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Pará comemora 201 anos de Adesão à Independência

Adesão do Grão-Pará à Independência do Brasil tem reflexos até hoje na sociedade paraense

Vito Gemaque

O Estado do Pará comemora 201 de Adesão à Independência do Brasil nesta quinta-feira (14/08). O feriado estadual serve como um momento para os paraenses lembrarem e refletirem sobre a Adesão da Província do Grão-Pará à Independência no dia 15 de agosto de 1823. A adesão ocorreu após quase um ano do grito de Dom Pedro I no dia 7 de setembro se libertando da coroa portuguesa.

A adesão da Província do Grão-Pará ocorreu somente após pressão interna dos paraenses descontentes com a elite portuguesa, que ainda governava o Pará, e da coroa do recém-formado império brasileiro.

“O processo que leva Adesão do Pará a Independência é fruto de uma greve crise social que se estende desde Caiena, os soldados que são para lá pertencem a um grupo de soldados fundamentais para o abastecimento do Grão-Pará. Esses soldados que eram a população mais pobre esperou uma progressão dentro do exército com a Independência. Isso gerou a insatisfação porque os portugueses não queriam sair do poder”, explica.

Os generais, cardeais e comerciantes todos de origem portuguesa e não queriam que o Pará aderisse à Independência do Brasil. O ato significava perder os privilégios políticos nas relações com Lisboa. Por causa da menor distância de navegação em relação a Portugal, Belém também tinha relações tão estreitas quanto o Rio de Janeiro com a corte europeia.

Em 1823, Dom Pedro I enviou até o Pará o comandante inglês John Grenfell, que desembarcou trazendo aos governantes do Estado um documento afirmando que havia uma esquadra em Salinas, região litorânea do nordeste paraense, a cerca de 200 km de Belém, pronta para bloquear o acesso ao porto da capital, isolando o Pará do resto do Brasil, caso a adesão não fosse aceita.

Sob a pressão interna de soldados, que se intitulavam patrióticos, e o comandante John Grenfell, o documento foi assinado. A ata contendo 107 assinaturas de autoridades da época, concordando com a separação de Portugal, foi assinada no Palácio Lauro Sodré, sede da Colônia Portuguesa do Grão-Pará na época, e encontra-se hoje no Arquivo Público do Estado.

De acordo com Pinho, mesmo com a Adesão a insatisfação dos patriotas paraenses continua, já que eles não aceitam portugueses nos cargos de comando. Esse conflito de interesse vai perdurar por pelo menos mais uma década e meia. Isso também se reflete hoje em uma identidade paraense muito forte, que por vezes é igual ou maior que a identidade nacional.

“Isso revela as contradições do processo histórico. Se no primeiro momento lutamos para fazer parte do Império Brasileiro, hoje não nos enxergamos fazendo parte da República brasileira. É comum que reclamemos da falta de espaço, o que por sua vez gera o fortalecimento da nossa identidade como nortista e paraense”, avalia. “Esse sentimento de pertencimento e não pertencimento faz parte das nossas contradições ainda hoje”, acredita.

O professor recomenda os artigos da professora de História da Universidade Federal do Pará (UFPA) Magda Rici e visita ao Museu Histórico do Pará para quem quiser conhecer mais sobre o assunto.

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