Cisam busca ampliar pesquisas sobre sociobiodiversidade na Amazônia
Centro reúne 13 universidades federais na mobilização para captar recursos para ações focadas na flora, fauna e comunidades da região
Uma nova frente de mobilização de pesquisadores da Amazônia acaba de ser formada para viabilizar pesquisas relacionadas à flora, fauna e comunidades na região. Trata-se do Centro Integrado da Sociobiodiversidade da Amazônia (Cisam), reunindo 13 universidades federais, com perspectivas de adesão de outras intituições da região e trabalhos em oito áreas (coordenações) de atuação. O Centro é liderado pela Universidade Federal do Pará (UFPA).
O biólogo e professor doutor Leandro Juen, da UFPA, e coordenador do Cisam, informa que esse Centro busca fortalecer as parcerias de pesquisas, ensino e extensão das instituições de pesquisa e ensino superior amazônicas. São três os objetivos principais do Centro: somar esforços para avançar em novas pautas e metas de pesquisa e ações por meio da participação ativa da sociedade amazônida; atuar de forma multidisciplinar com diferentes grupos sociais na co-produção de soluções multidimensionais aos desafios socioambientais da Amazônia; e promover ações de Pesquisa e Extensão inclusivas adotando uma abordagem “de baixo para cima e de dentro para fora” que protagonize a liderança ativa das instituições e pessoas amazônidas.
"Em respeito à sociobiodiversidade da região, a Amazônia precisa ser pensada no todo; daí, essa proposta de integração das instituições amazônidas via Cisam para um melhor aproveitamento da estrutura já existente e para expansão das ações, com essas instituições atuando como representantes legítimas da Amazônia, até porque elas lideram no mundo a produção de conhecimento sobre sociobiodiversidade da região", enfatiza o professor Leandro Juen.
As 13 Universidades Federais (UFs) da Amazônia que já integram a proposta do Cisam correspondem a mais de 13 mil professores e 203 mil estudantes de 840 Cursos de Graduação e 323 pós-graduações, com campi distribuídos em diversas cidades amazônicas. Essa grande capilaridade possibilitará que as ações e recursos alcancem uma ampla cobertura territorial da Amazônia – algo essencial para alcançar os objetivos do Cisam, bem como promover a liderança das instituições de ensino e pesquisa em áreas remotas da Amazônia e solucionar os vários desafios enfrentados por essas instituições.
Foco regional
Para os pesquisadores do Cisam, "qualquer proposta de solução e/ou ações focadas na Amazônia precisam levar em consideração a hiperdiversidade sociocultural e ambiental, bem como os diversos desafios enfrentados pela região". Assim, "o Cisam se estrutura em oito coordenações que trabalharão de forma integrada em diferentes projetos: 1) Biodiversidade e Conservação; 2) Monitoramento das Águas, Florestas, do Solo e Clima; 3) Monitoramento do Oceano e da Foz do Amazonas; 4) Contaminação Ambiental e Saúde do Amazônida; 5) Povos e Populações da Amazônia; 6) Cidades, vilas e territórios Amazônicos; 7) Dinâmicas Socioeconômicas Territoriais e Fundiárias na Amazônia; e 8) Inovação, Bioeconomia, e Desenvolvimento Sustentável".
A integração dessas áreas, segundo os pesquisadores, possibilitará ações e projetos interdisciplinares e multidimensionais focados na promoção de soluções para os grandes desafios da região e na transferência de conhecimentos para as populações amazônidas.
"O Cisam promoverá colaborações que efetivamente diminuam as desigualdades por meio do compartilhamento de recursos entre os seus núcleos que serão estabelecidos em cada instituição parceira na Amazônia Legal. Em adição aos projetos no âmbito das oito Coordenações descritas, também idealizamos a implementação, em longo prazo, do Museu das Amazônias (MAS), compreendendo acervos sobre biodiversidade e diversidade sociocultural dos povos originários e tradicionais amazônidas".
Os pesquisadores informam que a proposta do Cisam já foi apresentada a Luciana Santos, ministra de Ciência, Tecnologia e Inovações; a Celso Pansera, presidente da Financiadora de Estudos e Projetos do MCTI (FINEP) e também se reuniram com Ricardo Galvão, presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
A intenção de agregar outras instituições de pesquisa da região no Centro é justificada pela informação levantada pelos pesquisadores de que "um levantamento demonstrou que em 160 municípios da Amazônia Legal há mais de 300 campi de universidades e instituições de ensino e/ou pesquisa, que mobilizam muitos pesquisadores, técnicos e professores que possibilitam a formação de profissionais qualificados para atuar no desenvolvimento e na proteção da Amazônia".
A Região Amazônica reúne cerca de 7.5 milhões de km², abriga a maior área de floresta tropical do mundo e é essencial para vários serviços ecossistêmicos, como a geração de chuvas, distribuição de umidade pelos rios voadores e estabilidade climática por meio do armazenamento e sequestro de carbono. Na Amazônia vivem cerca de 40 milhões de pessoas de mais de 300 etnias e que falam mais de 300 línguas diferentes. Essa diversidade de pessoas e costumes é mantida nas áreas urbanas, mas estão principalmente nas comunidades tradicionais – incluindo povos indígenas, quilombolas, extrativistas, e ribeirinhos – que apresentam identidade cultural a partir de conhecimentos tradicionais, como pontuam os pesquisadores do Cisam.
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