Dia Nacional da Mamografia: busca pelo exame tem aumento de 12% no Pará

A realização do exame com regularidade é essencial para o diagnóstico e a cura precoce do câncer de mama, como apontam especialistas

Gabriel Pires

Neste domingo (5), é comemorado o Dia Nacional da Mamografia, que foi instituída pela Lei nº 11.695/2.008. A data visa conscientizar as mulheres acerca da importância do exame para a detecção de possíveis alterações na mama e casos suspeitos de câncer. No Pará, a procura por mamografia cresceu 12% em 2022, em relação ao ano de 2020. Em 2020, foram realizados 49.140 procedimentos. Já em 2021, foram 50.573. E, em 2022, foram 55.488 mamografias feitas no Estado. Os dados são da Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sespa) enviados à Redação Integrada de O Liberal na última quinta-feira (2). A realização do exame com regularidade é essencial para o diagnóstico e a cura precoce do câncer de mama, como aponta o mastologista Fábio Botelho, presidente do Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) - Regional Pará.

O câncer de mama é um tumor que se desenvolve, na maioria dos casos, nos ductos mamários — pequenos tubos que transportam o leite — e representa uma degeneração de células ductais que transformam-se em células malignas. E, caso não tratado precocemente, as células evoluem para metástase — células cancerosas soltam-se do tumor original, vão para outras partes do corpo e formam novos tumores. Em casos graves, o quadro pode evoluir para óbito, conforme explica o mastologista Fábio Botelho. Por isso, a importância de realizar anualmente o exame de mamografia de rastreamento. Tanto mulheres que não apresentam quaisquer sinais ou sintomas nas mamas, quanto pacientes sintomáticas.

“A mamografia de rastreamento é feita mesmo quando a mulher não sente nada de alterado em sua mama. Geralmente essa mamografia é indicada a partir dos 40 anos e ela [a mamografia] pode ser responsável pelo uma redução de 30% da mortalidade do câncer de mama, justamente porque possibilita a detecção precoce da doença, numa fase que nós chamamos de uma fase subclínica. Isto é, muito antes de que o nódulo possa ser palpável pela paciente ou pelo próprio médico”, explica o especialista.

O exame é importante para a detecção de sinais incomuns, como nódulos ou outras alterações específicas identificadas na análise. Ele deve ser feito anualmente. “A mamografia é realizada no aparelho de nome mamógrafo, que baseia-se, necessariamente, no uso de radiação. É como se fosse uma radiografia. Tem um pouco de preconceito para algumas mulheres pelo fato de ser um exame onde há necessidade na compressão da mama nesse aparelho, no intuito de obter melhores imagens e assim melhorar a qualidade radiológica”, detalha.

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Acesso à mamografia

Entre os grupos de maior propensão à doença estão mulheres a partir dos 50 anos. A mamografia de rastreamento é indicada para mulheres assintomáticas que estão na faixa etária de 50 a 69 anos — público alvo para o exame de rastreamento — e também realizado em mulheres consideradas com alto risco de desenvolver a doença, ou seja, mulheres com histórico familiar de câncer de mama. Fora dessa faixa etária, a solicitação e periodicidade devem seguir as indicações médicas. A mamografia de rastreamento pode ser solicitada por médicos e enfermeiros da Atenção Primária. A paciente deve ser orientada a realizar os exames diagnósticos como ultrassonografia, mamografia e biópsias.

No Pará, a Sespa informou que o atendimento para prosseguir com o exame começa nas Unidades Básicas de Saúde, que é de responsabilidade dos municípios. A mulher deve procurar a unidade de Saúde mais próxima de casa para que possa ser encaminhada. Em outros casos, se houver necessidade, a paciente será encaminhada para um dos 27 serviços de referência em diagnóstico e tratamento de câncer de mama mantidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ou rede conveniada que estão distribuídos nas 12 regiões de saúde.

Em casos de resultados suspeitos, o profissional médico da unidade de saúde deve encaminhar o paciente ao setor de regulação, onde deverá ser agendado o atendimento na rede especializada. Já para resultados alterados, após os exames de ultrassonografia e mamografia, é solicitado a biópsia, que deve ser feita nos serviços de média complexidade e confirmando o câncer encaminhado para um dos quatro serviços de alta complexidade estaduais.

image A comerciante Eliana da Rocha Alves descobriu um tumor por meio do exame da mamografia. (Filipe Bispo / O Liberal)

Belenenses relatam a importância do exame

Em setembro de 2019, a economista e comerciante Eliana da Rocha Alves, 56 anos, havia feito uma mamografia e nenhum problema foi identificado. No entanto, a partir de uma campanha de saúde na igreja evangélica que frequenta, decidiu levar esse exame a um mastologista. Então, por meio de exame, foi identificado um carcinoma de grau 3 e, em sequência, em uma clínica oncológica, um triplo negativo, um câncer agressivo.

Eliana fez, então, 16 sessões de quimioterapia e radioterapia, em 2020, no ano da pandemia da covid-19. Em agosto desse ano, passou por cirurgia. Agora, ela faz o controle da doença. "Eu costumava ficar aqui, na sacada do prédio, orando, durante o meu tratamento; a fé, fazer a mamografia e o tratamento são fundamentais nesse processo todo", completa Eliana Alves.

Quem relembra a importância da mamografia para a saúde é a pedagoga Helen Calumby, 42 anos, de Belém, que descobriu o diagnóstico de câncer de mama a partir do exame, em junho de 2022. Hoje, ela está em processo de tratamento contra o câncer. “Realizei o exame junto com um check-up na intenção de entrar na academia. Porém, veio a notícia da possibilidade de alteração nas mamas com a mamografia e orientação de investigação, que foi comprovada com a biópsia e o exame de ressonância, que já demonstrava que as células cancerígenas tinham invadido o ducto mamário. Se não fosse a mamografia indicar a alteração, eu não ia saber do diagnóstico. Hoje, o lema é: se a dor surgir vai me encontrar brilhando. O câncer não vai parar meus sonhos”, diz Helen.

Mamografia de rastreamento

  • Onde procurar atendimento: o atendimento começa nas Unidades Básicas de Saúde, que são de responsabilidade dos municípios.
  • Público-alvo principal: mulheres com idade de 50 a 69 anos
  • Periodicidade: a cada 2 anos

Números de mamografias no Pará

  • 2020: 49.140 exames
  • 2021: 50.573 exames
  • 2022: 55.488 exames

FONTE: Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa)

(Gabriel Pires, estagiário, sob a supervisão de João Thiago Dias, coordenador do Núcleo de Atualidades)

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