MENU

BUSCA

Câncer de Pâncreas: sintomas iniciais sutis são um desafio para diagnóstico precoce

O músico Tony Beloto, da banda Titãs, revelou na última segunda-feira (3) que está em tratamento contra a doença

Talison Lima / Especial para O Liberal

O músico Tony Beloto, da banda Titãs, revelou na última segunda-feira (3) que está em tratamento contra o câncer de pâncreas. O anúncio chama atenção para a doença e sua necessidade de um diagnóstico precoce. No ano passado, no Pará, a doença vitimou 255 pessoas, 5,3% a mais do que em 2023, quando 242 pessoas morreram por câncer de pâncreas, conforme dados da Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa). Ana Paula Banhos, oncologista clínica do Hospital Ophir Loyola, fala que esse tipo de câncer é um dos mais difíceis de diagnosticar e tratar.

A proporção dos casos com relação ao número de mortes também chama atenção para a dificuldade dos diagnósticos: enquanto 255 pessoas morreram de câncer de pâncreas em 2025, apenas 48 casos foram diagnosticados. Em 2023, os casos registrados foram 69.

"A Sespa ressalta que os números de casos foram registrados em unidades do SUS e que, por se tratar de um câncer com difícil diagnóstico, por ser assintomático nos estágios iniciais, muitos casos são registrados tardiamente. As unidades de referência estadual para o tratamento de câncer são: Hospital Ophir Loyola (HOL), Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo (HOIOL), em Belém, Hospital Regional Público de Castanhal (HRPC), o Hospital Regional do Baixo Amazonas, em Santarém, o Hospital Regional de Tucuruí e o Hospital Regional do Sudeste do Pará, em Marabá", informa a Sespa, em nota.

Segundo a especialista Ana Paula Banhos, o câncer de pâncreas é uma doença complexa, mas que existem fatores de riscos conhecidos e que podem ser evitáveis, reduzindo também o risco da doença. “Algumas não são evitáveis, estão relacionadas à genética, à hereditariedade, como por exemplo, mutações nos supressores tumorais, são genes que já nascem conosco, que podem aumentar o risco do câncer de pâncreas”, contou.

 

 

Desafios

O pâncreas, uma glândula localizada atrás do estômago, tem funções essenciais no corpo, como a produção de enzimas que auxiliam na digestão e hormônios, como a insulina. O câncer de pâncreas ocorre quando células deste órgão começam a crescer de forma descontrolada, formando tumores malignos.

"O câncer de pâncreas é frequentemente diagnosticado em estágios avançados, pois os sintomas iniciais como dor abdominal, perda de apetite e icterícia (amarelamento da pele) são comuns a muitas doenças. O paciente que tem, por exemplo, casos conhecidos na família, são fortes candidatos a ter uma origem por mutações genéticas hereditárias herdadas”, explicou Ana Paula.

Riscos

O tabagismo, a obesidade e as dietas ricas em carne vermelha processada estão entre os fatores de risco mais fortes relacionados à doença. Manter um peso saudável, uma dieta balanceada pode ajudar na prevenção.

“O estilo de vida saudável, como adotar uma alimentação mais balanceada, realizar atividade física regular e também a redução do consumo de álcool, ajudaria essa paciente, essa pessoa que hoje não tem o câncer, por exemplo, é evitá-lo”, alertou a oncologista. 

Oportunidade para a conscientização

O anúncio do diagnóstico de câncer de pâncreas feito pelo músico Tony Beloto, vocalista e tecladista da banda Titãs, serve como um lembrete impactante de que essa doença pode acometer qualquer pessoa. Em uma publicação nas redes sociais, Beloto compartilhou que inicialmente experimentou sintomas leves, que foram se intensificando com o passar do tempo, levando à descoberta da doença em seu estágio inicial.

Mostrando otimismo em relação ao tratamento, o músico tem recebido uma onda de apoio dos fãs e da comunidade artística. Sua história serve como um alerta para que as pessoas não ignorem sintomas que podem parecer triviais, mas que, se tratados precocemente, podem aumentar as chances de recuperação.

"O câncer de pâncreas é uma doença séria e de difícil detecção, mas o conhecimento dos sintomas e fatores de risco pode fazer a diferença no diagnóstico precoce e, consequentemente, no sucesso do tratamento. Descobrir a doença durante exames de rotina, ilustra perfeitamente a importância de cuidar da saúde e realizar check-ups regularmente", concluiu Ana Paula Banhos.

Veja os principais sintomas e saiba como identificar:

Os sintomas do câncer de pâncreas podem variar, mas os mais comuns incluem:

  • Icterícia: Amarelamento da pele e dos olhos devido ao acúmulo de bilirrubina.
  • Dor abdominal e nas costas: Descrita frequentemente como "dor em cinturão", que pode irradiar para as costas.
  • Perda de peso inexplicada: A queda de peso sem motivo aparente é um sinal de alerta.
  • Alterações nas fezes e urina: Fezes com coloração clara ou oleosas e urina escura.
  • Falta de apetite e náuseas: Sensação de estômago cheio e dificuldade em se alimentar normalmente.
  • Diabetes de início recente: O surgimento repentino de diabetes pode ser um indicativo, já que o tumor pode afetar a função das ilhotas pancreáticas.

 Adotar um estilo de vida saudável, evitar o tabagismo, manter um peso adequado e realizar exames de rotina pode reduzir o risco de desenvolver o câncer de pâncreas.

Principais fatores que aumentam as chances de desenvolver a doença, destacam-se:

  • Tabagismo: Fumantes têm o risco duas vezes maior.
  • Obesidade: Especialmente quando o índice de massa corporal (IMC) é elevado.
  • Diabetes: Tanto como fator de risco quanto como possível consequência da doença.
  • Histórico familiar: Antecedentes de câncer de pâncreas na família aumentam o risco.
  • Pancreatite crônica: Inflamações recorrentes no pâncreas podem predispor à formação de tumores.

Diagnóstico do câncer de pâncreas

Devido à falta de sintomas específicos nos estágios iniciais, o câncer de pâncreas é frequentemente identificado quando já está avançado. O diagnóstico envolve uma combinação de:

  • Exames de imagem: Tomografia computadorizada (TC) e ressonância magnética (RM) são fundamentais para visualizar o tumor e avaliar sua extensão.
  • Ultrassonografia endoscópica: Permite a obtenção de imagens detalhadas e, em alguns casos, a realização de biópsia.
  • Exames de sangue: Marcadores tumorais, como o CA 19-9, podem estar elevados e ajudar no acompanhamento da doença.
  • Biópsia: Em casos necessários, a confirmação histológica é feita através da análise de uma amostra de tecido.

Quanto antes o tumor for identificado, maiores são as chances de uma intervenção cirúrgica curativa e melhora no prognóstico.Tratamentos disponíveis

O tratamento do câncer de pâncreas depende do estágio da doença e das condições clínicas do paciente. As principais abordagens incluem:

  • Cirurgia: A única opção curativa, geralmente indicada quando o tumor é ressecável. O procedimento mais comum é a duodenopancreatectomia (procedimento de Whipple).
  • Quimioterapia e radioterapia: Usadas como tratamentos adjuvantes ou paliativos para reduzir o tumor e aliviar sintomas, principalmente em estágios avançados.
  • Cuidados paliativos: Focados em melhorar a qualidade de vida, aliviando sintomas e dores.
  • Devido à agressividade do câncer de pâncreas, as opções de tratamento podem ser limitadas se o diagnóstico ocorrer em estágios tardios.

Pará