Cidade verde: Belém tem mais de 8 mil novas mudas de árvores
A Prefeitura de Belém, o Museu Emílio Goeldi e a Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) debatem sobre o processo de arborização na capital paraense
A Prefeitura de Belém, o Museu Emílio Goeldi e a Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) debatem sobre o processo de arborização na capital paraense
Em Belém, a arborização urbana se torna cada vez mais essencial para melhorar a qualidade de vida da população. Desde 2022, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) tem investido na arborização urbana, com o plantio de mais de 8 mil mudas de árvores, abrangendo uma variedade de 68 espécies que contribuem para a melhoria ambiental da cidade. Esse esforço visa não só embelezar os espaços urbanos, mas também combater as mudanças climáticas, melhorar a qualidade do ar e promover o bem-estar da população. A diversidade de espécies escolhidas é fundamental para garantir a sustentabilidade e resiliência do ambiente urbano.
A Prefeitura de Belém, o Museu Emílio Goeldi e a Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) proveram, na última quinta-feira, 21, um debate sobre o processo de arborização na capital paraense, com a participação de pesquisadores e especialistas no assunto. Instituições como a Ufra e o Museu Paraense Emílio Goeldi colaboram ativamente no projeto, contribuindo com pesquisas científicas, escolha das espécies mais adequadas ao clima e solo da região, além de orientações sobre plantio e manutenção. A união entre ciência e gestão pública visa promover uma Belém mais verde e sustentável.
Conforme Kayan Rossy, diretor do Departamento de Áreas Verdes Públicas da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), o trabalho de arborizar Belém exige um planejamento minucioso. “A população muitas vezes acha que basta plantar uma árvore, mas o processo envolve estudos prévios de solo, espaçamento aéreo e seleção das espécies adequadas. Uma escolha equivocada pode trazer mais problemas do que benefícios”, explica o biólogo, destacando que espécies com raízes agressivas, como a sumaúma e o fícus, podem comprometer calçadas, redes de drenagem e até a segurança de moradores.
De acordo com Kayan Rossy, é importante que os moradores não plantem mudas sem autorização, pois espécies inadequadas podem causar problemas ao espaço. “Um exemplo disso é a Avenida Bernardo Sayão, onde mudas plantadas por moradores podem danificar a estrutura de macrodrenagem recém-construída”. Ele explica que a Semma pode ser acionada para orientar ou realizar o plantio em ruas, quintais e calçadas, garantindo que as árvores sejam apropriadas para o local.
Sérgio Brazão, engenheiro agrônomo da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) e coordenador do Fórum de Mudanças Climáticas de Belém, reforça que “as árvores atuam como reguladoras do microclima, diminuindo a temperatura e melhorando a qualidade do ar”. Segundo ele, desafios como a resistência cultural e a falta de conscientização ambiental são entraves para expandir o verde urbano. “Muitas pessoas removem árvores para abrir espaço para garagens ou porque têm medo de quedas. É preciso educar a população para enxergar as árvores como aliadas, não como obstáculos”, afirma.
Outro aspecto relevante da arborização é a preservação da biodiversidade urbana. Marlúcia Martins, doutora em Ecologia e coordenadora de pesquisa do Museu Paraense Emílio Goeldi, destaca que as árvores desempenham um papel fundamental na manutenção de polinizadores e na segurança alimentar. “Além dos benefícios climáticos, as árvores contribuem para a fauna urbana, oferecendo frutos e flores que atraem aves e insetos. Isso fortalece a cadeia ecológica e reforça a identidade cultural da cidade”, diz.
Os locais mais contemplados com o plantio de árvores incluem importantes vias da cidade, como a Avenida Almirante Barroso (232 mudas), Avenida Augusto Montenegro (178 mudas) e a Avenida Perimetral (239 mudas). As praças, que são pontos de encontro para a população, também receberam grande parte das mudas, com destaque para a Praça Marajó (119 mudas), a Praça Dom Alberto Ramos (42 mudas) e a Praça da República (55 mudas). Além disso, o projeto abrange outras áreas como escolas, hospitais, centros comerciais e diversos bairros da capital paraense.
Segundo a Semma, um levantamento realizado pelo DAVP revela que entre as espécies mais plantadas, destacam-se o Ipê Rosa (300 mudas), o Pau Preto (286 mudas) e a Mangueira (120 mudas), com o Mamorana e o Oiti também recebendo significativa atenção (88 mudas cada).
(Lucas Quirino, estagiário sob supervisão de João Thiago Dias, coordenador do núcleo de Atualidade)