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Investidores suiços visitam Museu Goeldi em busca de parcerias

O nexBio Amazônia 2024 é uma iniciativa da Swissnex, um programa da Secretaria de Estado de Educação, Pesquisa e Inovação do governo suíço, que visa apoiar soluções tecnológicas sustentáveis

O Liberal

Um grupo de startups, pesquisadores e representantes de órgãos de ensino, financiamento e apoio bilateral suíços esteve no Campus de Pesquisa do Museu Paraense Emílio Goeldi, para participar do nexBio Amazônia 2024, programa criado pelo país europeu para apoiar e financiar soluções tecnológicas sustentáveis na Amazônia. A comitiva, composta de 40 pessoas da Swiss Nex, também visitou o Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) Guamá na segunda-feira (28/7), para conhecer projetos em andamento no complexo e conhecer os laboratórios e startups residentes.

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“Apresentamos em linhas gerais a missão, a visão de futuro e a cadeia de valor, os principais programas e linhas de pesquisa estratégicas para mostrar o que o Museu Goeldi faz. Falamos ainda sobre as coleções e os laboratórios que dão suporte às linhas de pesquisa, em especial nas áreas da bioeconomia e biotecnologia; o trabalho no campo da gestão da inovação e proteção do conhecimento; além do portfólio de produtos e processos inovadores que estão em fase de patenteamento”, explicou o coordenador do NITT e da Redenamor, o pesquisador Amilcar Carvalho Mendes.

Um dos principais desafios mencionados por Mendes é a falta de recursos financeiros, humanos e materiais para a melhor estruturação do ambiente de inovação nas unidades de pesquisa da Amazônia. No entanto, ele considera que o nexBio pode contribuir para acelerar os projetos e chamar a atenção para a importância da ciência no fortalecimento da bioeconomia na região.

“O Museu Goeldi gera inovação tendo como base os ativos da bio, geo e da sociodiversidade amazônica”, resume. Mendes exemplifica esse propósito com a experiência da Iasauatec Amazon, a primeira startup formalizada dentro da instituição. A startup é responsável pela elaboração de tecnossolo ancestral, um biofertilizante baseado no solo mais fértil da Amazônia: a terra preta arqueológica. Este solo é capaz de restaurar a fertilidade de áreas degradadas e aumentar sua produtividade, promovendo benefícios socioambientais.

"Todo produto que é acrescentado na área da agricultura pode ter várias funções, como acelerar o crescimento das plantas ou melhorar a condição do solo. Nosso biofertilizante faz ambas as coisas. Ele melhora as condições do solo e contribui para acelerar o crescimento das plantas," destaca a doutora em Química Analítica e CEO da startup, Milena Moraes.

Com um pedido de patente em curso junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e a marca em processo de registro, Milena Moraes avalia que a startup tem um grande potencial para contribuir com o setor. Ela destaca a importância do apoio do Museu Goeldi, que tem sido fundamental para a consolidação da startup no cenário atual da bioeconomia.

Planta Versátil

Projetos com aplicações de conhecimentos químicos e botânicos também estão em estágio avançado rumo à transferência tecnológica. No Laboratório de Análises Químicas (LAQGOELDI), a tecnologista Cristine Bastos do Amarante conduz estudos com as espécies Montrichardia linifera e Montrichardia arborescens, conhecidas como aninga. Estudos comprovam que esta planta aquática tem propriedades repelentes e antimalárica, além de fibras que podem ser utilizadas como biomateriais sustentáveis, substituindo produtos sintéticos.

“Estamos em fase de testes de validação dos bioprodutos e realizando o depósito das referidas patentes no INPI para proteger nossas inovações. Além disso, estamos iniciando o desenvolvimento de protótipos de novos bioprodutos de aninga, explorando outras aplicabilidades na medicina. Esses novos produtos têm o potencial de contribuir para tratamentos de diversas condições de saúde, expandindo significativamente o impacto de nossas pesquisas”, explica Cristine Amarante.

Óleo Essencial em pó

Outra proposta apresentada na nexBio Amazônia é a de uma microcápsula em pó à base de óleo essencial desenvolvida pela engenheira química Lidiane Diniz do Nascimento. Segundo ela, a característica do produto em pó evita a volatilização e a ação de fatores externos como luz, umidade e oxigênio. O produto final, com propriedades diferenciadas quando comparado ao óleo essencial "bruto", permite sua utilização em aplicações cosméticas e alimentícias.

Lidiane Diniz ressalta a importância de valorizar os saberes dos povos e comunidades tradicionais sobre a floresta e suas culturas do fazer, especialmente no uso medicinal e nutricional das plantas. “Esse conhecimento é uma base valiosa para a pesquisa científica e parcerias entre pesquisadores e comunidades tradicionais precisam ser implementadas, a fim de desenvolvermos uma pesquisa ética e sustentável. Essa é a base para a inovação sustentável, capaz de garantir que os recursos naturais sejam usados com responsabilidade e que os benefícios econômicos, sociais e ambientais sejam equilibrados”, defende a cientista.

A doutora em agronomia e ex-pesquisadora do Programa de Capacitação Institucional (PCI), Monyck Lopes, desenvolveu um projeto para prospectar a microbiota visando promover o desenvolvimento de espécies vegetais, especialmente as florestais, e a geração de um depósito de patentes. Para ela, as oportunidades de parceria favorecem a biodiversidade, conservação e uso sustentável dos recursos naturais a partir do fortalecimento do tripé ciência, inovação e tecnologia.

“O evento foi essencial para unir forças em prol da inovação e desenvolvimento, sobretudo na Amazônia, pois proporciona a interação da Suíça, como país inovador, com a nossa região, solucionando as demandas de gerar bioeconomia, mas conservando a biodiversidade”, ressalta Lopes.

Pará