Deslizamento em Abaetetuba: moradores protestam contra instalação de torre
Eles dizem que foram obrigados a deixar suas casas, mas que, no local, está sendo erguida uma estrutura pesada
Os moradores dos bairros São José e São João, que tiveram que deixar suas casas após um deslizamento de terra, há pouco mais de um mês, em Abaetetuba, no nordeste do Pará, estão indignados. Eles dizem que saíram de suas residências porque as autoridades alegaram que os imóveis estão no “polígono de risco”. No entanto, uma nova torre de energia, que é bastante pesada, está sendo erguida no local. Na semana passada, eles fizeram um protesto na cidade.
Em um dos vídeos que circularam nas redes sociais, uma moradora disse: “Queremos explicação das nossas autoridades. Eles colocaram pra nós que toda essa área estava em risco, a ponto de desabar. Como é que agora vão botar uma torre no meio da rua? Botaram trabalhadores e caminhão em uma área que é de risco, que está na iminência de cair”. Ela acrescentou: “Não abandonamos nosso bairro. Fomos obrigados a sair de nossas casas”.
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Entenda o caso
O deslizamento de terra na orla de Abaetetuba ocorreu em 26 de fevereiro e atingiu quase 700 pessoas. O desastre ambiental afetou 218 imóveis e 227 famílias, conforme atualização feita, no dia 24 de março, pela Defesa Civil Municipal. As 670 pessoas que residiam nos bairros São José e São João tiveram que sair de suas casas, construídas na área classificada pelas autoridades como “polígono de risco”.
No dia seguinte ao deslizamento, em 27 de fevereiro, o governador Helder visitou o local. Ainda no dia 27 de fevereiro, foi publicado, em edição extra do Diário Oficial do Estado, o decreto nº 2.915 que declara situação de emergência no município de Abaetetuba por 180 dias. E a torre de energia que ficou inclinada após deslizamentos de terra, em Abaetetuba, foi removida. O processo erosivo inclinou o equipamento, o que, à época, deixou mais de 400 moradores das ilhas do município sem energia.
No dia 23 de março, a energia elétrica de moradores das ilhas da cidade foi desligada para conduzir a operação de desligamento da rede e remoção da torre. "Após a realização de estudos técnicos para melhor compreensão do impacto da erosão na estrutura e na base da torre, foi constatado que a mesma está instável e apresenta risco de queda. Como medida de segurança será necessário efetuar o desligamento e retirada da rede que atravessa o rio para que seja feita a desmontagem da torre inclinada ", diz nota da Equatorial.
Prefeitura de Abaetetuba se posicionou sobre o assunto
Em suas redes sociais, a Prefeitura de Abaetetuba informou que, na manhã de quinta-feira (30), foi realizada uma reunião entre a prefeitura, Ministério Público, Polícia Civil, Equatorial Energia e moradores das ilhas afetadas pelo desligamento da torre de energia e a população afetada pelo deslizamento e evacuada dos bairros São José e São João.
Na oportunidade, foram esclarecidos os esforços que vêm sendo empreendidos no sentido de garantir os direitos de todos os afetados pelo desastre. O órgão ministerial esclareceu à população a necessidade de restabelecimento do fornecimento de energia para as ilhas Sirituba e Tabatinga, onde mais de 470 famílias encontram-se sem acesso a este direito básico.
O que, diz a prefeitura, implica na necessidade de acatar a única alternativa viável apresentada pelos técnicos da distribuidora de energia, que é a instalação provisória de uma torre dentro da área do polígono de risco. “Diante da deliberação, a Prefeitura, enquanto gerente do desastre, autorizará a entrada da Equatorial no polígono de risco, sendo a responsabilidade técnica sobre a ação integralmente da empresa, que fará a instalação da torre provisória para mitigar o sofrimento dos afetados adjacentes”, afirmou ainda a prefeitura.