrução de uma artéria, onde placas de gordura estavam acumuladas, comprometendo o fluxo sanguíneo. Devido à gravidade, Fábio passou por um cateterismo de urgência no dia 4 de setembro, um procedimento invasivo para avaliar a extensão da obstrução, que chegou a 90%. Apesar da intervenção, ele não resistiu.

Aumento dos fatores de risco

O cardiologista Antônio Monteiro, ao comentar o caso, destacou o aumento dos fatores de risco para doenças cardiovasculares. “Esses riscos vêm crescendo devido às mudanças no estilo de vida, como sedentarismo, alimentação rica em gorduras saturadas, tabagismo e estresse crônico. Também há o aumento da prevalência de condições como obesidade, hipertensão arterial, diabetes e dislipidemia (níveis alterados de colesterol). Além disso, o uso de anabolizantes e drogas ilícitas, como a cocaína, tem agravado o cenário. Além disso, o envelhecimento populacional agrava o quadro, uma vez que as doenças cardiovasculares se tornam mais frequentes com o avanço da idade. A urbanização acelerada e o aumento do acesso a alimentos ultraprocessados têm sido um desafio global”, explicou o especialista.

Prevenção

Monteiro reforçou que a prevenção é a melhor forma de evitar complicações graves. “A prevenção das doenças cardiovasculares depende de uma abordagem multifatorial, que envolve a adoção de hábitos de vida saudáveis. Isso inclui a prática regular de atividade física, uma alimentação balanceada com ênfase em frutas, vegetais, grãos integrais e gorduras saudáveis, além da redução do consumo de sal, açúcar e alimentos processados. Controlar o peso corporal, monitorar regularmente a pressão arterial, o colesterol e a glicemia são medidas fundamentais. Evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool também desempenham um papel importante. Em casos específicos, pode ser necessário o uso de medicação para controle da pressão arterial ou dos níveis de colesterol, sempre com acompanhamento médico”, recomendou.

No caso específico do entupimento de artérias, o cardiologista explicou o processo e as consequências. “A aterosclerose ocorre quando placas de gordura e colesterol se acumulam nas paredes internas das artérias, comprometendo o fluxo sanguíneo. Quando esse bloqueio atinge um nível crítico, pode resultar em condições graves, como infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral (AVC). O diagnóstico precoce é essencial, pois permite intervenções que podem frear ou até reverter a progressão da doença. Exames como ecocardiograma, teste ergométrico, angiotomografia e o próprio cateterismo são fundamentais para identificar o problema antes que ele evolua para algo mais sério”, esclareceu Monteiro.

Para evitar o acúmulo de placas de gordura nas artérias, Monteiro reforçou a importância do controle dos fatores de risco. “Manter uma dieta equilibrada e pobre em gorduras saturadas, praticar exercícios regularmente, e controlar doenças crônicas como hipertensão e diabetes são pilares fundamentais. Além disso, o uso de medicações, como estatinas, pode ser necessário para controlar o colesterol em pacientes com maior risco cardiovascular. Parar de fumar e reduzir o consumo de álcool também são medidas preventivas importantes. O acompanhamento com o médico cardiologista periodicamente, com a realização de exames para monitorar a saúde cardiovascular, é essencial para a detecção precoce de possíveis complicações”, finalizou o cardiologista.

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