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Fibromialgia: dor intensa pode estar ligada a fatores psicológicos e emocionais; entenda

A cada 10 pacientes, de sete a nove são mulheres, segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia. Fevereiro Roxo é uma campanha para conscientização sobre a doença.

Camila Guimarães / Especial para O Liberal

A fibromialgia é uma das doenças em destaque da campanha Fevereiro Roxo, que também alerta sobre o lúpus e o Alzheimer. No Brasil, a doença atinge 2,5% da população e, segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia, de 70 a 90% dos pacientes são mulheres, entretanto, as causas do fenômeno podem ser mais sociais do que biológicas.

Como explica a reumatologista Izabel Morhy, a fibromialgia é uma doença crônica e sem cura, cujo desenvolvimento está ligado a fatores psicológicos e emocionais: "[a fibromialgia] vai se desenvolvendo progressivamente, com pequenas dores que vão surgindo, que chamamos de dores difusas, porque podem aparecer em qualquer parte do corpo, mas principalmente nos músculos e articulações. Geralmente ela está associada a estresse, depressão e ansiedade".

Não existem estudos que comprovem uma razão específica para que o público feminino seja mais afetado pela doença do que os homens, mas, segundo Izabel, explicações do ponto de vista biológico, como mudanças hormonais e menopausa, não têm relação direta com o fenômeno. Para a reumatologista, o fato de as mulheres vivenciarem uma carga maior de estresse pode ser um fator de risco mais provável:

"A gente vive numa sociedade em que as mulheres ainda são mais sobrecarregadas que os homens, porque temos duplas, triplas jornadas, o que pode ocasionar um maior estresse físico e mental. Com isso, é possível que a mulher desenvolva, com mais facilidade, alguma alteração no sistema de regulação da dor, fazendo com que desencadeie a fibromialgia", explica a especialista.

Sandra Lopes, representante comercial, conta que já convive com a fibromialgia há 5 anos e que, logo no começo, quando foi diagnosticada, também teve depressão, associada à doença. "No início eu sentia muito mais dor do que eu sinto agora, então as limitações impostas pela doença me geraram um quadro de depressão. Como eu sou muito ativa, o fato de sentir muita dor, a ponto de não conseguir levantar uma jarra de suco, me fez sentir muito o impacto".

Impactos da fibromialgia na saúde mental

Considerando casos como os de Sandra, a reumatologista explica que é muito difícil apontar com exatidão o que vem primeiro, quando se trata de fibromialgia e saúde mental: “na verdade essa relação é um ciclo vicioso, porque a dor crônica pode gerar um quadro depressivo, e às vezes é o contrário. O quadro depressivo pode vir se instalando lentamente e a gente não vai se dando conta. Aí o paciente sente uma dor no estômago, uma dor nas costas, dor de cabeça, que já são quadros de ansiedade e depressão, mas que não vem sendo tratados como tal. Em outros casos, descobre-se a fibromialgia”.

Por essa razão, Sandra conta que suas medicações, no começo do tratamento, além de serem voltadas para o alívio da dor, também tinham ação antidepressiva, o que ajudou na diminuição dos sintomas, apesar de eles nunca desaparecerem completamente. “A fibromialgia é uma dor constante, às vezes ela apenas está menor. Eu já me acostumei com a dor, não sei mais o que é não sentir dor”, relata.

Tendo em vista a relação íntima entre fibromialgia e os fatores psicológicos e emocionais, a reumatologista orienta que o paciente busque, um acompanhamento multiprofissional. “Não existe um exame que diagnostique a fibromialgia, então é importante o exame clínico com o reumatologista e a realização de exames para excluir a possibilidade de outras doenças. Se confirmada a fibromialgia, é interessante que o paciente realize não apenas o tratamento medicamentoso, mas pratique atividade física e também seja avaliado por psicólogo, psiquiatra, fisioterapeuta e outros, dependendo do caso”, orienta.

Pará