Em dois anos, Pará saiu de 37% para 48% de crianças alfabetizadas, aponta Seduc
Avanço foi registrado entre 2021 e 2023. E ainda, o índice de crianças leitoras na rede estadual de ensino passou de 56% em 2023 para 68% em 2024
Avanço foi registrado entre 2021 e 2023. E ainda, o índice de crianças leitoras na rede estadual de ensino passou de 56% em 2023 para 68% em 2024
Cresceu o número de crianças paraenses, até os 7 anos de idade, que sabe ler e escrever, no comparativo entre os anos de 2021 e 2023. A taxa de alfabetizadas subiu de 37% em 2021 para 48% em 2023, apontam dados da Secretaria de Estado de Educação (Seduc). Um balanço do programa "Alfabetiza Pará" revela também que o índice de crianças leitoras na rede estadual de ensino passou de 56% em 2023 para 68% em 2024. E por conta desses registros, o Estado recebeu, na semana passada, o Selo Ouro no “Prêmio Selo Nacional Compromisso com a Alfabetização”, destacando as políticas educacionais implementadas.
Na Escola Estadual de Tempo Integral Antônio Bezerra Falcão, no Levilândia, em Ananindeua, a alfabetização é uma realidade. Uma das iniciativas é a “Varanda da Leitura”, atividade em que as crianças se reúnem um espaço externo na unidade para reforçar a leitura. Laize Sales, diretora da escola, explica que o projeto atende 78 crianças de 5 a 9 anos, do primeiro ao terceiro ano. “Na prática, eles iniciam sempre com a turma do primeiro ano, com atividades voltadas ao lúdico. Depois, o segundo e o terceiro consecutivamente, sempre com atividades voltadas ao planejamento do professor. O professor planeja já a atividade dentro do espaço”, conta.
Segundo a diretora, o projeto tem o próprio material, além de formação para os professores e para a gestão. “Recebemos o material para cada criança. Também temos formação, tanto para gestão quanto para os professores. Temos duas avaliações, que são regidas pela Secretaria de Educação, que é a avaliação de fluência. Eles fazem uma avaliação de entrada, oralidade. A avaliação é gravada e escrita e, no final do ano, a mesma fluência para verificar o quanto eles progrediram", detalha.
As avaliações de fluência, que são aplicadas no início e no final do ano, medem o progresso das crianças, ajudando a monitorar seu desenvolvimento. Laize também destaca a importância do projeto na formação integral das crianças, observando que o trabalho desenvolvido é crucial para o processo de alfabetização: "É fundamental na alfabetização, porque trabalha o todo. Trabalha a criança de forma lúdica, trabalha a criança no conteúdo e a criança na interação”, conta.
Dados da Seduc obtidos com exclusividade pela reportagem revelam que, entre as cinco redes municipais que apresentaram maiores índices de crianças leitoras no ano passado, estão: Curionópolis (84%), Ulianópolis (82%), Vitória do Xingu (80%), Rurópolis (79%) e Brasil Novo (78%). Já os municípios que mais aumentaram a taxa de estudantes leitores de 2023 para 2024 foram: Santana do Araguaia, com um aumento de 39,5 pontos percentuais, Água Azul do Norte (38,6 pontos percentuais), Aurora do Pará (34,8 pontos percentuais), Curionópolis (34,4 pontos percentuais) e Breu Branco (33,3 pontos percentuais). Para a Avaliação de Fluência Leitora, em 2023 foram avaliados 89.682 estudantes e em 2024 foram avaliados 104.612 estudantes.
Com o programa "Alfabetiza Pará", a meta do Estado é garantir que alunos do 1º e 2º ano do ensino fundamental saibam ler e escrever na idade adequada, conforme explica o secretário de Estado de Educação, Rossieli Soares. A iniciativa foi implementada em janeiro de 2023 e 143 municípios aderiram ao programa — com exceção de Ananindeua. Além disso, Rossieli destaca que outras estratégias, como a produção de material próprio e avaliações de fluência leitora para garantir o processo de ensino-aprendizagem, também foram implementadas na rede estadual de ensino.
