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Casos de escalpelamento em 2021 já ultrapassaram ocorrências de 2020 no Pará

Neste mês, a Capitania dos Portos da Amazônia Oriental (CPAOR) promove uma programação especial de conscientização sobre o acidente nas regiões ribeirinhas

Paulo Henrique Gadelha / Especial O Liberal

No próximo dia 28 de agosto será celebrado o Dia Nacional de Combate e Prevenção ao Escalpelamento. Por conta da data, a Capitania dos Portos da Amazônia Oriental (CPAOR) irá realizar uma programação especial, com o objetivo de fortalecer a conscientização de ribeirinhos de regiões do Estado do Pará e, assim, evitar o escalpelamento. O acidente consiste no arrancamento brusco e acidental do escalpo (couro cabeludo), na sua maioria de meninas e mulheres, e costuma ocorrer em embarcações de pequeno porte. A programação ocorrerá de 20 a 29 de agosto, em Belém, Breves e Curralinho, onde serão realizadas palestras e demais ações educativas.

Embora os números do acidente tenham caído nos últimos anos, ocorrências até agosto de 2021 já ultrapassaram casos totais de 2020. Segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), foram registrados oito casos de escalpelamento em 2020. Este ano, até o momento, segundo a Sespa, há 10 casos do acidente.

De acordo com o almirante de Esquadra Almir Garnier Santos, comandante da Marinha, o acidente deve ser permanentemente combatido. “Mesmo que as estatísticas tenham reduzido nos últimos anos, as campanhas de conscientização e esclarecimento devem ser permanentes. O único caso de escalpelamento que aconteça não deve ser aceito e já deve ser considerado preocupante, pois, além da questão física, existe o fator emocional. É sempre uma situação extremamente dolorosa para as moças, que sofrem esse tipo de acidente, e seus familiares”, considera Almir Garnier Santos.

As atividades da programação serão realizadas em áreas ribeirinhas das cidades contempladas pela campanha. Durante as ações, serão realizadas, de forma gratuita, coberturas de eixos de motores de embarcações, doações de coletes salva-vidas, distribuição de panfletos educativos de prevenção ao escalpelamento e palestras.

Assistência

O acolhimento aos pacientes e acompanhantes é realizado pelo Espaço Acolher, onde as vítimas ficam no aguardo de cirurgias reparadoras ou demais procedimentos necessários para melhorar o estado clínico e psicológico, informou a Sespa. Ainda conforme a Secretaria, a assistência às vítimas é realizada pelas unidades básicas de saúde e de urgência e emergência, Hospitais Regionais e Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, por meio do Programa de Atendimento Integral às Vítimas de Escalpelamento (PAIVES), conforme o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas.

Em Belém, a Organização dos Ribeirinhos Vítimas de Acidente de Moto (ORVAM) atende, desde 2011, vítimas de escalpelamento, realizando um trabalho pós-acidente. De acordo com a assistente social Alessandra Almeida, que atua na instituição como voluntária, as vítimas de acidente devem procurar o espaço depois do processo de cicatrização.

A ONG trabalha a autoestima de mulheres que sofreram escalpelamento e com a confecção de perucas, a partir do recebimento de doações de cabelos. Conforme a voluntária, inicialmente, é feito um trabalho de acolhimento. “Na instituição, é realizado um cadastramento, no qual é registrado um relato social da pessoa, que conta como o acidente aconteceu e fornece informações mais detalhadas”, explica a assistente social.

Posteriormente, o atendimento é direcionado, de acordo a procura do público. “Se o tipo de escalpelamento for total, a pessoa recebe uma peruca. Se for apenas parcial, a área lesionada da vítima é medida para ser colocada uma prótese”, complementa Alessandra Almeida.

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