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Agricultores familiares se reinventam com vendas online para enfrentar a pandemia, em Marabá

As pesquisadoras Janaira Almeida Santos e Julyana Carvalho Kluck Silva realizaram um estudo com feirantes e famílias que fazem parte do Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Porto Seguro

Fabyo Cruz

Durante a pandemia da covid-19, trabalhadores da agricultura familiar, em Marabá, no sudeste do Pará, precisaram se reinventar para driblar os impactos provocados pela doença. Esse processo de readaptação, analisado pelas pesquisadoras Janaira Almeida Santos e Julyana Carvalho Kluck Silva, resultou na inserção do comércio virtual e o aumento da produção e cultivo de alimentos.

A crescente preocupação com a preservação do meio ambiente, principalmente se tratando da Amazônia, assim como a insegurança alimentar ocasionada pela degradação das condições essenciais à manutenção da vida, motivaram as pesquisadoras do Mestrado em Ciências Ambientais da Universidade do Estado do Pará (Uepa) a entrevistar feirantes e famílias que fazem parte do Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Porto Seguro, localizado a 22 quilômetros do centro da cidade.

“O contexto socioprodutivo da região também foi fator determinante, uma vez que a agricultura familiar é uma categoria social importante de ser notada devido ao expressivo número de assentamentos rurais que temos no sudeste paraense”, disse a Janaira. Ele contou que os pequenos agricultores exercem um papel fundamental na transição do modelo convencional de produção para o modelo com perspectivas agroecológicas.

A pesquisadora refere-se à agroecologia, considerado um modelo de agricultura que faz uso de técnicas e práticas que respeitam o meio ambiente e as ações coletivas entre os seres humanos. Ela explica que o modelo de produção e cultivo de alimentos pode ser um sistema sustentável que alia benefícios no campo social, ambiental e econômico. Ressaltando também que as práticas agroecológicas se baseiam na valorização dos alimentos nativos e garante a sobrevivência e autonomia de populações tradicionais.

O estudo mostrou que um dos impactos da pandemia sobre a produção, cultivada por aqueles que também trabalham na feira, foi o aumento da produção, porque o fechamento do comércio permitiu que o tempo para se dedicarem ao cultivo e processamento fosse maior. Mas, ao mesmo tempo em que a produção aumentava, a venda diminuía, pois com o início das medidas restritivas ao comércio, não havia como vender, então os agricultores começaram a ter prejuízos. A saída encontrada foi iniciar a comercialização on-line, com entrega programada nas casas dos clientes. Nesse período as pesquisadoras acompanharam participaram da divulgação dos produtos da feira on-line, enquanto a Uepa participou com o fornecimento de máscaras.

“A criação da feira online foi a alternativa que eles encontraram para enfrentar as dificuldades que foram impostas durante o período de isolamento social. Essa foi uma proposta criada e subsidiada pela Comissão Pastoral da Terra e que foi muito bem recebida pelos agricultores e pelos clientes”, disse Janaira.

No âmbito das políticas públicas, a agroecologia se destaca como uma alternativa de combate a fome e desemprego, visto que além de oferecer alimentos diversos, saudáveis e seguros, há também a utilização de práticas que melhoram a eficiência produtiva sem necessidade de grandes investimentos, possibilitando obtenção de renda durante o ano inteiro, por causa da diversidade de recursos que atende tanto às demandas alimentares familiar quanto ao mercado local.

Pará