Dia Nacional da Educação Ambiental: Pará é protagonista em ações ambientais nas escolas estaduais
O Pará está à frente de outros estados, se destacando como pioneiro na inclusão da educação ambiental como componente curricular obrigatório
O Pará está à frente de outros estados, se destacando como pioneiro na inclusão da educação ambiental como componente curricular obrigatório
Celebrado na segunda-feira (3), o Dia Nacional da Educação Ambiental tem o objetivo de despertar a atenção para a conscientização na preservação do meio ambiente. Em meio à situação emergencial do Rio Grande do Sul, que reforça a importância de iniciativas ambientais, o Pará está à frente de outros estados nesse sentido, se destacando como pioneiro na inclusão da educação ambiental como componente curricular obrigatório nas escolas.
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A nível nacional, o projeto de Lei nº 2.964/2023, apresentado na Câmara dos Deputados, ainda no ano passado, visa incluir no currículo escolar, a partir do 1º ano, aulas sobre proteção ambiental e mudanças climáticas. Nas escolas estaduais do Pará, como forma de estimular o aprendizado sustentável, a Secretaria de Estado de Educação do Pará (Seduc) oferece, desde 2023, o componente de Educação Ambiental, Sustentabilidade e Clima para toda a educação básica, de forma obrigatória.
Coordenador de Educação Ambiental da Seduc, Mauro Tavares, explica que a disciplina foi implementada nas escolas por meio de uma legislação, a lei nº 9.981. Atualmente, segundo ele, cerca de 4 mil professores são capacitados para lecionar a disciplina para os mais de 500 mil estudantes que compõem a rede estadual de ensino do estado - do nível fundamental ao médio. Para o professor, às vésperas da COP-30, a iniciativa é um avanço frente à necessidade de discussões ambientais.
“Esse componente vem muito ao encontro do que as escolas estão necessitando ou, então, que já desenvolvem projetos na área ambiental. Estamos trabalhando em duas grandes frentes. Uma que é com um material pedagógico, que chegou nas escolas. E também, acompanhado desse material, a formação continuada para os professores tanto para ajudar a trabalhar esse material, como uma formação específica de especialização”, detalha Tavares.
Para além das escolas estaduais, Mauro destaca que as redes municipais também podem aderir à disciplina e lembra que a meta é atingir todas as unidades estaduais de ensino com o componente curricular: “A política também procura atender a rede municipal, ou seja, é uma política de Estado, mas que também procura dialogar com a rede municipal. Hoje, temos cerca de 40 municípios do Pará que já aderiram à política. A nossa meta é, em 2024, fazer um levantamento e implementar a educação ambiental em todas as escolas e em todas as turmas da rede estadual”.
Nas aulas, divididas em momentos de teoria e prática, os alunos são levados a aprender os principais conceitos socioambientais da atualidade: os atuais impactos ambientais e quais ações são necessárias para frear problemas futuros, como práticas cotidianas de descarte de resíduos sólidos, de que forma o plantio de árvores podem ajudar o meio ambiente, reciclagem, dentre diversas outras ações e abordagens pedagógicas. O coordenador da Seduc considera que a base do desenvolvimento desse senso crítico é ainda na escola.
Na Escola Estadual Marechal Cordeiro de Farias, no bairro do Marco, em Belém, professores e alunos já se engajam não somente na disciplina de Educação Ambiental, mas em ações concretas que estimulam a sustentabilidade como prática pedagógica. No local, uma horta comunitária estimula o plantio de diversas espécies de frutas, legumes e verduras. Tudo feito pelos estudantes, que integram as séries do ensino fundamental e médio. O que é colhido também é usado na merenda escolar.
A partir das práticas agrosustentáveis ensinadas na sala de aula, o professor, que é monitor do projeto sustentável no colégio, Augusto César Chaves, conta que os alunos participam de todo o processo, desde o plantio até a colheita: “Há mais de 10 anos a escola trabalha essas questões da sustentabilidade e meio ambiente. Contamos com esse quintal produtivo, que é uma mini-floresta, onde a matéria-prima, por exemplo, é a própria natureza, que se retroalimenta através de um processo de reciclagem dessa matéria orgânica”.
Com aulas semanais, como explica o professor de educação ambiental, Ithamar Borges, os alunos também aprendem temas como práticas de destinação de resíduos de forma correta, por exemplo, como propõe os materiais da Seduc. As atividades também envolvem rodas de conversa, debates e “A gente procura trabalhar a parte teórica na sala de aula e levando os alunos para prática, para termos um conhecimento maior como é que funciona é todo esse mecanismo da educação ambiental”, frisa Ithamar.
A estudante Flávia Luiza Progênio, 13 anos, aluna do 9º ano, conta que a disciplina de Educação Ambiental é um diferencial no processo educativo dela. “Eu acho uma iniciativa muito boa, é uma boa oportunidade para os alunos. Nem todas as escolas dão essa iniciativa”. Também envolvida no projeto da horta escolar, ela conta o que realiza nas aulas: “A gente ajuda a supervisionar a horta, planta. E, agora, vamos iniciar um processo em que vamos repor a água com os nutrientes”, acrescenta.
Já a discente do 8º ano, Samia Lopes, de 13 anos, relata que nas aulas ela pode aprender a importância de cultivar as plantas para o equilíbrio do meio ambiente, porque segundo ela, como descobriu na disciplina, “as plantas não são infinitas. Um dia vão acabar”, ao citar que aprendeu medidas contra o desmatamento durante as aulas. Além disso, a jovem lembra que todas as atividades geram novos aprendizados na vida dela: “E, com a COP-30, essa matéria incentiva todo mundo”.