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VÍDEO: jornalista paraense relata momentos de tensão durante disparo de sirenes em Israel

Jacob Serruya mora com a esposa e o filho na fronteira com o Líbano, distante cerca de 5km do local. Em vídeo divulgado nas redes sociais, ele mostra o desespero da família com a iminência de possíveis ataques aéreos

Camila Azevedo

A escalada do conflito envolvendo Israel e o Hezbollah, grupo paramilitar do Líbano, tem aumentado a tensão no dia a dia de diversas famílias que moram no país judeu, entre elas, a do paraense Jacob Serruya. Na última terça-feira (02), dia em que foi comemorado o ano novo judaico, disparos de sirene anunciaram uma possível ameaça aérea, como mísseis e destroços, e viraram um verdadeiro motivo de preocupação para quem vive na fronteira entre as duas nações. 

O momento foi gravado e publicado nas redes sociais de Jacob nesta quinta-feira (03). No vídeo, uma concentração de pessoas aparece buscando abrigo após o soar das sirenes. Carros são abandonados no meio da rua e é possível escutar choros. Há quase um ano, quando o Hamas deu início a guerra contra Israel, essa é a realidade dos moradores do país. No entanto, há 10 dias, o cenário ganhou novos rumos com a intensificação do conflito israelense e o Hezbollah.


Jacob é jornalista, tem 61 anos e mora com a esposa e o filho desde 2018 na cidade de Nahariya, localizada ao norte de Israel e distante 5 quilômetros do Líbano. Ele é natural de Belém, capital paraense, e conta que estava indo para a casa de amigos comemorar o 5.785º ano novo judeu quando as sirenes tocaram. Eram 19h30 no horário local. “Os ataques estão muito fortes. Hoje [quinta-feira] de manhã, acordei cedo com o barulho de explosão. Não é na minha cidade, mas a gente escuta”, relata.

As visitas a parentes ficaram limitadas: as estradas estão cheias de restos de mísseis e a probabilidade de mais ataques aéreos, segundo Jacob, é grande. “Do último mês para cá, Israel colocou abrigos públicos espalhados na cidade. Estão em pontos estratégicos para que possamos correr e nos abrigar o mais rápido possível. É lei no país, qualquer construção mais recente é obrigada a construir um quarto seguro no apartamento. Israel está atacando para destruir o Hezbollah”, diz.

Rotina

O trabalho de Jacob e da esposa não parou. A diferença, agora, é a preocupação mais frequente. Quanto à escola do filho, as aulas estão sendo de forma remota. “A luta é pela nossa sobrevivência. Quando fomos ao supermercado [no dia do ano novo], minha esposa disse que estava cheio. Achei que fosse pelo ano novo, mas as pessoas já tinham a informação de que iam atacar e estavam guardando as coisas [alimentação]. Depois de 15min, começou a tocar o aplicativo que avisa de onde estão vindo os mísseis”, relembra.

O aplicativo é uma iniciativa governamental para alertar os israelenses sobre os ataques. Jacob conta, ainda, que o hospital em que trabalha está funcionando há 11 meses, desde o início do conflito com o Hamas, de forma subterrânea. “Quando Israel ataca em algum setor, avisa aos civis de bem para saírem. Andamos com remédio e roupa dentro do carro, porque, caso venha algo pior, temos onde dormir. Para nós, o ruim é a mente. A gente fica mentalmente esgotado. É difícil dormir com roupa e, nesses últimos dias, tem sido assim”.

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