Sobe para 5 o número de mortos por incêndios nos arredores de Los Angeles
Mortes foram registradas no incêndio Eaton, em Altadena, subúrbio ao norte de LA; autoridades temem que o balanço de mortes continue aumentando
Poderosos incêndios florestais devastam comunidades ao redor de Los Angeles, na costa oeste dos Estados Unidos, deixando ao menos cinco mortos, vários feridos e dezenas de milhares de pessoas evacuadas, informaram as autoridades nesta quarta-feira (8), que temem que o balanço de mortes continue aumentando.
"Hoje cedo, informamos que tivemos duas mortes e, infelizmente, aumentou para cinco, à medida que avançamos por esta área", disse o xerife do condado de Los Angeles, Robert Luna, à estação de rádio KNX. "Estou rezando para que não encontremos mais, mas não acho que será o caso", acrescentou.
As fatalidades foram registradas no incêndio Eaton, em Altadena, subúrbio ao norte de Los Angeles, onde as chamas já consumem mais de 4.280 hectares.
Múltiplos incêndios foram declarados na região, assolada por ventos poderosos, nas últimas 24 horas. O primeiro deles começou na manhã de terça-feira em Pacific Palisades, um subúrbio luxuoso de Los Angeles cobiçado por celebridades e estrelas de Hollywood.
As chamas consumiram mais de mil estruturas e cerca de 6.390 hectares, informaram as autoridades.
Centenas de bombeiros lutam no ar e no solo contra as chamas descontroladas, intensificadas por fortes rajadas de vento que se agravaram durante a noite no sul da Califórnia.
Outros dois incêndios eclodiram ao redor de Los Angeles, colocando outras milhares de pessoas sob ordens de evacuação. "Juntos, esses incêndios estão levando os serviços de emergência ao limite", disse Kristin Cowley, do departamento de bombeiros da cidade.
Cowley detalhou que há vários civis feridos, bem como efetivos dos bombeiros.
Mais de um milhão e meio de pessoas estão sem energia elétrica no sul da Califórnia, o que dificulta a comunicação. A cidade amanheceu com aspecto apocalíptico, coberta por nuvens cinzas e alaranjadas, além de árvores caídas e várias de suas palmeiras características quebradas devido à força dos ventos.
A força dos incêndios que avançam simultaneamente desafia até mesmo as reservas de água da cidade. Muitos hidrantes secaram durante o enfrentamento das chamas, e o Serviço de Água e Eletricidade de Los Angeles pediu aos cidadãos que economizassem o recurso.
- 'Modo pânico' -
O avanço do fogo provocou cenas de pânico em várias comunidades da costa californiana.
"Quando vi o brilho do fogo proveniente da montanha, fui embora", disse Sarahlee Stevens-Shippen, uma encanadora aposentada, em Santa Mónica, de onde via Pacific Palisades sendo queimar.
"Foi um choque que ainda não assimilamos, mas estamos em modo de sobrevivência, assim que estamos pegando o necessário e saindo daqui", comentou à AFP.
"Você tem que se preocupar com as cinzas em seus pulmões. Você precisa se preocupar por sua vida com estas rajadas de 80 a 100 milhas por hora [128 a 160 km/h]", acrescentou. "Entramos no modo pânico."
Várias escolas foram fechadas e importantes vias da cidade estão bloqueadas.
Algumas árvores do Getty Villa, um dos maiores centros de arte do mundo, pegaram fogo devido à proximidade das chamas. No entanto, a instituição "permanecerá segura e intacta", de acordo com um comunicado emitido na manhã desta quarta-feira.
- 'Extremamente críticas' -
Os incêndios começaram em um ambiente de baixa umidade e justo quando os chamados ventos de Santa Ana, característicos nesta temporada do ano na Califórnia, avançam com força na região.
"As aeronaves continuarão com o lançamento de água na área identificada hoje quando o clima permitir", disse Crowley.
As autoridades advertiram que a situação está longe de melhorar.
Os ventos sopram com força na região e atingem entre 70 e 145 quilômetros por hora.
"Condições climáticas perigosas avançam no sul da Califórnia, com as mais extremas previstas para esta manhã", escreveu o Serviço Nacional de Meteorologia.
Os incêndios são frequentes no oeste dos Estados Unidos e desempenham um papel importante no ciclo da natureza.
Contudo, a alteração dos padrões climáticos devido à mudança climática causada pela ação humana derivou em condições extremas elevando a intensidade deste tipo de incidente.
A Califórnia vem de dois invernos consideravelmente úmidos, o que favoreceu o crescimento da vegetação, que serve de combustível para os incêndios.
Já este inverno tem estado seco.
O meteorologista Daniel Swain explicou que, embora os ventos tenham alcançado uma magnitude muito poderosa, "o que é sem precedentes é a seca".
"A falta de chuva, o calor anômalo e a seca que vimos nos últimos seis meses é algo que não temos registrado desde os anos de 1800", comentou.
Devido à situação dramática enfrentada pela Califórnia, estados vizinhos enviaram reforços para combater o fogo, e o governo federal aprovou recursos.
Mas os cientistas alertam que a mudança climática, causada pela ação humana, altera os padrões e cria climas extremos, com secas mais prolongadas e intensas, e incêndios mais vorazes, e que se propagam mais rapidamente.
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