Feirantes separam lixo orgânico para produção de adubos
Chamada de Põe no Balde, a iniciativa distribui baldes aos trabalhadores da feira para a separação do lixo orgânico.
Um projeto desenvolvido em parceria entre a Secretaria Municipal de Agricultura (Seagri) e pequenos produtores da horta comunitária dos Residenciais Tiradentes e Jardim do Éden, em Marabá, sudeste do Estado, conta com a cooperação de feirantes da Folha 28, no núcleo Nova Marabá. Chamada de Põe no Balde, a iniciativa distribui baldes aos trabalhadores da feira para a separação do lixo orgânico. A própria Seagri faz a coleta e encaminha os materiais para os pátios de compostagem, onde são transformados em adubo. Além de ser aproveitado na horta comunitária, também é disponibilizado para comercialização.
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O projeto é financiado pelo Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA) e o Fundo Socioambiental Caixa (FSA CAIXA) e trabalha os pilares da sustentabilidade e da promoção dos impactos socioambientais positivos à população. Depois do sucesso com o reaproveitamento de resíduos orgânicos, agora, o projeto avança também para a coleta de lixo inorgânico. “Estamos trabalhando a reciclagem do papel, do papelão, da garrafa pet, do vidro... Eles fazem a coleta e destinam para uma cooperativa encaminhar esse material para venda, como uma fonte de renda. Com esse viés da parte socioambiental, o projeto ele tende a atender várias e várias demandas do município”, destaca Rocha.
Engajada há dois anos na produção da horta comunitária, Clélia Moraes coordena o pátio de compostagem. Cabe à ela acompanhar a chegada dos materiais e pensar em ações de incentivo à participação da comunidade. “Acreditamos realmente no projeto e a gente conscientiza também. Quando levamos o baldinho, falamos da importância da coleta dos resíduos orgânicos, de coisas que iriam para o lixo. Para incentivar a parceria, toda semana a gente faz o sorteio de uma cesta de verduras, mas se a pessoa preferir leva o adubo também. Eu gostaria que as pessoas participassem mais, porque ainda vemos muita sobra de alimento no lixo”, ressalta a coordenadora.
Ao lado do Pátio de Compostagem está a horta onde Lenir Silva cuida das plantações de cebolinha e cheiro verde. Ela trabalha há um ano no local afiram que o projeto provocado mudanças significativas na sua vida. “Isso aqui para mim é tudo. Até porque na minha idade não sou aposentada ainda, não tenho nenhum benefício do governo, então para mim é tudo. É um grande projeto, feito para quem gosta de trabalhar e tem necessidade”, destaca a horticultora.
No pátio de compostagem, o quilo do adubo tem sido comercializado a R$3, mas o valor é negociado de acordo com a demanda. Para Zileide Miranda, vice-presidente da Associação dos Horticultores do Tiradentes, o projeto causou uma revolução não só na vida das pessoas, mas na dinâmica de toda a população que vive nos residenciais. “Nossa preocupação não é só com os horticultores, mas com toda a comunidade do Tiradentes. Somos beneficiados tanto aqui dentro, como fora, porque vem gente de fora comprar aqui, quando a demanda é grande. Inclusive, agora no inverno, a gente quer melhorar mais com a parceria da Seagri. Estamos ativos e com toda esperança, com o sonho de crescer mais”, afirma Zileide.
De acordo com o último Censo Agropecuário realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2017, o Brasil produz cerca de 53 milhões de toneladas de hortaliças. Essa produção ocupa uma área de aproximadamente 5,1 milhões de hectares. Considerando somente a produção de verduras e legumes, o país chega à marca de 12,2 milhões de toneladas produzidas por ano. Os números surpreendem também pelo destino desses itens, que suprem, principalmente, a demanda do mercado interno brasileiro. A agricultura familiar é a responsável por cerca de dois terços de todo o volume de hortaliças produzido no país.