Escorpiões picaram 3.029 pessoas no Estado do Pará em 2024
A capital paraense registrou 38 ocorrências no mesmo ano
Os escorpiões picaram 3.029 pessoas em 2024 no Estado do Pará, segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). A capital paraense teve 38 ocorrências, no ano passado, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma). O Ministério da Saúde (MS) aponta que os escorpiões são os animais peçonhentos que mais causaram acidentes no Brasil, com 183.534 casos notificados em 2024.
O assunto ganhou destaque nacionalmente após a apresentadora Ana Maria Braga, da TV Globo, informar que precisou ser internada às pressas no hospital após ser picada na noite do último sábado (01/02). O incidente aconteceu enquanto ela estava na fazenda, localizada em Botucatu, interior de São Paulo. A situação exigia cuidados imediatos, por isso ela foi imediatamente hospitalizada.
O biólogo e mestre em meio ambiente (NUMA-UFPA), José Alberto Pires Júnior, explica que os escorpiões são aracnídeos que no ambiente urbano se adaptam bem aos locais úmidos e com pouca luminosidade. “Isso faz com que eles tenham preferência, principalmente em uma residência, a uma caixa de gordura, ela é propícia, porque tem essas condições. E também tem que se levar em consideração que a caixa de gordura atrai outros animais que acabam sendo utilizados pelos escorpiões como alimento, como principalmente as baratas domésticas, que se caracterizam como uma das principais fontes de alimento para esses animais”, detalha.
O escorpião utiliza a picada como mecanismo de defesa, quando se sente ameaçado. No final do corpo, eles possuem uma área chamada de Telson, que possui glândulas venenosas e termina numa estrutura pontiaguda usada para inocular o veneno (a peçonha) nas vítimas. O escorpião marrom (Titeus cerulatus) possui a peçonha bem agressiva. Também são encontrados no Brasil, o Titeus baiense, que conhecido como o escorpião negro, que apesar de ser maior, não tem um veneno muito potente. Na região amazônica, as espécies mais presentes são o Titeus sigmurus e Titeus crostatus.
ORIENTAÇÕES - Os sintomas da picada de escorpiões podem ser desde dor, edema, vermelhidão no local, náuseas, vômitos, dor de cabeça, até sintomas mais graves, como infecção e necrose do local de picada, amortecimento local, suor excessivo, tontura, confusão mental, sonolência, dificuldade respiratória e necessidade de internação.
“Após sensação de picada, o indivíduo e qualquer acompanhante no local, devem manter a calma e não tocar com as mãos ou materiais sujos, no local da picada. Deve ser feita limpeza em água corrente e com sabão neutro, se disponível. Bem como podem ser utilizadas compressas de água morna nas primeiras horas”, explica o médico William Rodrigues.
Para evitar esses ataques é importante que haja o controle de animais peçonhentos, com a limpeza de quintais e jardins, podas regulares das árvores, sacudir roupas e calçados antes de vesti-los, assim como equipamentos de proteção individual (EPI) de trabalhadores, para evitar primariamente os acidentes.
“Os riscos dependem da espécie que picar uma pessoa. É interessante e estratégico, que se possível, tire uma fotografia ou leve o animal, vivo ou morto, nesse caso provavelmente morto, para que seja identificada a espécie, e se for o caso, se utilizar o soro anti-araquinídeo da espécie que picou a pessoa”, detalha o biólogo José Pires Júnior.
Os grupos que precisam ter mais cuidados são crianças menores de cinco anos, idosos acima dos 65 anos e pessoas com baixa imunidade, como acamados, diabéticos, pneumopatas e cardiopatas. Esses grupos podem evoluir com maior gravidade, podendo ter desde complicações locais a necessidade de internação hospitalar.
DADOS - Em 2025, dois casos já foram contabilizados em Belém e 79 no Estado do Pará. O ano de 2023 foi o período em que mais ocorreram notificações. O Pará registrou 3.697 acidentes por escorpião, enquanto em Belém foram 41 casos, um número levemente maior que em 2024. Os três municípios com a maior ocorrência de registros nos últimos três anos foram Medicilândia, Uruará e Santarém.
O Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATOX) da Sesma é o responsável pelo teleatendimento a casos de intoxicação por animais peçonhentos. Qualquer pessoa pode entrar em contato pelos números (91) 3249-6370, 3259-3748, e 3201-6749. O Ciatox está no Hospital Barros Barreto, localizado na rua dos Mundurucus, nº 4487, bairro do Guamá.
A Sesma destaca que esses números são provenientes dos casos registrados no CIATOX de Belém, com base nas notificações feitas ao serviço de teleatendimento, ou seja, a partir das ligações realizadas pela população.
Nacionalmente, o Ministério de Saúde aponta que após os escorpiões, as maiores ocorrências são com as aranhas (40.661 casos), abelhas (32.106), serpentes (29.695) e lagartas (4.567). Os dados são preliminares. Se uma pessoa for picada por um animal peçonhento, a orientação é afastar-se do local, imobilizar a área afetada, evitar torniquetes ou cortes na pele, não aplicar gelo ou medicamentos e buscar atendimento médico em uma unidade de saúde o mais rápido possível. Essas medidas são essenciais para garantir um tratamento adequado e eficaz.