Gato-mourisco, ameaçado de extinção, é visto ‘passeando’ no sudoeste do Pará

Um gato-mourisco, ou ‘gato-preto’, como é popularmente conhecido, foi flagrado por câmeras de monitoramento em uma área de preservação na cidade de Vitória do Xingu, no sudoeste do Pará. A rara aparição do animal, considerado em risco de extinção pelo Ministério do Meio Ambiente, aconteceu na tarde de domingo (23/3). O felino foi gravado por volta de 17h, enquanto passeava calmamente pela região, próximo à Usina Hidrelétrica Belo Monte. 

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O acontecimento é considerado raro devido ao felino ser arisco e altamente ameaçado por ações do homem, como desmatamento, queimadas e caça predatória. De acordo com Ana Cristina Mendes, bióloga e professora da Universidade Federal do Pará (UFPA), os animais suportam um certo nível de degradação ambiental pois se alimentam de pequenas presas, como roedores, aves, lagartos e mucuras. “Eles podem até viver em um certo nível de degradação do ambiente nativo, mas sem floresta na Amazônia, eles não vão sobreviver e vão embora”, reforça.

A Área de Preservação Permanente (APP) onde o gato-mourisco foi visto corresponde a 26 mil hectares, equivalente a cerca de 25 mil campos de futebol. Inúmeros animais são avistados diariamente no local. Alguns deles são considerados raros, como a onça-parda, a onça-pintada, a jaguatirica e as ariranhas.

Desde 2012, quando é feito o monitoramento de fauna da área, até o momento, foram registradas 825 espécies, em 24 campanhas de campo para monitorar anfíbios, répteis, aves e mamíferos de médio e grande porte e morcegos.

De acordo com a professora, a aparição do felino em uma área de preservação é um bom sinal, já que problemas como a degradação de habitat nativo e a perda de floresta faz com que eles comecem a aparecer em áreas urbanas, um indicativo negativo relacionado à falta de habitat. “Isso significa que essas reservas que estão sendo mantida e têm capacidade de suporte para essa fauna”.

Gato-mourisco

O gato-mourisco (Herpailurus yagouaroundi) ou gato-preto é um animal de hábitos diurnos, frequentemente confundido com a onça-preta ou o puma. Quando adulto, pode alcançar o dobro do tamanho de um gato doméstico, com 77 centímetros e pesar de 3 a 7 quilos.

“Esses animais são importantes para o ecossistema porque fazem parte da cadeia, se alimentando de animais de pequeno porte. Eles fazem um controle das populações de pequenos vertebrados. É um felino de médio porte, um dos menores, do porte da jaguatirica e do gato maracajá, talvez um pouquinho menor”, explica Ana.

O animal normalmente se alimenta de presas de pequeno porte, como aves, répteis, roedores e pequenos mamíferos. Sua distribuição se estende da Argentina ao México, estando presente em uma variedade de habitats, incluindo as florestas tropicais.