Você provaria? 'Queijo' mais antigo do mundo é encontrado em múmias da China

Análise de DNA de material retirado de três tumbas na China confirmaram a origem

Gabriel Bentes
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Cadáveres conservados de moradores do deserto da Idade do Bronze - época entre os fins do III e meados do I milénios antes de Cristo -, foram desenterrados de tumbas no noroeste da China e encontrados com algo semelhante a "queijo" em volta de suas cabeças e pescoços - possivelmente como um lanche para a vida após a morte.

Uma década após a descoberta desses laticínios, preservados de maneira surpreendente pelas condições áridas do deserto de Taklamakan, cientistas conseguiram extrair e sequenciar o DNA do queijo kefir - um substituto saudável do queijo cremoso moderno - de 3.600 anos, o mais antigo já documentado na arqueologia.

A análise possibilitou entender como era a produção de queijo pelo povo Xiaohe, demonstrando o uso de micróbios para aprimoramento de seus alimentos e como tais organismos são capazes de ajudar no rastreio das influências culturais ao longo do tempo.

"Itens alimentares como queijo são extremamente difíceis de preservar ao longo de milhares de anos, tornando esta uma oportunidade rara e valiosa", disse o pesquisador Qiaomei Fu. "Estudar o queijo antigo em detalhes pode nos ajudar a entender melhor a dieta e a cultura de nossos ancestrais", acrescentou ele.

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Embora não tenha participado do estudo, Christina Warinner, Professora Associada de Ciências Sociais e Antropologia na Universidade de Harvard, disse que as descobertas possibilitam uma nova direção sobre estudos de DNA antigo, com um tipo de pesquisa que era impensável até mesmo há uma década. 

“Hoje, alimentos fermentados são predominantemente produzidos utilizando apenas um punhado de cepas comerciais de bactérias e leveduras, na maioria cultivadas em laboratório”, disse a professora.

Outra descoberta

A equipe também encontrou bactérias fúngicas semelhantes às do kefir moderno, o que possibilitou rastrear sua linhagem. Em especial, a bactéria Lactobacillus, que hoje é utilizada na produção de queijo, parece ter se originado na China e na Rússia.

Crenças anteriores acreditavam que a cepa era exclusiva das montanhas do Cáucaso, na Rússia. A pesquisa também mostrou que a bactéria pode ter levado à estabilização da genética e potencializado a fermentação do leite ao longo do tempo.

"Este é um estudo sem precedentes, permitindo-nos observar como uma bactéria evoluiu ao longo dos últimos 3.000 anos. Além disso, ao examinar produtos lácteos, obtivemos uma imagem mais clara da vida humana antiga e suas interações com o mundo", declarou Fu. "Este é apenas o começo e, com esta tecnologia, esperamos explorar outros artefatos até então desconhecidos", completou o pesquisador Qiaomei Fu.

(*Gabriel Bentes, estagiário de Jornalismo, sob supervisão de Enderson Oliveira, editor web de oliberal.com)

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