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No Pará, quase 5 casos de golpe do amor são registrados por mês

Em um ano, o número de casos registrados pela Polícia Civil do Pará aumentaram mais de 18%

O Liberal

Os casos de ‘estelionato sentimental’, em que o estelionatário se utiliza do relacionamento afetivo para fraudar e obter vantagens financeiras, cresceu cerca de 18,37% no Pará no período de um ano. Conforme a Polícia Civil, em 2022, foram registradas 49 ocorrências do crime, conhecido como ‘golpe do Amor’. Já em 2023, o número de boletins de denúncia chegou a 58, uma média de quase cinco casos por mês. A jornalista Jerfcilene Carvalho, da Grande Belém, relata ter sido vítima do estelionato sentimental e alerta para que outras mulheres não caiam no golpe.

Como uma maneira de prevenção de crimes e golpes, o Tinder, aplicativo de relacionamento, lançou uma ferramenta para aumentar a segurança dos usuários. Pela função ‘Compartilhar Meu Date’, é possível dividir com amigos e familiares informações sobre o local e identificação ao sair com um pretendente.

Ela relata que o homem obteve vantagens financeiras. “Ele insistiu para eu comprar um computador para ele. Me fez aumentar o limite do cartão para fazer a compra. Depois começou a inventar várias histórias para que eu desse dinheiro para ele. Quando eu vi, já tinha mandado mais de 10 mil reais. E então ele sumiu e parou de responder às mensagens. Depois só disse que tínhamos terminado. Aí eu perguntei sobre o dinheiro, quando ele ia devolver. Eu fiz um boletim de ocorrência e descobri que ele também tinha feito um contra mim, dizendo que eu estava o caluniando, que o dinheiro que dei era de serviços de motorista que ele prestou para mim. Ainda passou a me ameaçar, dizendo que ia expor conversas íntimas se eu continuasse com o processo. Mas como eu tinha prints das ameaças, apresentei tudo ao juiz”, detalha Jerfcilene.

Atualmente o processo corre em segredo de justiça e a jornalista conseguiu recuperar todos os valores passados ao suspeito. Ela diz que o caso serviu para que outras mulheres tivessem coragem de também denunciar. "Golpistas não escolhem classe social, nem aparência ou idade. Depois que passei por isso e tive coragem de expor, outras mulheres vieram me procurar relatando casos semelhantes, inclusive um deles com esse mesmo homem que tentou me enganar. É importante que as mulheres denunciem e cobrem respostas, mas muitas têm medo de dizer que foram enganadas por alguém a quem tinha sentimentos. Mas eu sempre falo, ‘denunciem para que outras fiquem alerta'", declara Jerfcilene.

Denunciar

A delegada Gabriela Tostes, titular da Delegacia de Investigação de Crimes Sexuais, da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), orienta como identificar os sinais de um possível estelionato sentimental. “Há duas formas mais comuns desse golpe acontecer. A primeira é quando o criminoso pede para a vítima pagar uma conta para ele e ela acredita que ele vai devolver o dinheiro. A segunda é quando o criminoso tem acesso aos dados bancários da vítima e faz compra a partir deles”, esclarece a delegada.

Segundo Tostes, não se deve confiar em tudo que vê na rede social. “Quando ele (criminoso) evitar dar algum dado que permita uma intimidade maior, é motivo de alerta. Geralmente, os criminosos procuram mulheres com independência financeira ou as que tenham acesso ao dinheiro, interessado somente no lucro. Por isso não se deve fornecer dados bancários”, acrescenta.

A delegada atenta que, assim que a mulher perceber que foi vítima do “Golpe do Amor”, deve procurar a delegacia, inclusive se houver o cometimento de um delito sexual. “Se a vítima for maior de 18 anos, qualquer crime contra a dignidade sexual deve ser investigado por uma delegacia da Mulher. A vítima pode procurar qualquer delegacia, mas o recomendado é que seja uma especializada no atendimento à mulher. O importante é registrar a ocorrência”, finaliza a policial civil.

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