MENU

BUSCA

Carnaval 2025: foliões vão às ruas nos blocos tradicionais de Vigia de Nazaré

'As Virgienses', a 'Gaiola das loucas' e os 'Cabraçudos' festejam com muita animação e irreverência

Dilson Pimentel e Eva Pires | Especial para O Liberal

Os foliões dão início, na tarde desta segunda-feira (3), aos blocos no Carnaval de Vigia, no nordeste do Pará. A festividade é uma das mais irreverentes do Estado. Os brincantes que saem nos blocos também chamam a atenção para a diversidade e para a importância do respeito às diferenças, combatendo o preconceito, a discriminação e a LGBTfobia.

Nesta segunda-feira (3), desfilam pelo corredor da folia três blocos tradicionais. O primeiro é "As Virgienses", em que homens se vestem com roupas de mulheres. Depois, os "Cabraçurdos", em que as mulheres usam acessórios masculinos. Há, também, a "Gaiola das Loucas", o único bloco direcionado para o público LGBTQ+ no Carnaval de Vigia, que vai encerar a folia nesta segunda-feira, a partir das 22 horas.

Pedro Palheta, presidente do bloco “As Virgienses”, o mais antigo do município, explicou o tema deste ano: "As Virgienses 40 anos de folia". Tudo começou em 1985, como uma brincadeira entre amigos, quando ficou decidido que os brincantes que iriam pular o Carnaval na segunda-feira gorda estivessem fantasiados com trajes femininos. O ponto de encontro foi a rua de Nazaré com a avenida Marciolino Alves, que se manteve até os dias atuais. "Eles estavam ‘tomando uma’, como se diz, e resolveram usar as roupas das mulheres para festejar", contou Pedro.

VEJA MAIS

O bloco "As Virgienses" fez, este ano, 40 anos de história no Carnaval de Vigia, e para Thiago Palhetta, a comemoração foi especial. “O tema é 40 anos, 40 anos de folia no Carnaval da Vigia, 40 anos que 'As Virgienses' virou a chave para o Carnaval da Vigia ser o maior do Pará”, destacou. A ligação dele com o bloco vai além da gestão – ele nasceu no mesmo ano da fundação e, há 11 anos, coordena a festa ao lado de uma grande equipe. “Participei dos 30 anos, estou participando dos 40 e estou meio que me despedindo da gestão, com muita honra e amor, porque 'As Virgienses' é amor”, afirmou.

Gaiola das Loucas

Sandy Wendy, coordenadora do bloco "Gaiola das Loucas", disse que a ideia surgiu em 1997 por um grupo de amigos LGBTs que sofriam LGBTfobia nos blocos da cidade. Surgiu como um ato de resistência e para poder brincar o Carnaval de Vigia, contou. O bloco, que antes saía no domingo, agora sai na segunda. "É um dos mais esperados", afirmou. O diferencial é que o bloco leva fantasias, como se fosse uma mini escola de samba, com DJ tocando Tribal. Neste ano o tema é: "28 anos de resistência no Carnaval de Vigia".

Pelo quinto ano seguido, Mateus Ferreira, 21 anos, veio para a folia dos blocos de Vigia. E para o DJ de eventos, não há festa igual. “O diferencial é a vibração da galera, a animação. Pode fazer chuva ou sol, que vai estar cheio”, garantiu, enquanto desfilava pelo meio da multidão vestido de noiva. O motivo da escolha da fantasia? “Estou atrás de um novinho, levaram o meu e estou atrás de um novo”, brincou.

Cabraçurdos

Foliã do bloco dos "Cabraçurdos", Ivaneide Damasceno saiu de Belém para curtir o Carnaval fantasiada de homem em Vigia. Ela, moradora do bairro do Guamá, trabalha com decoração. "Eu tenho 43 anos, eu já participo mais de 10 anos aqui. Eu venho lá de Belém para cá. Esse ano a gente veio da turma do Chaves, porque a gente gosta muito de crianças e a gente adora crianças. Então a gente que se inspirou na turma do Chave. Com alegria. Para os adultos e para as crianças também".

Já Lúcio Carvalho, de 55 anos, também foi de Belém para Vigia. Ele diz que já é figurinha carimbada na folia de vigiense há duas décadas. Para ele, o que faz o Carnaval ser especial é a energia coletiva. “Eu gosto da harmonia de todo mundo, a gente conhece gente”, afirmou, enquanto desfilava vestido de mulher. E não veio sozinho: acompanhava um grupo de 25 pessoas, incluindo amigos e familiares, todos devidamente fantasiados, garantindo que a festa fosse ainda mais animada.

Pará