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Falta de médicos e medicamentos afeta atendimento no CAPS 3 em Ananindeua

Os Centros de Atenção Psicossocial desempenham um papel fundamental no tratamento e acompanhamento de pessoas com transtornos mentais, oferecendo suporte psicológico, psiquiátrico e social para quem precisa

O Liberal
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Usuários do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS 3) de Ananindeua, localizado no bairro do Maguari, denunciam a precariedade no atendimento devido à falta de médicos, escassez de medicamentos e demora na marcação de consultas. Pacientes que dependem do serviço enfrentam dificuldades para conseguir atendimento psiquiátrico e psicológico, por exemplo, além de percorrerem diversos postos de saúde em busca de remédios essenciais para os tratamentos reali​zados no centro. Eles reclamam também da estrutura do local.

Os Centros de Atenção Psicossocial são importantes no tratamento e acompanhamento de pessoas com transtornos mentais, oferecendo suporte psicológico, psiquiátrico e social para quem precisa. Essas unidades são essenciais para garantir o acesso contínuo à medicação, terapias e acompanhamento especializado, prevenindo crises e promovendo a reintegração social dos pacientes.

Na manhã desta quarta-feira (29), a reportagem do Grupo Liberal esteve no local e ouviu relatos de usuários que enfrentam essas dificuldades diariamente. Ivone Santos, que buscava medicamentos para o irmão de 42 anos, diagnosticado com esquizofrenia, lamentou a falta dos remédios diários, como Risperidona, Clonazepam e Neozine.

Além da falta de medicamentos, Ivone também denunciou problemas estruturais no CAPS 3. “A prefeitura tem que dar uma organizada melhor no banheiro, que não tem nada de material lá. O banheiro está quebrado. A porta fica o tempo todo aberta”, disse. Ela relatou ainda que precisou percorrer diferentes unidades de saúde para conseguir os remédios. “Eu agora estou indo para outro posto de saúde, porque aqui tem um [remédio], mas não tem o outro. Estou desde o Júlia Seffer rodando de bicicleta atrás de medicamentos. Estou desde 9 horas rodando e já vai dar 11 horas”, afirmou.

“Tem medicação até de oitenta reais e a gente não pode comprar. O quadro do meu irmão é esquizofrenia. Ele não pode ficar sem medicação porque ele fica agressivo. Ele quebra tudo. Eu tenho que fazer o possível para conseguir os remédios”, relatou.

Para driblar a escassez, ela conta com a ajuda de amigos. “Quando não tem jeito, eu vou com pessoas que eu conheço e eles me ajudam para me emprestar dinheiro para comprar a medicação. E assim a gente vai levando”, afirmou. Outra dificuldade apontada por ela é a recomendação para solicitar receitas médicas sem data. “Agora, a mulher disse que eu tenho que organizar a minha agenda. Que, quando eu for no posto de saúde pedir a receita, tenho que pedir a receita sem data, justamente para vir no começo do mês que eu vou encontrar a medicação”, disse.

Além da falta de remédios, a carência de profissionais também prejudica o atendimento. “Eu vim atrás de um psicólogo e eles falaram que ele [o psicólogo] saiu e vamos ter que esperar outro”, disse Ivone.

Em nota, a Prefeitura de Ananindeua, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (SESAU), informa que o CAPS III (Centro de Atenção Psicossocial) conta com uma equipe multidisciplinar composta por profissionais da psiquiatria, psicologia, psicopedagogia, assistência social e enfermagem nos turnos manhã e tarde. Inclusive, nenhum dos psiquiatras se encontra de férias no momento.

Quantos aos medicamentos, são repostos mensalmente e, em caso de finalização do estoque antes do término de cada mês, é realizada nova reposição de forma imediata. No que se refere à estrutura do local, a Prefeitura informa que trabalha para melhorar as condições do espaço - o qual temporário.

Vale lembrar que já foi assinada uma Ordem de Serviço para a construção de uma sede própria do CAPS III em Ananindeua, com previsão de entrega para início de 2026.

Longa espera por atendimento

Em reportagem exibida pela TV Liberal na última terça-feira (28), a universitária Vitória Farias também relatou os desafios enfrentados no CAPS 3. “Eu cheguei seis horas da manhã e saí seis horas da tarde, para ser atendida. Eu consegui ser atendida, mas desde esse dia eu desisti. Tive uma piora, porque eu parei de tomar o remédio. Parei de fazer a medicação e tive que voltar”, contou Vitória, que realiza tratamento na unidade há três anos.

A espera prolongada para consultas também afeta outros usuários. Girlene dos Santos tentou marcar atendimento para o filho, que há 13 anos faz uso de remédios controlados, mas recebeu a informação de que só há vagas para outubro. “É ruim aqui as consultas. Demora que só. A gente sai daqui à noite. Só tem para outubro. Diz que porque o médico está de férias. Era para vir mais médicos”, lamentou.

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