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Em Belém, chuvas à tarde devem seguir até o Natal; confira previsão para todo o Pará

Segundo meteorologista do INMET, clima ameno dos últimos dias anuncia que o “inverno amazônico” já chegou

Gabriel da Mota

A semana que antecede o Natal promete um clima típico do “inverno amazônico” em Belém. As chuvas, que têm marcado uma mudança no padrão climático desde o início de dezembro, devem continuar em boa parte do Estado, impactando a rotina da população em um dos períodos mais movimentados do ano. Segundo o meteorologista José Raimundo Abreu, do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), o volume de chuvas pode ultrapassar a média histórica para o mês. “A previsão inicial era de 285 mm em dezembro, mas já choveu cerca de 275 mm. A expectativa é que as precipitações fiquem 30% acima da média até o fim do mês”, explicou. Em outras regiões do Pará, no entanto, as médias devem se manter conforme o esperado.

Para Belém, a temperatura máxima deverá oscilar entre 32°C e 34°C, com mínimas entre 22°C e 24°C. O meteorologista alerta para chuvas diárias, principalmente durante as tardes e noites.

“As pancadas mais intensas tendem a ocorrer após as 14h, com maior probabilidade de concentração até às 20h. Embora o período natalino deva registrar chuvas fracas à noite, não há previsão de tempestades para a véspera ou o dia de Natal”, destacou.

O clima nublado e a ventilação suave devem manter a sensação térmica mais amena em comparação a novembro, que apresentou temperaturas mais altas e menos chuva.

Panorama para o interior do Pará

Nas regiões do interior, a previsão apresenta variações significativas. O sudeste do Pará, incluindo municípios como Xinguara e Conceição do Araguaia, deve registrar chuvas intensas em forma de pancadas, acompanhadas de raios e trovoadas. O acumulado pode ultrapassar 200 mm, em um cenário parecido com o da capital. Já no oeste do Pará, em cidades como Santarém, o volume de precipitação deve ser mais modesto, com médias de 100 mm, devido ao aumento gradual das chuvas na área.

No nordeste do Estado, áreas litorâneas como Bragança e Salinópolis devem experimentar chuvas esparsas, intercaladas com dias sem precipitação. Essa variabilidade é influenciada pela atuação de fenômenos climáticos, como a Zona de Convergência do Atlântico Sul, a Alta da Bolívia e circulações atmosféricas de alto nível no Nordeste do Brasil. “Esses sistemas estão favorecendo o desenvolvimento de instabilidades em Belém e em várias regiões do Pará, intensificando as chuvas”, explicou Abreu. Apesar dos desafios impostos pelas condições climáticas, ele ressaltou que a proximidade com o período mais chuvoso do ano, previsto para março e abril, deve preparar os moradores para dias cada vez mais úmidos nos próximos meses.

O publicitário Henrique Lira, de 34 anos, destaca as dificuldades de mobilidade causadas pelos alagamentos e o trânsito congestionado na capital paraense. “A principal dificuldade é sair, né? Se não estiver preparado para o horário, o caos no trânsito te pega de surpresa”, comenta. Henrique também menciona preocupações com a saúde durante a temporada chuvosa, como o aumento de casos de gripe e dengue devido à água parada. “A gente tem que se preparar, se proteger, até pela saúde do bebê”, diz ele, que é pai de um menino de quatro meses.

Por precaução, Henrique toma medidas como vacinação e uso de abrigos, embora admita que não costuma andar com sombrinha. A questão financeira também é um desafio, já que ele alterna entre transporte público e aplicativos de transporte, dependendo da situação. “Quando estamos com a criança, é necessário pegar um carro, mas as dinâmicas ficam mais caras nesse período”, explicou. O publicitário pretende passar o Natal em família, no conforto de casa, sem grandes preocupações com o clima.

Urbanista propõe soluções tecnológicas

O urbanista Bruno Gomes aponta que medidas simples e eficazes podem minimizar os impactos dos alagamentos em Belém a curto prazo. “O primeiro passo é focar nos serviços básicos, como a limpeza regular de canais e dutos, além de garantir o correto descarte de lixo. Isso pode envolver mutirões de limpeza em áreas críticas e ações que assegurem a desobstrução do sistema de drenagem”, explica. Gomes também reforça a importância de campanhas educativas para conscientizar a população sobre o descarte correto de resíduos, papel essencial para a redução de problemas causados pelas chuvas.

A longo prazo, soluções mais estruturais e tecnológicas podem transformar Belém em um modelo de resiliência urbana. O conceito de "cidades-esponja", por exemplo, sugere a criação de áreas verdes e calçadas drenantes que auxiliem na absorção da água da chuva. Além disso, reservatórios e lagos artificiais estrategicamente posicionados podem ajudar a conter o excesso de água durante tempestades. Gomes destaca também a oportunidade de integrar tecnologia ao planejamento urbano, desenvolvendo aplicativos que monitorem em tempo real os pontos críticos de alagamento e informem rotas alternativas para a população. “Integrar essas ferramentas ao conceito de cidades inteligentes tornaria as informações mais acessíveis e úteis, ajudando a mitigar os impactos das chuvas de maneira eficiente e participativa”, conclui.

Chuvas previstas em Belém (dezembro):

  • Total esperado: 350 mm 
  • Média histórica para o mês: 285 mm
  • Chuvas acumuladas até agora: 275 mm

Temperaturas previstas para Belém (16 a 22 de dezembro):

  • Máxima: 34°C
  • Mínima: 22°C

Previsão de chuvas em outras regiões do Pará:

  • Sudeste do Pará: acima de 200 mm
  • Oeste do Pará: 100 mm
  • Nordeste do Pará: 100 mm

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