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Em dois anos, mais de 800 mulheres morreram por câncer de colo do útero no Pará

‘Câncer é altamente prevenível’, diz especialista

Eva Pires | Especial para O Liberal

Março Lilás é uma campanha voltada para a conscientização e prevenção do câncer de colo de útero, a principal causa de morte entre mulheres no estado do Pará, conforme o Instituto Nacional de Câncer (Inca). O Papilomavírus Humano (HPV) é identificado como a maior causa da doença, também conhecida como câncer cervical. Em 2024, foram registrados 793 casos e 417 mortes por câncer de colo do útero no estado, segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa). Em 2023, o número de casos foi ainda maior, com 946 registros e 410 mortes.

Ainda segundo estimativas do Inca, até 2026, o estado do Pará deve registrar quase 2.500 casos de câncer de colo do útero. Além disso, dados mostram que, na Região Norte, os óbitos por esse tipo de câncer correspondem a 15,4% do total de mortes por câncer entre mulheres.

Michele Monteiro, da Coordenação Estadual de Oncologia da Sespa, explica que existem mais de 200 tipos de HPV, sendo que 40 deles podem causar câncer, com destaque para o HPV 16 e o HPV 18, que estão presentes em 70% dos casos de câncer do colo de útero. Ela destaca que 90% desses cânceres são transmitidos sexualmente. 

Prevenção

A prevenção do câncer de colo do útero é fundamental para reduzir sua incidência e mortalidade. Para isso, a Sespa oferece diversas estratégias de prevenção. "Temos a vacina, disponibilizada gratuitamente para o público alvo na faixa etária de 9 aos 14 anos e o resgate vacinal feito para jovens de 15 a 19 anos", detalha.

Além disso, os exames ginecológicos, como o preventivo, são essenciais para rastrear lesões precoces e permitir o início de tratamentos de média complexidade. No entanto, é importante destacar que os sinais da doença só costumam aparecer em estágios avançados, como sangramentos pós-relação ou esporádicos, dor pélvica ou dificuldade para urinar ou evacuar. "Câncer de colo de útero é altamente prevenível", afirma a especialista, reforçando a importância da prevenção e do diagnóstico precoce.

A especialista orienta que o exame citopatológico do colo do útero (Papanicolaou), também conhecido como preventivo, é indicado para mulheres entre 25 e 64 anos que já tiveram atividade sexual. Essa faixa etária é prioritária, pois é onde ocorre a maior incidência de câncer de colo do útero. No entanto, ela ressalta que mulheres com menos de 25 anos podem realizar o exame sob orientação médica, caso apresentem alguns critérios, como já terem tido filhos, Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) ou apresentarem sintomas.

O autocuidado é um aspecto crucial na saúde da mulher, especialmente quando se trata da prevenção de doenças como o câncer de colo do útero. A especialista ressalta que "é muito importante que mulheres tenham autocuidado e autoamor com a própria saúde. Muitas vezes, a doença se manifesta por desconhecimento ou naquelas que têm pouco tempo para cuidarem de si mesmas", reflete.

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Novidades no rastreamento do HPV

O rastreamento do HPV no Brasil deve passar por uma transformação importante. É que o tradicional exame citológico de rotina, conhecido popularmente como "papanicolau", será substituído, de forma escalonada, pelo teste de DNA. A incorporação da tecnologia ao Sistema Único de Saúde (SUS) foi anunciada em março, com base em um estudo conduzido pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) no município de Indaiatuba (SP). Os números indicam um aumento da detecção de lesões pré-cancerosas em até quatro vezes, enquanto 83% dos casos de câncer foram detectados em estágio inicial.

Michele Monteiro espera que, ainda neste mês, seja divulgado que a medida, que já teve a portaria assinada, será implementada no SUS e seja disponibilizado para a população. Ela explica que a vantagem desse método é que, ao invés de buscar lesões, o foco será identificar a presença do vírus e verificar se a mulher está em risco de desenvolver a doença, possibilitando a antecipação de um tratamento, se necessário.

Tratamento de câncer de colo de útero no Pará

As unidades de referência estadual para o tratamento de câncer são: Hospital Ophir Loyola (HOL), Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo (HOIOL), em Belém, Hospital Regional Público de Castanhal (HRPC), o Hospital Regional do Baixo Amazonas, em Santarém, o Hospital Regional de Tucuruí e o Hospital Regional do Sudeste do Pará, em Marabá.

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