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Na COP 28, Lula diz que gastos com armas deveriam combater desigualdades e mudanças climáticas

Presidente brasileiro discursou na abertura oficial da COP 28

Ádria Azevedo | Especial para O Liberal

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizou, nesta sexta-feira (1º), um discurso na abertura oficial da 28ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP 28, que acontece em Dubai, nos Emirados Árabes. O tom da fala foi de crítica e denúncia ao não cumprimento de acordos ambientais e aos gastos globais com armamentos. Segundo o governante, estes gastos deveriam ser direcionados para a redução das desigualdades e combate às mudanças climáticas. 

“Somente no ano passado, o mundo gastou mais de 2 trilhões e 224 milhões de dólares em armas, quantias que podiam ser investidas no combate à fome e ao enfrentamento às mudança climáticas. Quantas toneladas de carbono são emitidas pelos mísseis que cruzam os céus e desabam sobre civis inocentes, sobretudo crianças e mulheres famintas?”, questionou Lula.

Desigualdades

O presidente brasileiro afirmou que a agenda ambiental não pode estar dissociada do combate às desigualdades no mundo. “Não é possível enfrentar mudança climática sem combater a desigualdade. Quem passa fome tem sua existência aprisionada no presente e torna-se incapaz de pensar no amanhã. Reduzir as desigualdades socioeconômicas significa construir resiliência frente aos eventos extremos. Significa também ter condições de redirecionar os esforços contra o aquecimento global”, pontuou.

Lula lembrou que a “conta” da mudança climática não é a mesma para todos e que a população mais vulnerável é a mais atingida. “Essa conta chegou primeiro para as populações mais pobres. A população do campo tem suas plantações devastadas pelas secas e já não podem alimentar suas famílias, Moradores das periferias das grande cidades perdem o pouco que têm quando a enchente arrasta tudo, casas, móveis, animais de estimação e seus próprios filhos. A injustiça que penaliza as gerações mais jovens é apenas uma das faces das desigualdades que nos aflige”, lamentou.

O chefe do Executivo brasileiro lembrou os desastres naturais que têm atingido o Brasil. “A Amazônia amarga uma das mais trágicas secas de sua história. No sul, tempestades e ciclones deixam um rastro de destruição e morte”, relatou. "A ciência e a realidade nos mostram que desta vez a conta chegou antes", afirmou.

Críticas

O presidente foi enfático nas críticas ao não cumprimento das metas estabelecidas em acordos ambientais internacionais. “O planeta está farto de acordos climáticos não cumpridos, de metas de redução de carbono negligenciadas, do auxílio financeiro aos países pobres que não chega, de discursos eloquentes e vazios. Precisamos de práticas concretas. Quantos líderes mundiais estão de fato comprometidos em salvar o planeta?”, perguntou. “É lamentável que o Protocolo de Kyoto, de 1997, ou o Arco de Paris, de 2015, não sejam implementados. Governantes não podem se eximir de suas responsabilidades”, cobrou.

Lula também abordou a necessidade urgente de transição energética para fontes renováveis. "É hora de enfrentar o debate sobre o ritmo da descabonização do planeta e trabalhar por uma economia menos dependente de combustíveis fósseis. O mundo já está convencido do potencial das energias renováveis”, destacou. 

De acordo com o governante brasileiro, o Brasil pretende liderar o debate global por meio do exemplo. “Ajustamos nossas metas climáticas, que são hoje mais ambiciosas que as de muitos países desenvolvidos. Reduzimos drasticamente o desmatamento na Amazônia e vamos zerá-lo até 2030”, prometeu.

O Liberal