Amazônia concentra 85% dos incêndios florestais nos 10 primeiros meses de 2022, diz o MapBiomas
Queimadas no Brasil, em outubro, atingiram área 66% maior do que em 2021
Entre o dia 1º e o dia 30 de outubro deste ano, as queimadas no Brasil aumentaram 66%, segundo dados do Monitor do Fogo, do MapBiomas. Em apenas 30 dias, 3,4 milhões de hectares foram queimados - 1,3 milhão de hectares a mais do que no mesmo mês de 2021.
Nenhum bioma queimou tanto em outubro como o Cerrado, onde a área afetada quase triplicou em relação ao mesmo mês do ano passado: 1,8 milhão de hectares foram atingidos pelo fogo no bioma - um crescimento de 196% em relação a outubro de 2021.
O aumento das queimadas na Amazônia também foi superior à média nacional: 74% a mais que no mesmo mês de 2021. A área queimada em outubro deste ano nesse bioma totalizou 1,3 milhão de hectares. Os números entre janeiro e outubro deste ano, por sua vez, mostram que 15,2 milhões de hectares foram atingidos pelo fogo no Brasil - uma área maior que o estado do Ceará.
O crescimento em relação aos 10 primeiros meses de 2021 foi de 11%, ou 1,5 milhão de hectares a mais. A maior parte da área consumida pelo fogo (72%) foi de vegetação nativa - em sua maioria, formações savânicas e campestres.
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Amazônia concentrou 85% dos incêndios florestais nos 10 primeiros meses deste ano
A Amazônia concentrou 85% dos incêndios florestais nos 10 primeiros meses deste ano. Nesse período, as florestas da Amazônia queimaram quase o dobro do que foi queimado em florestas na região em todo o ano de 2021.
Quase um terço (29%, ou dois milhões de hectares) do que foi queimado nesse bioma afetou florestas, sendo incêndios ou desmatamento seguido de fogo. Esse número foi mais que o dobro, 111% maior do que a área de floresta afetada por fogo no bioma no mesmo período em 2021 (976 mil ha).
Considerando a área total queimada na Amazônia, e não só a de florestas, o crescimento em relação ao ano passado foi de 34%.
Bioma mais afetado pelo fogo no Brasil é o Cerrado
Mas o bioma mais afetado pelo fogo no Brasil nos dez primeiros meses de 2021 é o Cerrado. Metade da área queimada no país entre janeiro e outubro (48%, ou 7,2 milhões de hectares) fica no Cerrado.
Embora este bioma tenha metade da extensão da Amazônia, ele praticamente empata com ela em área queimada: a Amazônia respondeu por 47% da extensão queimada nos 10 primeiros meses do ano (7,1 milhões de hectares). O aumento na área queimada no Cerrado nesse período foi de 17%.
Sozinho, o Mato Grosso respondeu por um em cada quatro hectares queimados no Brasil entre janeiro e outubro deste ano, ou 3,4 milhões de hectares. Pará e Tocantins ocupam o segundo e o terceiro lugar no ranking, com 2,5 milhões de hectares e 2,2 milhões de hectares, respectivamente. Juntos, esses três estados respondem por mais da metade (54%) de toda a área queimada no Brasil este ano até outubro.
Os três municípios que mais queimaram ficam na Amazônia, dos quais dois no Pará
Os três municípios que mais queimaram este ano ficam na Amazônia: São Félix do Xingu (PA), Altamira (PA) e Porto Velho (RO). Juntos, eles respondem por 1,1 milhão de hectares queimados, ou 8% do total nacional).
Trata-se de um crescimento de 131% em relação aos 495 mil hectares queimados no mesmo período de 2021. Esse aumento reflete o avanço do desmatamento no oeste do Pará e em Rondônia.
Boas notícias vieram da Mata Atlântica e do Pantanal. Este último apresentou a menor área queimada nos últimos quatro anos no período entre janeiro e outubro deste ano. O Monitor do Fogo contabilizou uma queda de 87% em relação aos dez primeiros meses de 2021.
O mês de outubro, no entanto, trouxe uma área queimada equivalente ao dobro do total queimado nos meses anteriores. A Mata Atlântica, por sua vez, teve a menor área queimada desde 2019, com exceção dos primeiros meses do ano (janeiro e fevereiro), devido a uma queimada na região próxima ao Parque Nacional Ilha Grande.
Saiba sobre o Monitor do Fogo
O Monitor do Fogo é o mapeamento mensal de cicatrizes de fogo para o Brasil, abrangendo o período a partir de 2019, e atualizados mensalmente. Baseado em mosaicos mensais de imagens multiespectrais do Sentinel 2 com resolução espacial de 10 metros e temporal de 5 dias.
O Monitor de Fogo revela em tempo quase real a localização e extensão das áreas queimadas, facilitando assim a contabilidade da destruição decorrente do fogo.
É uma iniciativa multi-institucional, que envolve universidades, ONGs e empresas de tecnologia, focada em monitorar as transformações na cobertura e no uso da terra no Brasil, para buscar a conservação e o manejo sustentável dos recursos naturais, como forma de combate às mudanças climáticas.
Esta plataforma é hoje a mais completa, atualizada e detalhada base de dados espaciais de uso da terra em um país disponível no mundo. Todos os dados, mapas, métodos e códigos do MapBiomas são disponibilizados de forma pública e gratuita no site da iniciativa: mapbiomas.org