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CRM-PA investiga mutirão de catarata que deixou pacientes cegos em clínica de Icoaraci

A informação foi detalhada nesta quinta-feira (17) pela presidente da entidade, Tereza Cristina de Brito Azevedo

Dilson Pimentel e Gabriel Pires

O Conselho Regional de Medicina do Estado do Pará (CRM-PA) irá investigar o caso do mutirão de catarata que deixou pacientes cegos em uma clínica de Icoaraci. A informação foi detalhada nesta quinta-feira (17) pela presidente da entidade, Tereza Cristina de Brito Azevedo. Até o momento, nenhuma denúncia sobre a unidade foi formalizada no conselho, que soube por meio da imprensa, de acordo com a gestora.

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Durante a coletiva, a presidente também detalhou que CRM não sabe quando foi realizado o mutirão, mas que está apurando todos os demais detalhes da ocorrência. Ela pontuou, também, que caso a caso envolvendo será apurado, para que as circunstâncias sejam esclarecidas, ela acrescenta. As medidas do conselho diante disso começaram uma fiscalização na clínica na tarde da última quarta-feira (16).

"A clínica estava sem paciente, mas havia funcionários. Os consultórios e os setores por onde passam os pacientes foram avaliados por nós. Tiramos fotos. Mediante essa fiscalização, emitimos um relatório, que será encaminhado para as autoridades competentes. Irá para a Vigilância Sanitária, para o Conselho Federal de Medicina, para o Ministério Público, para a Secretaria de Saúde e para o diretor da clínica”, detalha a presidente do CRM.

No momento, com as investigações em curso, o estabelecimento continua funcionando normalmente, devido à fase preliminar das apurações, como detalhado pela presidente do CRM. " Se houve infração ética, é isso que vai ser apurado. As outras intercorrências serão apuradas pelas áreas competentes", observa a gestora.

"A gente vai ver se houve infração ética. E o Ministério Público, quando tem uma demanda nesse nível, costuma também nos encaminhar. E ainda, quero informar que não houve nenhuma denúncia por parte dos pacientes, não recebemos. Se houver, será apurada uma por uma. Todas as denúncias que são encaminhadas para o Conselho Regional de Medicina são devidamente apuradas", reforça Tereza.

Também durante a coletiva, foi detalhado que a Clínica São Lucas está devidamente inscrita no Conselho Regional de Medicina. Além disso, as vítimas que foram afetadas podem formalizar denúncias no CRM.

Havia uma máquina de lavar no centro cirúrgico da clínica, diz CRM

O vice-presidente do CRM é o dr. Lauro Barata, mestre em Oftalmologia, que também participou da coletiva. “Nós fiscalizamos ontem (quarta) a clínica. Chegamos lá em torno de 16 horas e fizemos um apanhado geral de toda a parte estrutural da clínica, visitando centros cirúrgicos, consultórios. E, a partir daí, nós vamos fazer um relatório e encaminhar para as autoridades competentes. Temos que dar uma resposta para a sociedade”, disse.

O dr. Lauro Barata citou “situações” que deixaram “preocupados” os dirigentes do CRM. “A presença de formol envolto em gases jogados no chão, uma máquina de lavar dentro do centro cirúrgico. Não tinha até mesmo o preenchimento adequado das fichas dos pacientes que tinham sido operados naquele dia”, afirmou. Ele completou: “Na autoclave não apresentava nada relacionado ao tempo de esterilização. Então tem algumas situações que nos deixaram preocupados. Vamos preparar o relatório e enviá-lo para a Vigilância Sanitária, para o Ministério Público e, a partir daí, vão ser tomadas medidas cabíveis”. A autoclavagem é um tratamento térmico bastante utilizado no ambiente hospitalar e que consiste em manter o material contaminado a uma temperatura elevada, através do contato com vapor de água, durante um período de tempo suficiente para destruir todos os agentes patogênicos.

Um homem que se disse representante da clínica ligou para a redação, nesta quinta-feira. E, sem se identificar, questionou as informações dadas durante a coletiva do CRM. Afirmou, por exemplo, que não era uma máquina de lavar, mas, sim, um equipamento de esterilização. No entanto, nada disse sobre os pacientes que ficaram cegos e, em seguida, desligou o telefone.

Sobre o caso

A Polícia Civil do Pará investiga um mutirão de cirurgias de catarata, realizado na clínica particular São Lucas, no distrito de Icoaraci, em Belém, que deixou pelo menos 23 pacientes com cegueira total e parcial. O procedimento, que fazia parte de uma parceria com o Sistema Único de Saúde (SUS), acabou em tragédia para parte dos participantes.

Algumas vítimas precisaram amputar o olho em decorrência de infecções graves, causando comoção entre os familiares e gerando demandas por justiça. O Ministério da Saúde acompanha as investigações e a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) garantiu que suspenderá preventivamente os encaminhamentos para realização de procedimentos oftalmológicos na clínica.

Pará