Especialista explica como funciona as EDLs, nova ferramenta para combate ao Aedes aegypti

O Ministério da Saúde anunciou esta semana a ampliação da estratégia de combate ao Aedes aegypti, o mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya, por meio da utilização de estações disseminadoras de larvicidas (EDLs)

Igor Wilson

O Ministério da Saúde anunciou esta semana a ampliação da estratégia de combate ao Aedes aegypti, o mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya, por meio da utilização de estações disseminadoras de larvicidas (EDLs). A novidade, que já foi utilizada em anos anteriores, foi criada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e visa expandir o alcance das ações contra as doenças transmitidas pelo mosquito em todo o Brasil, com foco inicial em 15 cidades selecionadas, ainda não divulgadas oficialmente.

As EDLs são dispositivos simples, compostos por recipientes com dois litros de água parada com o larvicida piriproxifeno. O produto atrai as fêmeas do mosquito Aedes aegypti para que depositem seus ovos. A substância fica impregnada num tecido sintético que recobre o pote. 

“O larvicida adere ao corpo das fêmeas, elas mesmas que acabam assim transportando o produto para outros criadouros. Isso interrompe o ciclo de vida do mosquito, afetando os ovos e larvas em diferentes locais, sendo mais eficiente”, explica o infectologista Alessandre Guimarães. Ele ressalta que o piriproxifeno é seguro para seres humanos e animais domésticos, pois a substância age especificamente no ciclo de desenvolvimento dos mosquitos.

“O uso é seguro para pets e seres humanos, inclusive já foi utilizado em outras campanhas. Acredito que a diferença está no alcance, pois vai atingir locais de difícil acesso, onde muitas vezes o agente de saúde e controle às endemias não consegue chegar”, diz o especialista.

Quando começa

O processo para a adoção das EDLs segue cinco etapas principais: a manifestação de interesse dos municípios, a assinatura de um acordo de cooperação técnica com o Ministério da Saúde e a Fiocruz, a validação da estratégia pela Secretaria de Saúde do estado, a capacitação dos agentes locais e o monitoramento da implementação.

Estudos realizados desde 2016 mostraram que a estratégia é eficaz na redução das populações de Aedes aegypti. Testes em 14 cidades brasileiras demonstraram que as EDLs podem diminuir a infestação por mosquitos em um raio que pode variar entre 3 e 400 metros dos dispositivos. “A capacidade das EDLs de atingir criadouros inacessíveis, como aqueles em áreas fechadas ou de difícil acesso, é um dos grandes avanços desta tecnologia”, destaca o infectologista.

Diferenças

Em comparação com outras estratégias de controle, como a borrifação de inseticidas ou o uso de ovitrampas, as EDLs apresentam um modo de ação distinto. Enquanto as ovitrampas são usadas para monitorar a presença de mosquitos e a borrifação atua diretamente nas áreas de infestação, as EDLs se baseiam na ideia de que o próprio mosquito, ao buscar locais para a oviposição, espalha o larvicida de forma passiva. Esta abordagem pode ser mais eficiente em áreas com urbanização precária ou em locais de difícil acesso, como depósitos de recicláveis.

O método de dispersão do larvicida via EDLs também se diferencia do método de inseto estéril por irradiação (TIE) e do Método Wolbachia, ambas alternativas em fase de estudos no Brasil. O TIE envolve a liberação de mosquitos machos estéreis para controlar a população, enquanto o Método Wolbachia utiliza uma bactéria que impede a transmissão de vírus pelos mosquitos.

A expansão das EDLs segue uma abordagem gradual, levando em consideração a capacidade dos três níveis de governo e a situação epidemiológica de cada cidade. “A ideia é garantir que a implementação seja feita de maneira eficiente e com a devida capacitação dos profissionais envolvidos”, afirma Alessandre de Jesus.

A reportagem de O Liberal entrou em contato com a Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa)  e com a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma). A Sespa informou que ainda está aguardando informações da equipe técnica do Ministério da Saúde sobre o uso da estratégia disponibilizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A Sesma informou que ainda não possui um porta-voz para falar sobre o assunto. 

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