Fevereiro Laranja: Pará teve 331 casos de leucemia em 2024; veja como buscar atendimento no SUS
Especialista explica sobre o diagnóstico e o tratamento dessa doença
Em 2024, o Pará registrou 331 diagnósticos de leucemia - doença que é o alvo da campanha Fevereiro Laranja, que busca informar a população sobre os sinais de alerta, a importância do diagnóstico precoce e os avanços no tratamento. O número faz parte do balanço da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), que informa que, no Pará, existem cinco hospitais de referência para o tratamento desses pacientes. A porta de entrada é a Unidade Básica de Saúde (UBS).
Dos casos de leucemia contabilizados pelo estado em 2024, a Sespa especifica que 67 foram em adultos, sendo 19 casos de leucemia linfóide (um câncer que afeta a medula óssea, responsável pela produção de células sanguíneas) e 46 casos de leucemia mielóide (tipo que afeta a medula óssea, responsável pela produção de células sanguíneas). Porém, a maior parte dos casos foi observada entre crianças e adolescentes - o que é uma característica global prevalência tipo de câncer:
Entre crianças e adolescentes de 0 a 19 anos, foram notificados 264 casos no Pará, dos quais 247 foram de leucemia linfóide e 16 de leucemia mielóide. Até o momento, não há dados consolidados sobre os casos registrados em 2025.
Sinais de alerta e tratamento
De acordo com o hematologista João Saraiva, a leucemia é um tipo de câncer que compromete a produção normal das células sanguíneas. “A leucemia causa o crescimento acelerado e desordenado dos leucócitos, que são as células de defesa do corpo. Isso prejudica a produção de células saudáveis e compromete o funcionamento do organismo. É fundamental estar atento aos sinais de alerta, como cansaço extremo, anemia, perda de peso, infecções frequentes, sangramentos anormais e manchas roxas pelo corpo”, explica o especialista.
O médico destaca que a doença pode se apresentar de duas formas: aguda ou crônica. “A leucemia aguda tem um início mais rápido e agressivo, enquanto a crônica evolui de maneira mais lenta, muitas vezes sem sintomas evidentes nos estágios iniciais. Ambas requerem acompanhamento médico especializado”, ressalta Saraiva.
O diagnóstico precoce é essencial para aumentar as chances de cura. Segundo o hematologista, exames como a imunofenotipagem, realizados a partir do sangue ou da medula óssea, permitem identificar o tipo de leucemia e orientar o tratamento.
“Hoje, temos à disposição tratamentos modernos que vão desde medicamentos orais até quimioterapias intensivas. Em casos mais graves, como na leucemia aguda, o transplante de medula óssea uma das principais armas para a cura da doença” afirma Dr. Saraiva.
O transplante de medula óssea consiste na substituição de uma medula doente por células saudáveis, que podem ser obtidas de doadores compatíveis, não necessariamente da família. “O procedimento é seguro e pode salvar vidas. Por isso, é tão importante aumentar o número de doadores cadastrados no Registro Brasileiro de Doadores de Medula Óssea (Redome)”, reforça o médico.
Atualmente, o Brasil conta com cerca de 5,5 milhões de doadores cadastrados.
Saraiva reforça a importância da campanha Fevereiro Laranja. “A leucemia é uma doença que não tem prevenção, mas o diagnóstico precoce faz toda a diferença. Conscientizar a população sobre os sinais de alerta e a necessidade de buscar ajuda médica é o primeiro passo para salvar vidas”, conclui o hematologista.
Como buscar atendimento no Pará
No Pará, o atendimento para casos diagnosticados ou com alta suspeita de leucemia se inicia na Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima da residência. O médico clínico geral, diante de uma suspeita da doença, pode encaminhar o paciente via regulação estadual (SER) para consulta inicial em triagem hematológica, anexando exames e pedido médico.
Para tratamento com cirurgia, radioterapia ou quimioterapia, a rede pública estadual disponibiliza atendimento nos seguintes hospitais de referência:
- Hospital Ophir Loyola (HOL)
- Hospital Regional de Castanhal (HRPC)
- Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA)
- Hospital Regional de Tucuruí (HRT)
- Hospital Oncológico Infantojuvenil Octávio Lobo, exclusivo para crianças e jovens até 19 anos.