Presidente da Coreia do Sul evita impeachment após boicote de deputados governistas
A ausência de parlamentares aliados impediu quórum necessário para aprovação do processo de destituição.
O presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, escapou de um processo de impeachment neste sábado (7) graças ao boicote de deputados de seu partido à votação. A moção de destituição, apresentada pela oposição após a imposição controversa de uma lei marcial, precisava de 200 votos dos 300 parlamentares da Assembleia Nacional. No entanto, apenas 195 deputados compareceram, inviabilizando a aprovação. (Com informações do G1)
"Declaro que a votação sobre o tema não é válida", anunciou Woo Won-shik, presidente da Assembleia Nacional.
No mesmo dia, Yoon pediu desculpas publicamente por ter decretado a lei marcial na última terça-feira (3), a primeira desde a democratização do país em 1987. Ele explicou que a decisão foi tomada com urgência para proteger a Coreia do Sul, mas reconheceu o impacto negativo da medida.
"Provoquei ansiedade e inconveniência à população. Peço desculpas sinceras aos cidadãos que se sentiram angustiados", declarou em discurso televisionado. Apesar das críticas e dos pedidos de renúncia por parte da oposição e manifestantes, Yoon descartou deixar o cargo e afirmou que a estabilização política será conduzida pelo seu partido.
A controvérsia da lei marcial
A medida adotada por Yoon substituiu a legislação civil por leis militares, fechou a Assembleia Nacional e colocou setores como a imprensa sob controle estatal. A justificativa do presidente foi a necessidade de combater supostas infiltrações de aliados da Coreia do Norte no país.
A decisão surpreendeu o país, provocou reações negativas e levou milhares de sul-coreanos às ruas. Pressionado, Yoon revogou a ordem na madrugada de quarta-feira (4) após intensa mobilização da oposição, que votou contra o decreto.
Crise política em intensificação
A crise política na Coreia do Sul ganhou força em abril, quando o Partido Democrata, opositor ao governo de Yoon, ampliou sua maioria parlamentar ao conquistar mais de 170 cadeiras na Assembleia Nacional. Desde então, a oposição tem aprovado medidas contrárias ao governo, como investigações sobre a primeira-dama e cortes de orçamento que somam o equivalente a R$ 17 bilhões.
Em resposta, o gabinete presidencial tem vetado diversas iniciativas, e Yoon chegou a descrever os opositores como "forças pró-Coreia do Norte" que estariam comprometendo a liberdade dos sul-coreanos.
A imposição da lei marcial revelou a fragilidade política de Yoon, cuja popularidade está em baixa, e aprofundou o embate entre o governo e a oposição, agravando a instabilidade no cenário político do país.