Gari que percorria diariamente 10 km até a faculdade se forma em Direito
A jornada até o diploma repercutiu na web e emocionou internautas dentro e fora das redes sociais
“Nada é tão nosso como os nossos sonhos”, já dizia o filósofo Nietzsche. Partindo de um sonho, mas com muitas dificuldades, a gari Kelly Cristina da Silva, 25 anos, que trabalha em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá, agora comemora a formatura em Direito.
Sem dinheiro para pagar passagens de ônibus, a jovem conta que caminhava 10 quilômetros todos os dias para ir à faculdade. “Algo que sempre coloquei em mim. O não a gente sempre tem, mas vamos procurar o sim. O conhecimento abre sua mente, muda sua vida e abre portas”, disse.
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Além da pesada rotina da graduação e do trabalho Kelly também é mãe de um bebê de 9 meses. Enquanto estudava, a jovem queria ajudar no sustento da família. Durante o dia, ela trabalhava como gari e à noite, ela cursava o ensino superior. Engana-se quem pensa que ao chegar em casa, a jovem teria descanso.
A recém-formada ainda ia estudar e fazer os trabalhos que os professores pediam. “Quando eu comecei a faculdade, paga com financiamento estudantil, eu queria um trabalho que me desse estabilidade. Quando vi que ia ter concurso para gari, eu fiz a inscrição e, apesar de todo mundo falar que eu não passaria, consegui a classificação”, explica.
Por conta de um acidente de carro, que a deixou com sequelas, Kelly pediu para trabalhar como recepcionista na empresa, o que facilitou um pouco a rotina. “Isso me ajudou muito, porque aí não ficava tão cansada e com tanta dor e conseguia me dedicar mais aos estudos” explicou.
OAB
Com o diploma em mãos, Kelly está se preparando para o exame da OAB e disse que está muito confiante de que vai comemorar também essa aprovação. “Eu fiz a inscrição e tenho fé que vou conseguir. Depois disso, claro que não tenho condições ainda de abrir um escritório, mas vou procurar clientes e, assim que tiver dinheiro, vou construir meu escritório”, prometeu.
(Karoline Caldeira, estagiária sob a supervisão de Ana Carolina Matos, de O Liberal)
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