Icterícia pode provocar paralisia cerebral e óbito em bebês
Sinal de falta de bilirrubina no sangue atinge 60% dos recém nascidos e 80% nos prematuros
Configurada como um sinal de aumento de bilirrubina (substância produzida no metabolismo nas células vermelhas) no sangue e caracterizada pela coloração amarelada na pele e mucosas, a icterícia requer atenção máxima por parte dos pais e profissionais de saúde, a fim de serem evitadas situações de o bebê sofrer paralisia cerebral e mesmo a situação evoluir a óbito. Quem alerta é a pediatra Flávia Paes, vinculada à Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
Dados da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) indicam que 60% dos recém-nascidos e 80% dos prematuros apresentam icterícia nos primeiros dias de vida. “A icterícia tem várias causas que podem sugerir algumas doenças, mas na maioria das vezes, reflete uma adaptação ao período neonatal, ou seja, o organismo do bebê se adaptando fora do corpo da mãe, o que chamamos de icterícia fisiológica”, afirma Flávia Paes.
O acompanhamento pré-natal é fundamental para garantir uma gestação saudável e um parto seguro, além de esclarecer as dúvidas das mães. Com as consultas e exames, é possível identificar problemas como hipertensão, anemia, infecção urinária e outras doenças que podem prejudicar a gravidez e a formação do bebê.
“Um dos maiores riscos da icterícia é a impregnação do sistema nervoso central, podendo levar ao bebê à óbito ou deixar com sequelas neurológicas graves, como paralisia cerebral. O sinal clássico da icterícia é a cor da pele amarelada, que acontece normalmente após as primeiras 48h de vida; por isso, é muito importante a avaliação médica e acompanhamento do pediatra ao recém-nascido. O “combate” é realizado através do diagnóstico precoce, evitando assim a evolução do quadro”, observa a médica.
Flávia Paes orienta que os pais devem prezar por um bom pré- natal, para que os fatores de risco sejam observados ainda no período gestacional. É importante, como frisa, também uma equipe bem treinada na sala de parto, com presença do pediatra e um acompanhamento médico adequado no período neonatal. “Ficar atento aos sinais de icterícia e procurar atendimento médico se alguma alteração for observada”, acrescenta.
Com relação ao tratamento, como informa Flávia Paes, ele pode variar entre observação clínica, em casos mais leves, bem como fototerapia, podendo chegar até a exasanguineotransfusão, em casos extremos. O tratamento hospitalar mais comum é a fototerapia, caracterizada por um banho de luz adequada para reverter a icterícia.
Equipamentos
Uma boa notícia é que a Fundação Santa Casa do Pará está colocando 30 aparelhos de fototerapia para tratamento dos recém-nascidos internados no hospital, que apresentam icterícia, ou seja, com aumento da concentração de bilirrubina no sangue do bebê, resultando em pele, olhos e mucosas maia amareladas. Quinze equipamentos foram distribuídos para o Alojamento Conjunto (Alcon), 10 para a Unidade de Cuidados Intermediários (UCI) e cinco para a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).
Essas crianças são assistidas pela área de neonatologia da Santa Casa. A médica Salma Saraty, gerente da Neonatologia do hospital, destaca que os aparelhos serão utilizados no tratamento da icterícia neonatal. Dessa forma, o aparelho de fototerapia é uma prevenção para o dano cerebral que a icterícia pode causar, como atrasos no desenvolvimento neuromotor da criança.
“Dos bebês que nascem no alojamento conjunto, daqueles que não são prematuros, aqueles bebês que nascem bem, em torno de uns 10%, precisam desse equipamento diariamente para tratar de icterícia no hospital”, diz a médica. Os equipamentos emitem uma luz clara (a luz azul é considerada a mais eficaz) capaz de quebrar o excesso de bilirrubina presente na corrente sanguínea, de forma que ela seja eliminada mais rapidamente pelo organismo. O total de investimentos nas 30 unidades dos equipamentos, com o preço unitário de R$ 5.600,00, é de R$ 168 mil.