Ophir Loyola realiza primeira radiocirurgia estereotáxica pelo SUS no Pará
Procedimento pioneiro, sem cortes, renova a esperança de pacientes com tumores cerebrais e marca avanço no tratamento oncológico no estado
O vigia Edvaldo dos Prazeres, de 49 anos, foi o primeiro paciente submetido à radiocirurgia estereotáxica no Centro de Radioterapia do Hospital Ophir Loyola (HOL), nesta quinta-feira (17). A técnica, minimamente invasiva, permite a aplicação de uma dose única e precisa de radiação, sem necessidade de cortes, reacendendo a esperança do mojuense, que já havia passado por quatro cirurgias para tratar um meningioma atípico — um tumor cerebral benigno com recorrência após remoções anteriores.
O procedimento foi realizado em um dos aceleradores lineares Halcyon™️ – Varian, adquiridos pelo Governo do Estado no ano passado. Considerados os mais modernos em termos de precisão, velocidade e qualidade para radioterapia, os equipamentos consolidam o HOL como referência no tratamento oncológico na região Norte.
“Primeiramente, entrego tudo nas mãos de Deus e, depois, nas mãos dos médicos. Vai dar tudo certo, tenho fé nisso”, disse Edvaldo, confiante. “Recebi todas as orientações da equipe médica e sei como o procedimento foi realizado. Estou bem animado. Mesmo sendo o primeiro a passar por isso, me sinto seguro.” Após a intervenção terapêutica, ele retornou para casa no mesmo dia.
A radiocirurgia dispensa a craniotomia (cirurgia com abertura do crânio) e permite que o paciente tenha alta no mesmo dia, com pouco ou nenhum efeito colateral significativo. O tratamento pode ser feito em uma, três ou até cinco sessões, dependendo da dosagem e do tamanho da lesão. Durante o procedimento, o paciente é imobilizado com uma máscara, enquanto a radiação de alta potência é aplicada diretamente na lesão, com alta precisão. A recuperação costuma ser rápida e o impacto sobre a rotina do paciente é mínimo.
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Avanço nos atendimentos
Desde março deste ano, quando o Centro de Radioterapia do HOL recebeu a licença de operação da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), quase 200 pacientes já concluíram seus tratamentos. A autorização, concedida pela autarquia vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), permitiu que, apenas duas horas após a liberação, o serviço já estivesse em funcionamento.
De acordo com o médico radioterapeuta Cláudio Reis, o hospital registrou aumento expressivo na produtividade. “Entre os dias 17 de março e 16 de abril, cerca de 200 pacientes concluíram a radioterapia externa e outros 220 iniciaram seus tratamentos. Também realizamos aproximadamente 160 inserções mensais de braquiterapia, que correspondem a cerca de 50 pacientes tratados por mês, já que cada tratamento envolve de três a quatro sessões”, afirmou.
Segundo ele, a expectativa é de que esse número aumente ainda mais. Atualmente, apenas um dos aceleradores lineares funciona em tempo integral. O segundo opera em meio período. “Com a contratação de novos profissionais e a ampliação dos turnos, estimamos alcançar 240 pacientes por mês em teleterapia, além dos atendidos pela braquiterapia, totalizando cerca de 300 procedimentos mensais”, informou.
Reis também ressaltou que o crescimento do serviço não é apenas numérico, mas também técnico. “O avanço não é só na quantidade, mas na complexidade dos tratamentos. Estamos lidando com casos mais desafiadores, utilizando técnicas avançadas como IMRT, IGRT, RapidArc e VMAT, que exigem um alto nível técnico de toda a equipe — médicos, físicos e técnicos”, disse.
“É um crescimento muito expressivo que nos coloca entre os maiores serviços do Brasil. Poucas instituições atingem esse volume de atendimentos, como o Inca, o A.C. Camargo, o Hospital de Câncer de Barretos e o Hospital de Fortaleza. É, sem dúvida, um grande motivo de orgulho para todos nós”, concluiu.