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Pacientes de diálise e outros diagnósticos amargam à espera de leitos de UTI na Região Metropolitana

A deficiência no atendimento é recorrente nas UPAS de Ananindeua e Marituba

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A falta de leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), principalmente para diálise, aliada à falta de estrutura no atendimento e a realização de exames para o diagnóstico das doenças são situações corriqueiras vivenciadas por pacientes e testemunhadas por familiares, parentes e amigos destes nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAS) de Ananindeua e Marituba, na Região Metropolitana de Belém. Esses locais foram alvo nos últimos dias de várias denúncias por parte de familiares de pessoas que vieram à óbito principalmente por falta de leito de UTI com diálise. Ainda hoje há usuários em estado grave de saúde que amargam à espera de um leito nas UPAs citadas.

Depois de 12 dias à espera de um leito de UTI com diálise, o idoso Jacinto Pimentel Barbosa, 79 anos, morreu na UPA da Cidade Nova, em Ananindeua, por volta das 11h30 da última terça-feira (24). A neta de Jacinto, Amanda Pereira, de 33 anos, está indignada com a perda do avô que, mesmo após todas as medidas tomadas pela família no sentido de requerer seu direito a atendimento médico, incluindo o acionamento do Ministério Público do Estado, não resistiu à espera e aos entraves burocráticos que fazem da busca por tratamento no sistema público de saúde uma verdadeira via crucis.

image Não é de hoje que a situação do atendimento ao público nas UPAs da Região Metropolitana é crítica (Reprodução)

“Meu avô deu entrada com quadro de pneumonia e ficou lá em uma mini UTI, porque o local não tem estrutura nem recursos. Lá dentro a gente fica numa angústia imensa porque não consegue informações sobre a situação do paciente. Entram e saem médicos, mas eles não acompanham a situação e nem nos dão retorno sobre os casos atendidos ali. Tínhamos três ações no Ministério Público, que deu ao município um prazo de 48 horas para disponibilizar um leito com UTI", relata.

Ainda segundo Amanda, no dia 20 de setembro o quadro clínico do avô estabilizou e a família conseguiu um leito no Hospital da Ordem Terceira, em Belém. "Mas o médico, que é também diretor lá, não o liberou porque disse que ele necessitava de leito de hemodiálise, porém, não acionou a mudança do leito no sistema, alegando que não teve tempo. Meu avô não aguentou e morreu intoxicado com ureia na última terça-feira por falta de recursos. Vamos entrar na Justiça, algo tem que ser feito, porque cada vez mais pessoas vão morrer por falta de estrutura, de leitos e por negligência médica”, denuncia a neta de seu Jacinto.

image Mesmo diante das três ações ingressadas no Ministério Público, que deu à Prefeitura de Ananindeua um prazo de 48 horas para disponibilizar um leito com UTI, Jacinto Barbosa acabou falecendo na UPA da Cidade Nova. (Leandro Sanches/Ascom PMA)

 

A paciente Maria Jacirene Amador Pantoja, de 64 anos, está em estado grave e, desde o último dia 5, quando deu entrada na UPA de Marituba com glicemia baixa e problema de pressão, a família vem lutando para conseguir um leito de UTI com diálise. “A gente vai lá, pergunta e eles só dizem que ela está cadastrada, mas que não tem leito disponível na rede. Ela teve parada cardíaca e queriam entubá-la, mas a família não deixou, porque não tem estrutura para que ela permaneça nesse estado lá", conta Valéria Pantoja, 27, sobrinha de Maria Jacirene.

Valéria diz que o medo da família é que ela tenha outra parada, porque os batimentos cardíacos estão muito acelerados. "Já corremos para todos os lados, fomos ao Ministério Público no último dia 13, e eles deram prazo de 48 horas para que o Estado e o município encontrassem uma solução”, informou. Cadastrada na Central de Leitos do Sistema Nacional de Regulação (Sisreg), Maria Jacirene Amador Pantoja teve o tão esperando leito liberado finalmente na tarde desta quinta-feira (26).

Drama similar está sendo vivido pela família de Edil Batista Magno, 68 anos. O paciente esteve internado por várias semanas na UPA da Cidade Nova, em Ananindeua. A irmã dele conta que a família encarou uma verdadeira peregrinação entre as UPAS do Icuí e Cidade Nova, onde ele ingressou por último e acabou piorando.

image Milhares de famílias que dispõem apenas do sistema público de saúde enfrentam diariamente uma via crucis para garantir atendimento (Igor Mota/ O Liberal)

 

 

Ela conta que o médico da UPA orientou que tirassem o irmão de lá e o levassem para o Pronto Socorro da 14 de Março, no Umarizal, em Belém. Por conta da falta de estrutura na UPA e diante do desespero da família, eles finalmente conseguiram atendimento no PSM Mário Pinotti, o que prolongou um pouco a vida de Edil. Mas a doença já havia se agravado e ele não resistiu. A família acredita que se os médicos das UPAS por onde ele passou tivessem diagnosticado corretamente o problema meses antes, ele ainda poderia estar vivo.

Outro caso também envolve Rosa do Carmo. Ela chegou com sintomas de Acidente Vascular Cerebral (AVC) na UPA do Distrito Industrial, em Ananindeua, na noite da última quarta-feira (25), mas teve o atendimento negado por falta de estrutura. A Redação Integrada de O Liberal entrou em contato e aguarda manifestação das prefeituras de Ananindeua e Marituba, bem como da Secretaria de Estado de Saúde (Sespa).

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