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Alzheimer: especialista orienta como prevenir e tratar a doença

Nesta quinta-feira (21), é celebrado o Dia Mundial da Doença de Alzheimer. Manter atenção à saúde e exercitar o cérebro contribuem decisivamente para evitar a enfermidade

Eduardo Rocha

Buscar o diagnóstico precoce, praticar exercícios, prezar por alimentação saudável, tratar de doenças crônicas, como diabetes e pressão arterial elevada, exercitar o cérebro (reabilitação cognitiva), socialização e manter medicamentos com atenção. Esses são procedimentos que contribuiem na prevenção e combate à doença de Alzheimer, cujo Dia Mundial é nesta quinta-feira (21). As origentações, repassadas pelo médico neurologista Antônio de Matos, são importantes e estratégicas, até porque, no Brasil, entre pessoas de 60 a 70 anos de idade, 5% podem apresentar Alzheimer; entre 70 a 80 anos, 10% (de dez, uma pessoa tem); com mais de 80 anos, de 20 a 30% (uma pessoa a cada quatro pessoas). Entre a população idosa (60 anos em diante), 11%. Os dados foram levantados pela Associação Brasileira de Geriatria e Gerontologia. 

Antônio de Matos integra a Academia Brasileira de Neurologia (ABN) e a Sociedade Brasileira de Neurorradiologia Diagnóstica e Terapêutica (SBNR). Ele explica que o Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que afetas as células do cérebro, chamados neurônios, principalmente, os neurônios relacionados à memória. 

Essa doença é mais comum a partir dos 70 anos, porém, não é exclusiva dessa faixa etária. Os casos em pessoas de menos de 50 anos ou 50 até 70 são raros. Em uma pessoa muito jovem com quadro de esquecimento é muito provável que essa situação seja provocada por outras doenças que o Alzheimer. Mas, como identificar que alguém está com Alzheimer? Basicamente, como diz  o neurologista, o principal sintoma da doença é o esquecimento. Porém, várias doenças causam o esquecimento, e na maior parte das vezes  não se trata dessa especificamente dessa enfermidade. Até os 30 anos, a principal causa são doenças de cunho psiquiátrico, como, por exemplo, ansiedade muito aflorada, em que o paciente diminui o grau de atenção nas tarefas, o que determina a dificuldade para lembrar.

Com idade inferior a 60 anos, uma causa do esquecimento são doenças da tireóide, que diminuem o metabolismo, fazendo com que a pessoa tenha dificuldade de atenção e memória. "Nas doenças neurodegenerativas, a pessoa que esquece não tem o insight, ela não tem a impressão de que ela está esquecendo. 

Nas doenças neuropsiquiátricas, metabólicas, como a tireóide e deficiência de vitaminas, como B12, B1, também o que é importante para o metabolismo do neurônio, nesses outros casos, as pessoas começam a notar uma dificuldade de lembrar, de atenção, enquanto na doença de Alzheimer ou qualquer outro caso de demência, quem traz a queixa (ao médico) é o familiar, porque para o paciente está tudo bem, como ressalta Antônio de Matos.

Observação

No entanto, hoje em dia, os médicos nem esperam o familiar levar o doente até o consultório, porque quando a família adota esse procedimento já são causas moderadas, ou seja, o paciente não está lembrando e não está conseguindo resolver a vida dele. Então, o ideal é ele procurar o neurologista no caso dos esquecimentos leves mesmo, ou até mesmo aquela impressão indireta de que está esquecido. Não chega a acontecer nada, mas ele tem aquela impressão de que está esquecido. Essa é o melhor momento para atuar, porque, então, são investigados outros aspectos, como uma situação de ansiedade e outros.

"O ideal é a pessoa notar essa dificuldade, e ao verificar isso, deve procurar um médico, que vai avaliar e orientar, porque nem sempre é remédio que o paciente precisa", pontua Antônio de Matos. A situação pode estar relacionada à falta de qualidade de vida ou ao sono. "A pessoa dorme mal, ronca muito, acorda várias vezes à noite, não tem como ter uma memóra boa", assinala.

Mas, como ajudar uma pessoa com Alzheimer? Por primeiro, é fazer com que a pessoa possa dar um fluxo naquele sintoma, porque é muito comum a pessoa querer deixar por menos ou o paciente não querer marcar consulta ou aquilo não incomodar o  paciente. Então, a pessoa acaba meio que deixando de lado, e isso é péssimo, como enfatiza Antônio de Matos. Isso porque alguns fatores tratados poderiam ser manejados. Outro ponto é que sempre que essa pessoa levantar essa queixa de esquecimento ou desatenção ou de ficar repetitivo, deve-se levar a um neurologista. "Algo muito importante no nosso dia a dia é a prática de atividades físicas e alimentação regular, isso, independente da causa do esquecimento, vai fazer com que a pessoa passe por isso da melhor forma possível, inclusive, com o atraso no desenvolvimento de Alzheimer", explica Matos.

Quem pratica exercícios, fala mais de um idioma, estimula o cérebro, alimenta-se bem, tem chances bem menores de ter Alzheimer, e, caso tenha essa enfermidade, a progressão é muito mais lenta. Mas, como estimular o cérebro? A chamada reabilitação cognitiva que pode ser feita por profissionais, como psicólogos, neuropsicólogos e terapeutas ocupacionais em clínicas. Mas as pesoas também pode atuar em casa, de algum modo fazer atividades que estimulem o cérebro. Para pessoas com dificuldade espacial de orientação, então, pode ser adotado o quebra-cabeça, problemas de lógica, caça-palavras.

"Praticar um idioma é muito importante, porque tem efeito protetor contra a demência, que abrange as fases avançadas das alterações da memória, da atenção que comprometem a qualidade de vida do indivíduo. Caso a pessoa goste, ler livros também ajuda bastante a, digamos, manter a cabeça forte, e ter interações sociais", destaca Antônio de Matos. Ficar isolado facilita o avanço da doença e retarda o diagnóstico. Existem pesquisas com anticorpos que visam tardar a doença de Alzheimer. A prevenção à doença mostra-se fundamental, até porque de três a quatro pessoas que cuidam de uma pessoa com Alzheimer enfrentam um estresse significativo.


Confira aspectos e dicas de como lidar com o Alzheimer:

- O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que afetas as células do cérebro, chamados neurônios, principalmente, os neurônios relacionados à memória. 

- Em geral, manifesta-se com pequenos esquecimentos, e, depois, com a dificuldade em articular palavras, problemas na execução de atividades do dia a dia e evolui para alterações de comportamento.

- A degeneração do cérebro começa, em média, aos 50 anos; casos de Alzheimer precoce, antes dos 60 anos, têm maior ligação genética; acima dos 80 anos, têm como causa principal a própria idade.

- Para evitar que o cérebro se ‘aposente’, pode-se: praticar atividade física; estimular a leitura; jogos como sudoku, palavras cruzadas; socializar. 

- O diagnóstico precoce é o melhor aliado para prolongar a qualidade de vida do paciente.

- A família precisa ter informação, ler muito a respeito, pois os cuidados são intensos.

- O tratamento precisa ser individualizado e a família precisa ser paciente, entender que o comportamento da pessoa com Alzheimer independe da vontade dela.

- Quem cuida precisa estar bem, pois o desgaste é grande. 

Fatores de risco:

- A idade é o mais reconhecido fator de risco.

- Alzheimer afeta mais a mulher do que o homem.

- Estilo de vida: hábitos como beber em excesso, fumar, dieta rica em gordura, estresse, sedentarismo podem ser ruins para a saúde em geral, especialmente a do cérebro.

 

 

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