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Quase 40% dos internados por covid-19 no Pará não estão vacinados

Outra parte dos pacientes internados fez um, duas ou três doses da vacina contra covid-19 e estão com sintomas muito mais amenos

Dilson Pimentel / O Liberal

Até quarta-feira (15), 223 pacientes se encontravam internados com covid-19 na rede hospitalar estadual do Pará. Desse total, 128 pacientes são idosos e apenas 26,6% estão abaixo dos 50 anos. A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) informou, ainda, que 38,8% dos internados não estão vacinados e 40% receberam duas doses da vacina contra a covid-19. Desse universo, 15,5% receberam apenas uma dose. E apenas 5,6% do total de pacientes já recebeu as três doses da vacina contra a covid-19. A Sespa também ressaltou que a maioria dos pacientes que receberam as três doses está internada em leito clínico e em situação de estabilidade.

E o Centro Especializado de Atendimento Covid-19 completou dois meses de funcionamento no dia 2 de dezembro. A unidade, instalada pelo governo do Estado no Hospital Santa Teresinha, em Belém, oferece 80 leitos, sendo 40 clínicos e 40 de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), para receber os pacientes com a doença após a desativação do Hospital de Campanha que funcionou no Hangar - Centro de Convenções. Diretora clínica do Hospital Santa Teresinha, Terezinha Anaissi informou que, atualmente, há 34 pacientes internados na UTI e 20 na enfermaria. A taxa de ocupação  na UTI é 77.5% e, na enfermaria, 42.5%.

Segundo ela, os pacientes de UIT são críticos. Alguns mantêm intubação, outros foram extubados (retirada do tubo usado para a ventilação mecânica) já traqueostomizados, mantendo fisioterapias e respirando por cateter de oxigênio". A traqueostomia é um procedimento cirúrgico que consiste em uma incisão na traqueia. Depois, é inserida uma cânula que gera um canal para passagem de ar.  Os pacientes da enfermaria clínica apresentam desconforto respiratório, porém com boa resolução terapêutica. A maioria (70%) dos pacientes já tomou a  vacina. E 40% deles fez a segunda dose. Os não vacinados são em torno de 25%. “Sim. A vacina tem surtido efeito consideravelmente. Nós observamos que esses pacientes que já fizeram a segunda dose têm saído bem. Devido a algumas comorbidades que apresentam, como sequelas, não só sequelas pulmonares e cardíacas, esses pacientes demoram a sair. Já tivemos casos que já receberam alta da UTI e já estão em casa”, disse a diretora clínica Terezinha Anaissi. Alguns pacientes que já fizeram a segunda dose, e que não são hipertensos, diabéticos, não têm comorbidade pulmonar, como asma, receberam alta da UTI com tempo de permanência em torno de 14, 15 dias e foram para casa. “São pacientes que evoluíram bem, graças a Deus”, afirmou.

Reabertura dos serviços e comportamento explicam casos entre pessoas vacinadas

O médico infectologista Lourival Marsola, disse que o aumento de infecção não grave em pessoas totalmente vacinadas é justamente pela reabertura dos serviços. “Também seria importante avaliar qual é essa variante do coronavírus que está circulando entre nós. Nós sabemos que algumas variantes são mais contagiosas e que elas podem produzir um escape à vacinação – ou seja, causar a doença mesmo em pessoas totalmente vacinadas”, afirmou. O infectologista disse que, desde que foi iniciada, no mundo, a aplicação das vacinas atualmente disponíveis, sempre foi ressaltado que o papel da imunização, neste momento, seria o de evitar as formas críticas e severas da doença. A forma grave, em que os pacientes vão para as unidades de terapia intensiva e precisam respirar por aparelho e nas quais há uma maior mortalidade.

Ele acrescentou: “Muito claramente a gente vê que essas pessoas que adoecem vacinadas, principalmente quando se tem as duas doses ou até mesmo a de reforço, evoluem para uma forma mais leve da doença, menos grave. Algumas até chegar a internar, mas o risco de morrer é reduzido. A importância da gente completar o esquema e fazer a dose de reforço a partir de seis meses é justamente evitar esse adoecimento nas formas graves”, afirmou. Ainda segundo o infectologista Lourival Marsola, a partir do momento em que se abrem serviços, em que se traz de volta algumas atividades que estavam paradas, ou suspensas ou funcionando parcialmente, se aumenta o risco de contágio das pessoas, seja com covid ou até mesmo com outros vírus respiratórios.

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