No Brasil, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) estabelece que toda criança deve ser plenamente alfabetizada até o 2º ano – por volta dos 7 e 8 anos — o que está sendo realizado no Pará, comenta Rossieli. “Uma das frentes de trabalho que a gente tem é uma avaliação diagnóstica no início do ano, na primeira semana do ano letivo. Ou seja, a fluência leitora: a criança consegue ler uma palavra, uma sílaba, juntar duas letras? E passamos a desenvolver um material específico de alfabetização. Realizamos formações [aos professores] e acompanhamentos”, explica o titular da Seduc.
O cenário atual contrasta com anos anteriores e evidencia uma melhora na educação a partir de 2023. Rossieli lembra que, em 2016, a Avaliação Nacional da Alfabetização mostrou que, no Pará, apenas 24% das crianças no terceiro ano do ensino fundamental estavam alfabetizadas. Já em 2019, a primeira edição do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) de Língua Portuguesa indicou que 31% das crianças paraenses do segundo ano apresentaram desempenho adequado, enquanto a média nacional foi de 49%. Em 2021, o mesmo exame mostrou que apenas 25% dos estudantes do segundo ano no estado atingiram níveis considerados adequados.
“A rede pública do Pará, em 2021, saltou de 37% para 48% das crianças alfabetizadas em 2023. Na avaliação das crianças leitoras, que fazem parte também do programa federal e do programa estadual, em 2023, a gente já chegou a 43% das crianças leitoras na rede pública, incluindo redes municipais e estadual. Em 2024, a gente saltou para 55% das crianças. Se olharmos só a rede estadual, a gente saltou para 69% das crianças alfabetizadas na idade correta, praticamente 70%”, completa o secretário.
De acordo com as projeções do Ministério da Educação (MEC), o percentual de crianças alfabetizadas no Pará deve crescer progressivamente até 2030. A meta para 2024 - cujos dados ainda não foram divulgados pela pasta - é de alcançar 54% de alfabetização, subindo para 59% em 2025, 64% em 2026, 68% em 2027 e 73% em 2028. Nos dois anos seguintes, espera-se um avanço ainda maior: 77% em 2029 e 80% em 2030.
Entretanto, o governo estadual estabeleceu metas, visando uma alfabetização mais acelerada. Para 2024, a meta é que 59% das crianças estejam alfabetizadas, superando o índice esperado pelo MEC. Nos anos seguintes, o percentual sobe para 69% em 2025, 77% em 2026, 84% em 2027 e 89% em 2028. Até 2029, o objetivo é atingir 92%. E, em 2030, alcançar um patamar de 95%.
“A meta de alfabetização para 2024 do Governo Federal é alcançar 54% das crianças alfabetizadas, mas temos metas mais auspiciosas. Esperamos chegar neste ano com 59%. E garantir a alfabetização em todo o Estado é um grande desafio. São 144 municípios em realidades totalmente distintas, regiões como o arquipélago do Marajó, por exemplo, e como o Sul, Oeste e Nordeste do Pará. Mas, em qualquer lugar, precisamos garantir que as crianças sejam alfabetizadas”, observa.
Para garantir esse ensino adequado, que é um direito de todos, o secretário informa que o programa, dentro do eixo do regime de colaboração, garante aos municípios avaliações diagnósticas e processuais em conjunto e imprimir todos os materiais de alfabetização. “Temos foco em estruturar isso com processos de formação. Cada município tem o seu coordenador de alfabetização, que passa por um processo de formação, em que a gente faz um efeito cascata: nós formamos diretamente os nossos professores e apoiamos as secretarias municipais formando também os deles, especialmente dentro do programa Alfabetiza Pará”, diz.