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Sírio que vive no Pará comemora fim do regime de Bashar Al-Assad no país

Proprietário de um dos lanches árabes mais famosos da capital paraense, ele diz que a queda do governo ditador representa a liberdade do povo sírio

Elisa Vaz

A queda do regime de Bashar Al-Assad na Síria, após 13 anos de guerra civil e 50 anos de ditadura, trouxe esperança para o povo do país, que tem ido às ruas desde o final de semana para comemorar. No Pará há quase três décadas, o sírio Adel Najar, de 55 anos, contou à reportagem que, desde sábado, ninguém dorme em sua família; todos estão comemorando o fim do regime ditador e a liberdade do povo sírio.

Ele veio morar no Brasil 27 anos atrás, justamente por causa da situação que seu país de origem vive há décadas. “A imagem do Brasil lá fora é muito boa, falam muito coisas boas. Eu tinha amigos aqui que me chamaram e vim antes. Quando começou a guerra, em 2011, meu irmão estava correndo perigo e eu trouxe ele, em 2012. Minha família ainda está lá, estou com a minha esposa e meu irmão em Belém”, relatou.

Segundo Adel, que é proprietário de um dos lanches árabes mais famosos da capital paraense, a queda do governo de Al-Assad é motivo para comemorações. “Graças a Deus, a gente se livrou dele. Desde sábado, a gente não está dormindo, estamos muito felizes, porque a situação durava mais de 55 anos, com um ditador militar, ninguém tinha direito de falar, de trabalhar, de reclamar. Agora vai melhorar, não tem como ser pior do que estava. Vai ter votação, liberdade”, comemora.

Situação incerta

Apesar das comemorações, o futuro da Síria é de incertezas, assim como do Oriente Médio como um todo, segundo o professor de relações internacionais João Cauby. Nessa região, diz ele, não se vislumbra a paz. Um governo democrático na Síria, de acordo com ele, ainda é improvável, apesar da queda do regime ditatorial de Bashar Al-Assad.

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“A guerra civil na Síria também foi motivada pelo regime deposto sírio ter sufocado manifestações que pediam democracia no país. Mas, ela ainda é uma realidade distante. Apesar de tentar passar a imagem de moderação, os grupos rebeldes agora no poder buscam implantar um governo islâmico, onde não há a separação entre Estado e religião, ou seja, um Estado religioso, onde deve haver pouca liberdade de pensamento e de expressão, fundamental em um regime democrático”, aponta o estudioso.

Cauby ainda diz que, mesmo com a euforia da população, o cenário também é de preocupações com o que virá pela frente. Durante o regime ditatorial, muitos presos políticos foram torturados, direitos humanos violados e milhares de sírios buscaram refúgio em outros países. A situação humanitária, portanto, era precária.

“Há um sentimento de que o pior já passou, mas, por outro lado, há uma apreensão de como os grupos rebeldes vão governar o país, considerando a ligação anterior deles com a Al-Qaeda, um grupo terrorista marcado pela brutalidade de suas ações”, alerta o professor. Por isso, ele acredita que os conflitos podem perdurar, na medida em que grupos militares e grupos de interesse vão buscar agora o que mais contempla seus objetivos, sejam eles bélicos, religiosos ou econômicos.

Mesmo com uma possível retomada democrática na Síria, após a queda do regime ditador, Adel e sua família não pretendem retornar ao país. “Para você ter uma ideia, eu nunca votei lá. O país vendeu a gente faz tempo, e o Brasil comprou. Nosso país agora é o Brasil. A gente volta lá para visitar, mas aqui a gente encontrou liberdade e segurança, a gente tem valor, palavra, democracia, já votamos aqui. Só espero que melhore para lá porque tem a nossa família e é também o nosso país”.

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