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Dia do Sexo: número de pessoas que têm repulsa pela prática sexual é crescente, avalia especialista

A reportagem de O Liberal conversou com a sexóloga clínica e educadora sexual Monica Moura, que analisou como o pensamento humano sobre o sexo evoluiu ao longo do tempo

Igor Wilson

Na era digital, o sexo está mais acessível do que nunca, com aplicativos de encontros e pornografia facilmente disponíveis a um clique. No entanto, a humanidade parece estar menos interessada na prática sexual. Estudos publicados são unânimes em apontar que nunca se fez tão pouco sexo em toda a história da civilização. O paradoxo desse cenário, em que a oferta é abundante, mas o interesse decai, levanta questões sobre como a sociedade enxerga o sexo e as novas formas de relacionamentos. Para esta sexta-feira (6/9), Dia do Sexo, a reportagem de O Liberal conversou com a sexóloga clínica e educadora sexual Mônica Moura, que analisou como o pensamento humano sobre o sexo evoluiu ao longo do tempo.

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Essa tendência destacada pela sexóloga se assemelha ao que foi retratado no filme O Demolidor, de 1993, sucesso de bilheterria protagonizado por Silvester Stallone e Wesley Snipes. O longa projetava uma sociedade futura onde o sexo físico seria substituído por experiências virtuais. Para Monica, essa ficção está mais próxima da realidade do que imaginávamos. “Hoje, percebo e recebo muitas pessoas que têm desenvolvido repulsa ao sexo, está tão disponível e de uma forma tão agressiva que chega até a ferir, infelizmente tem sido um problema”, diz.

O poliamor

A sexualidade hoje, embora plural, é vivida de maneira diferente. Relações não monogâmicas, por exemplo, ganham cada vez mais destaque, o que, segundo a sexóloga, reflete uma mudança na forma como a sociedade lida com o desejo sexual. “As relações poliamorosas estão sendo mais respeitadas. As pessoas estão se permitindo entender mais que o desejo sexual não é monogâmico, não é exclusivo", afirma.

Monica Moura também alertou para as consequências das novas formas de interação sexual, como o surgimento do "pornô de vingança", prática em que vídeos íntimos são expostos sem consentimento, resultando em danos profundos para as vítimas.

Em um contexto onde o sexo parece ter perdido parte de sua aura transgressora, sexóloga conclui que a humanidade, de fato, está vivendo um momento singular. “O sexo é desejado porque ele é proibido, porque é escasso, porque é difícil ter. Para ter desejo sexual a gente precisa dessa escassez. Quando me deparo com muita facilidade, o sexo perde o efeito transgressor, e isso me leva ao desinteresse”, conclui.

Pará