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Takanakuy: conheça a celebração peruana de Natal que envolve brigar para ter paz

Festividade que acontece em vários dias no Peru envolve briga, dança e canto

Rafael Lédo

A celebração chamada Takanakuy acontece nas províncias de Chumbivilcas e Antabamba, localizadas próximas de Cusco, que é cidade andina mais perto do Machu Picchu, no Peru. Os peruanos destas localidades celebram o Natal de uma forma diferente, mas com o mesmo objetivo de confraternizar e, principalmente, celebrar a paz, apesar de envolver socos, chutes e tudo mais que envolva luta.

O nome da festividade, Takanakuy, é uma palavra que tem origem no idioma nativo quíchua, que significa "troca mútua de socos". Apesar desta parte um tanto quanto diferente, o festejo conta com outras formas de manifestação cultural, como dança e canto, assim como tem a presença de máscaras coloridas. A celebração reúne pessoas das comunidades que fazem parte das províncias, em que todos se divertem no fim das contas.

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A cultura alheia pode causar estranheza, mas é preciso entender o que envolve a manifestação cultura. No caso do Takanakuy, a violência tem o propósito de "lavar a roupa suja" e descarregar o sentimentos ruins antes de começar o ano novo. Assim, é natural que pessoas conhecidas participem do festival para resolverem as desavenças por meio da briga, mas sem perder a relação. No final da luta, é tradição que os participantes se abracem para que tudo fique resolvido.

Além destes motivos, há outros que envolvem a celebração:

  • Amizade
  • Resolver problemas pessoais ou familiares
  • Solidariedade
  • Esportividade
  • Honra
  • Valentia
  • Talento

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Enquanto em diversas localidades, incluindo o Brasil, as pessoas acabam por resolver seus conflitos de forma agressiva e violenta, os peruanos destas localidades encontraram outra forma de resolver os problemas, enquanto tudo acontece na presença do Menino Jesus, que é vestido com roupas típicas chumbivilcanas.

Muito mais do que apenas brigar, o Takanakuy é uma forma de atingir a paz entre os participantes. Pelo menos é isso que o defensores do festival acredita.

Outros personagens

A festividade envolve diversos personagens folclóricos, como o majeño. Ele representa os habitantes da região do rio Majes, que são conhecidos por trocar aguardente por produtos de Chumbicilcas, já que ficam na província vizinha, Arequipa. A sua máscara tem um chifre, já que as pessoas costumam transportar o álcool por ele para a celebração, pois costumam beber muito na festa.

Outro personagem que sempre marca presença na festividade é qarawatana, que tem um animal morto e dissecado na cabeça. O animal pode aves empalhadas, raposas, e cabras, pois simbolizam força ou sorte. Além deste animais, o visual conta com casacos de couro, semelhante a um membro de gangue. Da mesma forma que os outros personagens, qarawatana tem uma máscara de esqui colorida e personalizada para esconder a pessoa que está vestida dele. Assim, é possível dançar em paz e participar da luta sem que saibam quem está batendo.

Origem do Takanakuy 

Não há uma definição quanto as origens do festival, mas a Universidade Wiener, de Lima, realizou uma pesquisa, em que apontou que é possível que a tradição tenha iniciado no século 19, em fazendas escravocratas da região. Estas fazendas realizam um intenso comércio com a zona de Majes, principalmente para comercializar cañazo, que é uma bebida semelhante à cachaça. Hoje em dia, a aguardente é pouco conhecida no Peru.

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Além disso, a pesquisa aponta que as prática se desenvolveu por conta da falta da presença do Estado, em que a área ficou sendo uma espécie de "terra sem lei", então as brigas se tornaram comuns. Elas passaram a ser incorporadas na tradição pela própria comunidade, em que envolvem até apostas. Assim, participavam pessoas escravizadas e majeños. 


Com o passar do tempo, o Takanakuy chegou às regiões metropolitanas de Lima e Arequipa, além de atingir pessoas não-indígenas de classe média que passaram a entrar nas arenas. Hoje em dia, a festa é popular por todo o Peru, em que é bastante valorizada por adolescentes e crianças. Só que este fato já gerou polêmica no país, quando vídeos de crianças e adolescentes na arenas circularam nas redes sociais.

Além deles, mulheres participam dos confrontos com vestidos coloridos e usam máscaras de Halloween. Mas há quem prefira ir de cara limpa. Com o objetivo de alertar a população, o Ministério da Mulher e Povoações Vulneráveis, emitiu um comunidade para a população no fim do ano lembrando que o Takanakuy pode afetar o desenvolvimento das crianças e adolescentes, afirmando que a luta vai "contra o princípio do interesse superior da criança".

O comunicado falava, ainda, que: "Apesar de o Estado respeitar práticas culturais, estas situações poderiam ter um efeito imediato na vida emocional das crianças, e inclusive pode ser causa de estresse pós-traumático".

Em 2021, durante a pandemia da covid-19, a polícia chegou a acabar com um Takanakuy com 600 participantes, pois eles estariam descumprindo as medidas sanitárias contra a covid-19.

(Escrito por Rafael Lédo, estagiário de Jornalismo, sob supervisão de Vanessa Pinheiro, editora web de Oliberal.com)

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