Março Azul-Marinho: Pará registra redução de 11% nos casos de câncer no intestino
Especialista aponta maus hábitos alimentares e sedentarismo como principais causadores da doença
O Pará registrou uma redução de 11,53% nos casos de câncer de intestino entre 2022 e 2023, como apontam dados da Secretaria de Saúde Pública do Pará (Sespa). Em 2022, foram diagnosticados 494 casos da doença e, em 2023, 437 ocorrências. Quanto ao índice de mortalidade, também de acordo com a Sespa, foram registrados 43 óbitos em 2022 e 40 em 2023. Além disso, em 2024, houve 8 óbitos, até o momento. O assunto ganha destaque neste mês de março, na campanha de prevenção ao câncer de intestino, conhecida como Março Azul-Marinho.
Já em Belém, em 2022, foram diagnosticados 369 casos de câncer de intestino e em 2023, 337. Conforme dados do sistema, não há ocorrências até o momento, em 2024. Os dados são do Painel Oncologia Brasil/Datasus. Em todo o Brasil, Instituto Nacional de Câncer (Inca) calcula que ocorram, em média, 40 mil casos de câncer colorretal por ano no país.
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Apesar da redução de casos no Pará, a situação ainda é alarmante e especialistas alertam para os cuidados necessários para o diagnóstico precoce. Entre as causas da doença, médicos apontam que maus hábitos alimentares e sedentarismo estão relacionadas com o desenvolvimento da enfermidade. Luís Eduardo Werneck, médico oncologista e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia, explica que esse é o câncer que mais teve aumento no número de casos nos últimos dez anos.
Maus hábitos e sedentarismo como causadores da doença
Para o médico, o crescimento da doença nos últimos anos está relacionado com os hábitos. Ele destaca que “o câncer é uma doença desta geração”. Afirma que os principais fatores de risco para o desenvolvimento do câncer estão relacionados ao comportamento humano e ao ambiente em que vivemos. “A obesidade tem aumentado significativamente, assim como o consumo de gorduras saturadas. Mesmo em dietas mais saudáveis, no entanto, muitas vezes não temos conhecimento dos elementos e compostos químicos presentes nesses alimentos”, afirma.
"Nós temos também o consumo de alimentos de maneira inadequada e em horários inadequados, tipo jejuns intermitentes, sem acompanhamento médico e outros compostos. A questão da falta de atividade física. O déficit de sono, estresse e ansiedade podem contribuir para esse tipo de câncer”, detalha o médico Luís Eduardo Werneck. A também médica oncologista, Juliana Chaves, completa dizendo que dietas ricas em carne vermelha ou processada e embutidas, podem ser facilitadores para o desenvolvimento da patologia.
A doença em homens e mulheres
Quanto à incidência por gênero, no estado do Pará, em 2023, a maior quantidade de casos foi registrada em pacientes mulheres, com 817 casos, em comparação com os 602 casos registrados em homens. O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia detalha que, em todo o Brasil, esse é o terceiro tipo que mais atinge os homens e o quarto que mais atinge as mulheres. Mas, o especialista detalha que não há uma explicação biológica que determine ‘propensão’ para um dos gêneros, mas garante o que pode ocasionar. “Entre homens e mulheres, não existe uma diferença clara. Mas os homens, geralmente, são mais relaxados com a saúde. Isso impacta no desenvolvimento e, principalmente, no diagnóstico da doença”.
Os primeiros sintomas
Juliana afirma que, geralmente, os sintomas da patologia são inespecíficos, mas destaca quais principais “sinais” que podem despontar como um alerta: “Mudança de hábitos intestinais, anemia, perda de peso, sangramento anal, massa abdominal e dor abdominal persistente podem ser indícios”. Ela ainda recomenda, que, após a primeira suspeita da enfermidade, deve-se procurar um proctologista ou cirurgião oncológico.
Já Luís pontua que é preciso ir além da prevenção e manter uma espécie de “rastreamento”, que ele divide em uma espécie de grupos de risco. “Executar um rastreamento para pessoas que estão em grupos, que vou chamar de grupos de interesse, que são pessoas obesas, que são fumantes, pessoas que não praticam atividade física, que não têm uma dieta adequada. Essas pessoas deveriam fazer o exame de sangue oculto nas fezes ou exame de colonoscopia a cada ano. Ou a cada 2 anos para que, mesmo que se diagnostique o câncer, se diagnostique uma fase mais inicial e, portanto, as chances de cura possam chegar a 100%”, aponta o especialista.
Campanha
O médico também ressalta a importância de campanhas como a do Março Azul para a conscientização da população. “As pessoas têm muito medo de encontrar doenças, mas no caso do câncer, quanto mais cedo encontrar, maiores são as chances de cura. E essas campanhas, oferecem essa informação, nos dão oportunidade de informar as pessoas”, conclui.
Juliana também destaca a campanha é sobre conscientizar a população a ter um estilo de vida mais saudável: “O importantíssimo dessa campanha é uma alimentação saudável e atividade física regular no mínimo três vezes por semana, essa é a forma de se prevenir contra o câncer de cólon”.
Embora não haja exames preventivos específicos para o câncer de intestino, é recomendado manter uma alimentação saudável e realizar consultas regulares com um médico gastroenterologista, conforme o alerta dos especialistas. Para o diagnóstico precoce, estão disponíveis exames como o exame de sangue oculto nas fezes e a colonoscopia.
Referência
No Pará, para o tratamento do câncer de intestino, a Policlínica Metropolitana e o Hospital Abelardo Santos em Belém são centros de referência. Além disso, os pacientes podem buscar atendimento nos hospitais públicos estaduais, como o Hospital Ophir Loyola (HOL), o Hospital Regional Castanhal (HRPC), o Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA) e o Hospital Regional de Tucuruí (HRT).